Marcos Guilherme vê início no Santos como o melhor da carreira e fala do amadurecimento no Inter

Atacante revela gosto por leitura e conta como a má-fase no Beira-Rio o fez crescer como pessoa

Por: Bruno Lima  -  30/06/21  -  07:31
Atualizado em 30/06/21 - 14:30
    Marcos Guilherme fala como o grupo lida com as cobranças do técnico Fernando Diniz
Marcos Guilherme fala como o grupo lida com as cobranças do técnico Fernando Diniz   Foto: Ivan Storti/Santos FC

O Santos enfrenta o Sport, hoje, às 20h30, na Vila Belmiro, em busca dos três pontos para se aproximar da liderança do Campeonato Brasileiro. E uma das principais esperanças de vitória é o atacante Marcos Guilherme. Recém-chegado ao clube, o jogador se adaptou rapidamente e se tornou titular com gols, velocidade e bom futebol. Em entrevista exclusiva para ATribuna.com.br, o jogador relembra as dificuldades no Internacional, seu ex-clube, e fala sobre permanecer no Santos ao término do empréstimo.


Você chegou ao Santos depois de um ano ruim no Internacional. Esse início te surpreende?


Não! Não me surpreende porque sei o quanto trabalho e o tamanho da minha dedicação. O período no Inter foi algo necessário na minha vida. Mas não posso dizer que estou surpreso com esse início.


É o seu melhor início por um clube?


Está sendo um início muito bom, assim como foi no São Paulo, mas aqui é verdade que as coisas estão acontecendo bem rápido.


Por que as coisas não deram certo no Inter?


Até hoje não encontrei essa resposta, porque falta de dedicação, tentativas e vontade não foi. Sou muito grato ao Inter por tudo, mas ali acabou sendo mais um período de amadurecimento para mim.


Dentro de campo não foi positivo. Fora, no aspecto pessoal, foi possível extrair algo bom dessa passagem pelo Beira-Rio?


Sem dúvida! Infelizmente, em campo foi a pior passagem, não consegui atuar do jeito que eu queria. Mesmo quando estava bem, não foi aproveitando as minhas características de velocidade e movimentação. Porém, fora de campo foi o melhor lugar em que já estive. Conheci muitas pessoas que mudaram a minha vida.


De que forma você cresceu no Sul do Brasil?


Me cobro bastante. E essa cobrança me atrapalhava muito. Eu tinha dificuldade para lidar com o erro, e o fato de não estar indo bem me consumia muito. Muitas vezes em que entrava em campo e não fazia um bom jogo, eu levava isso para o lado pessoal, não conseguia dormir. E em Porto Alegre, como sou muito religioso, conheci alguns pastores, cantores, o Leandro Soares – cantor de músicas gospel – é uma pessoa chave para essa mudança.


    Marcos Guilherme afirma que a sua passagem pelo Internacional foi a pior da carreira
Marcos Guilherme afirma que a sua passagem pelo Internacional foi a pior da carreira   Foto: Flickr Internacional

Em razão desse início no Santos, alguns torcedores do Inter pedem o seu retorno. É uma espécie de recompensa para você?


Não tenho acompanhado as redes sociais. Essa até foi uma forma de amadurecimento. Mas imagino que eles (torcedores do Inter) não estejam entendendo, porque não fui bem por lá e agora tenho um bom início no Santos. Mas falta de vontade não foi. Às vezes acontece de um jogador não ir bem num clube e depois se destacar em outro.


Seu contrato com o Inter termina no final do ano que vem. Assim que acabar o empréstimo com o Santos, você poderá assinar um pré-contrato. Pensa em ampliar esse vínculo?


Ainda não falei com ninguém, mas desde que pisei no Santos sei dessa possibilidade. Vou permanecer aqui por uma temporada e depois tenho apenas mais seis meses de contrato com o Inter. Isso é uma motivação para mim, porque é o meu trabalho e tenho só um ano e meio empregado. Nesse período, preciso mostrar meu futebol, me valorizar. Porém, é cedo para falar de pré-contrato.


