Grávidas da Baixada Santista devem ter atenção com avanço da chikungunya: 'Pode comprometer o bebê'

Além da covid-19, doenças causadas pelo Aedes aegypti têm crescido; médico explica como lidar com os dois casos

Por: Jean Marcel  -  27/07/21  -  12:07
Atualizado em 27/07/21 - 12:18
 Aline dos Santos e Janice Ferreira Basílio tiveram doenças na gravidez
Aline dos Santos e Janice Ferreira Basílio tiveram doenças na gravidez   Foto: Arquivo Pessoal

A Baixada Santista tem sofrido, além da pandemia, com o surto de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, especialmente a Dengue e a Chikungunya. O Instituto Adolfo Lutz, para onde os testes de toda a região são enviados, já realizou 18,2 mil exames para Chikungunya entre janeiro e junho deste ano. Para as grávidas, o alto índice de contágio para essas doenças deve ser observado, e os cuidados redobrados.


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"Estou com 37 semanas de gravidez, há cerca de 2 meses comecei a sentir os primeiros sintomas da chikungunya. Fiquei de cama uma semana, com muita dor de cabeça, nas articulações e fadiga. Tive que aliviar com paracetamol e um remédio para as articulações que só pude tomar por uns dias. Hoje continuo ainda tendo dores, especialmente quando acordo", conta Aline dos Santos, 33 anos, moradora de Praia Grande.


A recomendação para a jovem foi de beber muito líquido e permanecer em repouso. "Os sintomas de chikungunya podem levar meses para passarem, realmente", diz o médico José Carlos Gaspar Júnior.


Gaspar é Ginecologista e Obstetra, especialista em Medicina Fetal e Reprodução Humana, formado há 30 anos. "A chikungunya na gravidez é perigosa, o vírus pode comprometer o bebê e levar a uma malformação, se for no primeiro trimestre. A Dengue precisa de cuidados também, mas não causa esse tipo de dano no feto. É muito raro", explica.


Em casos de contaminação por uma dessas doenças, o médico diz que é esencial que o obstetra faça o diagnóstico precoce e acompanhe o caso, se necessário até em conjunto com um infectologista.


Covid


Janice Ferreira Basílio tem 37 anos, é empresária, e mora em São Vicente. Ela soube da gravidez no dia 4 de janeiro de 2021, e no dia 9 começou a sentir os sintomas de Covid-19. "Perdi o olfato, o paladar, não tinha forças para andar e passei uns 10 dias bem difíceis em casa. Por conta da gravidez, minha médica só receitou o parecetamol", conta.


A empresária não teve comprometimento dos pulmões, mas o cansaço a acompanhou por cerca de 4 meses. "Em maio comecei a ficar ruim de novo, vomitei, tinha dores no corpo todo e estava me sentindo muito fraca. Tive febre e mal conseguia me mexer. O resultado saiu 10 dias depois, quando foi constatada Chikungunya", disse.


Após vários exames laboratoriais e de imagem, a obstetra de Janice concluiu que não houve comprometimento para o feto ou para a gravidez. "Mas as dores são quase insuportáveis, mesmo com medicação à base de corticoide. O que me ajudou muito foi recomeçar a nadar. Aí pude retomar devagar a rotina de trabalho e cuidar de minha família", relata a empresária, que em poucas semanas terá a pequena Manuela nos braços.


Segundo Gaspar, é muito importante a gestante estar atenta para identificar de forma precoce se ela contraiu, especialmente Covid, para um trabalho preventivo para ela e o feto. Ele alerta para o cuidado de manter o isolamento, especialmente com as pessoas com as quais ela convive, para evitar até possíveis recontágios. "Se houver uma suspeita de contaminação já é importante manter o isolamento da pessoa até se ter o resultado em mãos", explica o especialista.


Parto e Covid


Em relação aos cuidados na hora do parto, é possivel que ele tenha que ocorrer com a grávida contaminada por Covid. "Atualmente entramos com medicamentos para evitar trombose, tanto na mãe quanto na placenta, o que levaria o bebê a óbito. São feitos, também, exames para verificar a coagulação e fazemos monitoramento mais detalhado", explica Gaspar.


"Os profissionais de saúde que estarão em contato com a mãe contaminada têm que ter um cuidado maior também, para evitarem o contágio. Para minimizar o risco, está sendo permitido apenas um acompanhante, as visitas após o parto também são limitadas", completa o médico.


Imunização


De acordo com Gaspar, no começo da pandemia algumas maternidades exigiam exames de Covid da esposa e marido. "Hoje está mais flexível essa questão, por conta da imunização", explica. O médico ainda aconselha, apesar da campanha de vacinação e de os índices mais baixos na região, que a grávida faça uma escolha que minimize os riscos. "É melhor maternidades que sejam apenas maternidades, e não que tenham hospital geral também", diz.


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