Novo superintendente de futebol, Felipe Ximenes fala dos desafios em assumir o Santos

Em entrevista, profissional se apresenta e fala sobre os tomar à frente de um clube mergulhado em problemas financeiros

Por: Bruno Lima & Da Redação &  -  13/10/20  -  14:16
Novo superintendente de futebol, Felipe Ximenes fala dos desafios em assumir o Santos
Novo superintendente de futebol, Felipe Ximenes fala dos desafios em assumir o Santos   Foto: Alexsander Ferraz/AT

O Santos está sob nova direção. Depois do afastamento do presidente José Carlos Peres, por gestão temerária, o vice Orlando Rollo assumiu e escolheu Felipe Ximenes para coordenar no clube. Nessa entrevista, ele se apresenta e fala sobre os desafios à frente de um clube mergulhado em problemas financeiros.


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Quando o presidente Orlando Rollo anunciou a sua contratação, ele se referiu a você como professor. Conte a sua história no futebol


Ter o título de professor me enche de orgulho, porque sou professor de Educação Física com mestrado em Educação. Porém, sou um homem do futebol. A mim muito me honra o Orlando Rollo me chamar de professor. Sempre me preocupei em conciliar a vida nos campos com a vida estudantil. Sou o instrutor mais antigo da CBF Academy, há mais de 11 anos. 


Como será a sua atuação no Santos? Participará de negociações com os credores ou só atuará na administração do futebol profissional e outros esportes? 


O presidente Orlando Rollo está preenchendo um cargo estatutário. No Estatuto Social do Santos existe a função de superintendente de esportes e superintendente administrativo e financeiro. A minha função é clara, que é a gestão de todos os esportes. Naturalmente, o futebol é o carro-chefe e terá a atenção necessária. Contudo, ninguém pode tudo no clube. Existem escalas hierárquicas que precisamos respeitar.


Você estava afastado do futebol, mas sempre recebia convites. Por qual motivo aceitou o chamado do Santos, que passa por uma imensa crise financeira? O fato de ser de Três Corações, terra de Pelé, pesou?


Eu me arrepio de falar disso, porque esse é o ano em que o Rei faz 80 anos. A minha tia é a responsável por cuidar da casa em que o Pelé nasceu. Ela é uma funcionária pública que recebe todas as pessoas que visitam a casa em que o Pelé nasceu, que um tio, irmão do meu pai, comprou da família do Pelé e reconstruiu exatamente como ela era quando o Pelé nasceu. E o Pelé foi visitar essa casa em 2013. A cidade parou naquele dia. Mais do que isso: em 1977, quando o Pelé fez o último jogo dele pelos Cosmos, o meu tio era chefe de gabinete do prefeito de Três Corações. Ele foi assistir ao jogo em Nova York e tem a bola daquele jogo. Eu nunca saí do futebol. Estava apenas afastado de clubes. Tenho hoje um compromisso com a melhoria do futebol brasileiro. Tenho um curso de gestão on-line e alunos de mais de 12 países, estou capacitando pessoas porque tenho a convicção de que só a Educação pode transformar o esporte brasileiro.


Você chega ao Santos para uma gestão que em tese irá durar três meses. É possível fazer algo em tão curto período e com a situação financeira em que o Santos se encontra?


O meu contrato é de cinco meses, até o fim do Campeonato Brasileiro. A minha principal função é dar para o Santos uma direção. Mais importante do que o quanto vamos avançar é entregar o Santos apontado para o caminho da governança, da gestão profissional, com respeito ao estatuto e, principalmente, para que o torcedor do Santos pare de sofrer com tantas situações em que ele não sabe em quem acreditar. Então, é um compromisso que eu, como tricordiano, assumo, de que se não conseguir avançar como gostaria, porque o período é curto, que pelo menos eu deixe uma direção bem clara para a próxima gestão. 


É viável fazer isso em tão pouco tempo?


É completamente possível. Apesar de todas as dificuldades, há um trabalho fantástico do Cuca. Ainda tenho a honra de pegar um pouco do trabalho de um dos profissionais mais respeitados do Brasil, que é o Paulo Autuori, que deixou algo que a gente vai poder dar continuidade. 


Você tem passagens por Flamengo, Vasco, Coritiba, Vitória, Fluminense, Cruzeiro e Atlético-MG. Em algum dos seus ex-clubes encontrou a situação econômica tão prejudicada como o Santos tem hoje?


Participei da gestão do presidente Bandeira de Mello, no Flamengo, e foi um trabalho duríssimo. Tenho a minha parcela de contribuição em tudo que o Flamengo se transformou. O futebol brasileiro, infelizmente, pena. Na maioria é quase insolvência. A gente tem uma tendência de achar que a situação que estamos vivendo é a pior. Já trabalhei com seis meses de salários atrasados no Vasco, em outros clubes com três ou quatro meses de atrasos. São situações comum no futebol. 


Existe alguma intenção ou tratativa para permanecer no clube após a eleição?


Se eu falar que cheguei aqui para fazer um trabalho de cinco meses e que não tenho vontade de dar continuidade, vou estar mentindo. Mas vou estar mentindo também se eu falar que tenho algum compromisso acertado. Vim para cá com o tempo de contrato estipulado, sabendo que daqui a dois meses teremos uma eleição e só o meu trabalho poderá me credenciar para que o próximo presidente pelo menos me dê a oportunidade de participar do processo seletivo. 


Diante de tudo o que está acontecendo no Santos, dá para dizer que esse é o maior desafio da sua carreira como gestor de futebol?


O maior é sempre o próximo. Trabalhei quatro anos no Vasco sofrendo asfixia do patrocinador depois daquele caso em que a equipe foi para a final da Copa João Havelange, em 2000, com o símbolo do SBT. Trabalhei no Atlético-MG com o presidente, no ano do centenário do clube, pedindo renúncia por ser ameaçado de morte. Assumi o Coritiba disputando a terceira Série B em 5 anos com um rebaixamento no ano do centenário. São situações diferentes, mas nos credenciam a assumir compromissos.


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