O Fernando Diniz, recentemente, comentou que viu você subutilizado em alguns clubes. Concorda?


É uma visão dele. Tenho a minha opinião sobre determinadas situações, mas é difícil cravar alguma coisa. Isso varia de cada treinador e clube. Cada lugar tem uma forma de trabalhar.


Sem modéstia, quais são suas maiores virtudes?


A doação para o time. Desde a época da base sou um jogador que prezo muito o elenco. Não tenho problema em correr por eles, em ajudar na marcação. Sei que sou atacante, que a minha maior responsabilidade é fazer gols, é dar assistências. Porém, sempre tive essa noção de que preciso marcar e ajudar.


A gente, de fora, vê um Diniz muito intenso e com cobranças pesadas à beira do campo. Como vocês lidam com isso? O comportamento dele te assustou?


(Risos) Não. Realmente, quem vê de fora, pode ficar com a impressão de que ele extrapola. Mas, para nós que estamos com ele no dia a dia, sabemos que é normal. Ele cobra porque quer o nosso melhor. Então, levamos da melhor maneira possível, porque dá resultado.


    Marcos Guilherme diz que o elenco sabe lidar bem com as cobranças do técnico Fernando Diniz
Marcos Guilherme diz que o elenco sabe lidar bem com as cobranças do técnico Fernando Diniz   Foto: Ivan Storti/Santos FC

Já aconteceu de algum atleta conversar com ele pedindo para pegar mais leve por estar em público?


(Risos) Não, porque a gente já sabe como ele é. Sempre deixa claro que são cobranças para o nosso bem, nos ajudar.


Ele também disse que essa foi a terceira tentativa de trabalhar com você. Vocês chegaram a conversar nas outras ocasiões? Como se conheceram?


Nos conhecemos em 2017, quando ainda estava no São Paulo, com o Dorival Júnior, e o Diniz foi lá ver os treinos, conversar com o Dorival. Depois, ele foi contratado pelo Athletico-PR e eu, como sou cria do Furacão, conversava com o pessoal sobre o Diniz. E praticamente todos os jogadores falavam bem da forma como ele trabalha. Então, isso fez nascer uma vontade em mim de trabalhar com ele também. Nas outras ocasiões não foi possível. No Santos, ele ligou e não dependia muito do clube. Era mais uma decisão minha. Por isso as coisas se desenrolaram rapidamente.


Antes de você mergulhar no futebol se arriscou no atletismo na escola. Como foi?


(Risos) Não posso nem dizer que fiz atletismo. Os jogos escolares são bem característicos, e eu gostava de jogar futebol, obviamente, mas gostava de competir também no atletismo. Essa velocidade vem comigo desde pequeno, é genético. Então, desde daquela época eu corri, mas não cheguei a treinar atletismo. Apenas competia nos jogos escolares e cheguei a ganhar algumas provas de 100, 200 e 400 metros.


Depois do jogo contra o Atlético-MG, você postou um vídeo do seu filho feliz comemorando o gol marcado. Sua mulher e seus dois filhos já estão em Santos?


Eles chegaram dois dias antes do jogo contra o Atlético-MG. Consegui achar um apartamento, a mudança finalmente chegou. E postei o vídeo do meu filho comemorando para compartilhar aquilo que prezo muito, que é a minha base, é por eles que luto.


Qual é a sua grande inspiração no esporte?


Gosto bastante de ler. Leio principalmente biografias de esportistas para saber desde o começo sobre a vida deles e o que fizeram até chegar ao sucesso. Já li algumas, mas a que mais me agradou, mais me ajudou, foi a do tenista Andre Agassi. A última que li, foi a do (Usain) Bolt, gostei muito, por todas as dificuldades que ele superou.


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