Conexão Portugal: país ensaia revolta dos “coletes amarelos”

Nesta edição da coluna, Luiz Plácido fala sobre o protesto contra o preço dos combustíveis que pode chegar em Portugal

Por: Luiz Plácido - De Coimbra  -  13/12/18  -  19:40
  Foto: AFP

O resultado do grande protesto intitulado como a “Revolta dos Coletes Amarelos” na França, que foi desencadeado por uma alta no valor do preço dos combustíveis e terminou com um aumento de € 100 euros no ordenado mínimo francês, anunciado esta semana pelo presidente Emmanuel Macron e que vale já à partir de Janeiro de 2019, não passou alheio aos olhos dos portugueses, que começam a ensaiar uma revolta parecida.


O primeiro passo foi a criação de um evento no Facebook, convocando para um protesto agendado para as 7 horas do dia 21 de dezembro em todo o país. Ele se chama “Vamos Parar Portugal Como Forma de Protesto”. O que no começo foi acusado de ser uma manifestação organizada por partidos de extrema-direita, terminou com uma adesão de 10 mil perfis a confirmarem presença e mais de 36 mil a indicar que “têm interesse” em participar da manifestação.


Em vídeo publicado na página do evento por um dos organizadores, é salientado que a paralisação não tem nenhum viés ou aliança política, e que tem a intenção apenas de chamar a atenção dos governantes para a atual situação do país e insatisfação da população sem o uso da violência. O evento foi criado por cinco amigos da localidade de Bombarral, na cidade de Leiria. A polícia e a grande mídia do país estão atentas aos passos do movimento.


Vale lembrar que a revolta em França foi organizada por um português, Leandro Antônio Nogueira, pedreiro de profissão e natural da cidade de Póvoa de Varzim, no Norte de Portugal. Foi ele quem deu os primeiros passos do motim. Através da criação de um grupo no Facebook com o título: “Está farto? É agora! Raiva+dept”, o emigrante luso interpelava os membros das redes sociais a protestar pacificamente contras as autoridades, bloqueando as estradas. E foi dessa forma que começaram a surgir outros agentes de protesto, também apelidados de “grupos de raiva”, que foram se multiplicando.


Atualmente com quase 69 mil membros na página principal e tanto outros milhares em outras centenas de grupos, a matriz sustenta uma mensagem bem pacífica: "Ce groupe a pour vocation de créer un blocage et montrer norte mécontentement au gouvernement et politiques de tous bords! Sans violence, sans haine et avec respect de chacun. Soyons solidaires!” (Este grupo pretende manifestar o seu descontentamento perante os governantes e as suas políticas.


Sem violência, sem ódio e respeitando cada um. Sejam solidários). Uma das características dos Coletes Amarelos é a não existência de um líder, existindo vários grupos de protesto (grupos de raiva) espalhados por todo território francês.


O colete amarelo, ou colete de sinalização, é um item de segurança obrigatório em todos os veículos da União Europeia. Se o seu carro quebrar na estrada, a utilização do mesmo é obrigatória. E só o motorista da viatura deve vestir. Os demais passageiros devem sair do veículo e esperar em local seguro pela chegada dos meios de socorro.


A não utilização do colete remete a uma multa de € 60, caso o condutor não tenha o colete no carro, e de € 120 no caso de o condutor possuir o colete no veículo e não utiliza-lo em caso de emergência mecânica. O fato de todo motorista ter um colete à disposição no interior de seu automóvel e de o começo de toda a revolta ter sido nas estradas é que levou os coletes amarelos a serem incorporados aos protestos franceses.


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