Pandemia acabou? Especialista alerta que não é bem assim

Na região, os números oscilam e recentemente o uso de máscaras foi flexibilizado em transportes coletivos

Por: Gabriel Fomm e Sandro Thadeu  -  20/09/22  -  19:10
Atualizado em 20/09/22 - 22:48
A covid-19 já matou 8.378 pessoas na Baixada Santista
A covid-19 já matou 8.378 pessoas na Baixada Santista   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O isolamento social foi flexibilizado até se extinguir; o lockdown, revogado; os estabelecimentos voltaram a abrir; o uso de máscaras deixou de ser obrigatório na maioria dos ambientes e, na região, 87,4% da população já completaram o esquema de vacinação primário (primeira e segunda doses ou dose única). Mas isso significa que acabou a pandemia?



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Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden chegou a afirmar no domingo que a pandemia teria terminado. Ele disse que ninguém está usando máscaras e todo mundo parece em boa forma. A fala ganhou repercussão mundial.


A vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a epidemiologista Lígia Kerr, acredita que o discurso de Biden foi arriscado. “Há uma contradição na afirmação dele. Se a covid-19 é uma pandemia, pode um país, com as dimensões da população dos EUA, declarar unilateralmente que a pandemia acabou?”


Para ela, houve precipitação na fala. “Vivemos em um mundo globalizado, onde o vírus circula a uma velocidade incrível entre os países. Recentemente, vimos os números crescerem significativamente no Japão, Hong Kong e Taiwan”.


Histórico


Há dois anos, no dia 26 de fevereiro de 2020, foi confirmado o primeiro caso no Brasil. Pouco menos de um mês depois, no dia 23 de março, os primeiros quatro casos da Baixada Santista foram confirmados. Hoje, há registro de 258.473 confirmações na região e 8.378 mortos. “Ainda não acredito que a Organização Mundial de Saúde (OMS) vai anunciar o final da pandemia. É necessário aguardar mais tempo para se ter certeza de que não haverá aumentos significativos”.


Recentemente, o uso de máscaras deixou de ser obrigatório em transportes coletivos no Estado de São Paulo. Agora, apenas locais destinados à prestação de serviços de saúde, públicos e privados, mantêm a necessidade do uso da proteção.


“Temos uma situação melhor do que a dos EUA, pois atingimos níveis mais elevados de vacinação. Apesar da Ômicron ter afetado a capacidade da vacina de nos proteger da infecção, e mesmo reduzir um pouco a proteção para internação e óbitos, a vacinação tem nos protegido dos quadros mais sérios”, diz.


Esforço


Para Lígia, se houvesse esforço mundial maior de vacinar todos e usar máscaras, não teríamos tido essa quantidade de variantes graves que mataram milhares de pessoas, inclusive a Ômicron, tida por muitos como uma variante “leve”.


“Muita gente parou o ciclo na segunda dose e não tomou nenhum dos reforços. A capacidade de proteção da vacina está associada aos níveis de anticorpos produzidos pelos reforços, pois ele tende a cair em torno de quatro meses”, observa.


As consequências de todas essas medidas, que segundo a profissional foram precipitadas, serão vistas a longo prazo. “Retirar as máscaras e colocar as fichas na vacina permitiu, devido à Ômicron, a multiplicação de milhões de vezes do vírus. Inúmeras pessoas tiveram a reinfecção duas, três e até mais vezes”.


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