Junho Verde: é o mês da conscientização contra a escoliose. A data foi determinada pela sociedade de estudos norte-americana Scoliosis Research Society (Sociedade de Pesquisa de Escoliose), fundada em 1966.
O médico ortopedista Alberto Gotfryd é especialista em coluna vertebral e explica quais são os tipos de escolioses, causas e possíveis tratamentos.
A escoliose é um desvio na coluna quando observada de frente e de costas, posições nas quais tem de ser reta. “É importante entender isso para não causar confusão com lordose e cifose, que são desvios naturais que todo mundo tem. Quando a pessoa é vista de lado, é normal ter essas duas, mas não é normal ter escoliose”, ressalva.
Uma causa comum é a genética: na escoliose idiopática, de nascença, o paciente tem desenvolvimento sem má-formação na coluna, mas, na fase de crescimento, ela pode entortar.
Existe, também, a escoliose congênita, em que a vértebra fica mal formada ainda no começo da gestação. Também há as escolioses relacionadas a doenças neuromusculares, como a paralisia cerebral. “Existe também a escoliose do envelhecimento, em que o adulto sofre desgaste da coluna vertebral, causando deformidade por discrepância do tamanho de membro. Por exemplo, uma perna maior que a outra.”
Tratamento
Segundo o médico, o tratamento da escoliose depende do grau da curva da coluna vertebral, o quanto está deformada e do potencial de crescimento da criança — neste caso, quando descoberta na infância.
Em consultas, o médico especialista faz exame físico, pede radiografias panorâmicas e mede as curvas. “Fazendo traços aritméticos nas curvas, se leva a um valor em graus. Esse valor em graus é o que determina o tipo de tratamento que vai ser escolhido.”
No caso de curvas mais leves, o tratamento pode ser a observação, sem nenhuma repercussão em quem não tem mais crescimento ósseo, como pacientes no final da adolescência ou adultos. Curvas mais leves são tratáveis com fisioterapia específica.
Em crianças, o uso de colete pode ajudar a controlar a curva. Nos casos mais graves, a cirurgia é a opção sugerida.
“A escoliose, quando não tratada e progressiva, além de deformar cada vez mais a coluna e gerar problemas estéticos, psicológicos e dor crônica, pode também afetar a questão pulmonar, levando à falta de ar, mesmo nos pequenos esforços. A cirurgia corrige a curva, reduz a deformidade e faz com que a coluna fique estabilizada”, explica Alberto Gotfryd. Não há prevenção.
Recado aos pais
O médico deixa um recado para pais de crianças e ensina formas de diagnosticar a escoliose ainda na infância.
“Olhem os seus filhos de costas, sem roupa, à procura de sinais que possam ser indicativos de escoliose no começo. Existem três sinais muito importantes: o desalinhamento da altura dos ombros — um ombro pode ficar mais alto que o outro; a cintura ficar assimétrica, mais deslocada para um lado do que para o outro; e, ao inclinar a criança para a frente, pode aparecer um caroço nas costas, que é a giba torácica, o que também é um sinal de escoliose”. Ele alerta: se houver a suspeita de um desses sinais, é necessário buscar a avaliação de um médico ortopedista especialista em coluna. O tratamento no início da vida é mais fácil e eficaz.