'O Santos precisa ganhar. Do contrário, não será o clube que conheci a distância', diz Velázquez

De férias no Uruguai, o zagueiro atendeu A Tribuna e falou sobre os primeiros meses no Brasil

Por: Bruno Lima  -  01/01/22  -  06:40
Experiente, o uruguaio sonha em disputar e ganhar um competição sul-americano no Peixe
Experiente, o uruguaio sonha em disputar e ganhar um competição sul-americano no Peixe   Foto: Ivan Storti/Santos FC

Contratado em agosto do ano passado após o fim do seu vínculo com o Rayo Vallecano, da Espanha, o uruguaio Emiliano Velázquez precisou de poucos jogos para agradar a torcida do Santos. Experiente, o zagueiro contribuiu para evitar o primeiro rebaixamento do Peixe no Campeonato Brasileiro. Isso, no entanto, é passado. Em entrevista para A Tribuna direto de Montevidéu, o jogador fala sobre as primeiras impressões do futebol brasileiro, aponta semelhanças entre Kaiky e Marquinhos, da Seleção Brasileira, e revela um pedido feito a Edu Dracena, executivo de futebol do clube, antes de sair de férias.


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Você chegou ao Brasil depois de um longo período atuando na Europa. Foram anos defendendo clubes da Espanha e Portugal. Diante disso, qual foi a principal diferença que encontrou ao chegar aqui?


A gente sempre fala que o futebol na Europa é melhor, mas a verdade é que não tem muita diferença. O futebol brasileiro tem dinâmica, está muito bom. Senti um pouco em relação aos gramados. Aqui os campos são muito distintos, enquanto na Espanha existe um padrão. Tecnicamente não vi muita diferença.


Então você crê que mesmo enfrentando potências como Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid dá para dizer que o nível no Brasil é semelhante?


Esses três clubes estão há muitos anos atuando no mais alto nível da Europa. No Brasil existe um nível muito alto, mas fora, falando sobre o nosso continente, não existe. E vimos isso nas finais da Libertadores e da Sul-Americana, só tivemos times brasileiros.


E o que achou do futebol brasileiro nesse seu início pelo Santos?


Os meus dois primeiros jogos foram contra Cuiabá, Ceará, que são times muito fortes fisicamente. Depois vieram os confrontos contra Palmeiras, Atlético-MG e Flamengo, e aí foi possível notar uma diferença. Esses são times de muito mais qualidade e não tanto de força. Antes de atuar no Santos, tinha a impressão de que o futebol no Brasil era apenas samba e alegria. Mas me enganei (risos).


Foi fácil se adaptar ao time do Santos?


Foi fácil porque a equipe estava muito mal, mas com o pouco que fiz no meu início os companheiros passaram a confiar em mim.


Na reta final você sofreu uma lesão muscular. Como está a recuperação?


Lesão muscular na coxa acontece sempre. Porém, nos últimos jogos do Brasileiro já estava começando a treinar com a equipe. Nas férias vim para o Uruguai, mas tenho trabalhado todos os dias, fazendo fisioterapia e atividades físicas. Vou chegar para o primeiro dia de trabalho pronto e à disposição do treinador.


Velázquez diz que não viu tanta diferença técnica entre o futebol brasileiro e espanhol
Velázquez diz que não viu tanta diferença técnica entre o futebol brasileiro e espanhol   Foto: Ivan Storti/Santos FC

Nesse início no Santos você viu o Fábio Carille escalar três zagueiros. Esse é um esquema que agrada você?


O problema é que participei de muitos jogos com três zagueiros e só um com dois defensores centrais. E justamente nesse único acabamos derrotados. Isso deixou uma impressão de que nos saímos melhor com três zagueiros, mas não acredito que seja isso. Agora com um período para treinar, com mudanças, pois vão chegar novos jogadores, e sem aquela pressão de jogarmos para não sermos rebaixados, vamos poder ajustar uma linha de quatro na defesa para deixarmos mais gente na frente e fazemos mais gols.


Você atuou e treinou ao lado do Kaiky, que é uma joia do Santos. Você, com a experiência no futebol europeu, faz qual avaliação sobre o futuro dele?


Ele tem muita qualidade, é muito aguerrido, tem força e raça. Ele tem tudo para brilhar. Quando vejo ele jogar lembro do Marquinhos, do PSG. Eles têm a mesma estatura, são bons no jogo aéreo e sempre acham bons passes. Mas ele não pode relaxar. Tem 17 anos e um futuro brilhante.


Qual a imagem que você tinha do Santos antes de vir para o Brasil?


Antes de vir para o Santos, conversei com a minha mulher sobre as propostas que tinha recebido. Eram ofertas de clubes da Espanha, Itália e México. Mas em todos esses clubes eu jogaria pela mesma coisa, que seria tentar o acesso ou não ser rebaixado. Era isso que estava vivendo há alguns anos na Espanha. Além dessas propostas, tinha a do Santos. Foi então que falei: tenho que ir jogar no Santos. É um time gigante, que teve o melhor jogador do mundo, que é o Pelé, e tem muitos jogadores bons que saem de lá.


Então, o fato de, em tese, defender um time grande foi determinante para a sua escolha?


Sim, foi isso. Antes de vir de férias para Montevidéu, conversei com o Edu e falei para ele que quero ganhar títulos no Santos. Sei que ele vai remodelar o time. O Santos precisa ganhar. Do contrário, não será o Santos que conheci a distância.


E como foi chegar no Santos e ter que brigar, de novo na carreira, contra o rebaixamento?


(Risos) Quando acertei para vir o Santos, a equipe ainda estava na Sul-Americana, na Copa do Brasil e não estava tão mal no Brasileiro. Só que quando cheguei no Brasil, antes mesmo de estrear, o time sofreu as eliminações nas duas copas e começou a cair no Brasileiro. Pensei: não é possível. O problema sou eu! (risos). Mas no final tudo terminou bem.


Velázquez conta que escolheu o Santos para não ter que brigar contra o rebaixamento
Velázquez conta que escolheu o Santos para não ter que brigar contra o rebaixamento   Foto: Ivan Storti/Santos FC

Em 2022 o Santos disputará a Sul-Americana. Será a sua primeira vez numa competição internacional no continente?


Pelo Danubio, do Uruguai, fiz apenas um jogo na Copa Sul-Americana e acabei vendido para a Espanha. A Libertadores nunca joguei. Voltei da Europa porque quero jogar essas competições e ganhá-las.


Você já atuou pela seleção do Uruguai em alguns amistosos. Voltar a vestir a camisa da Celeste Olímpica ainda é um sonho?


Não é algo que faz parte do meu dia a dia, porque tenho que trabalhar primeiro pelo Santos. Se tudo der certo no Santos e a convocação vier será bem-vinda, se não vier, paciência.


Depois do Campeonato Brasileiro você foi procurado por algum clube do exterior?


Eu não falei com o meu empresário sobre isso. Cheguei ao Santos, joguei nove jogos e me machuquei. Quero continuar no Santos, dar tudo de mim e no final do contrato, em dezembro de 2022, o meu empresário e os dirigentes do Santos resolverão.


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