Kaio Jorge ainda é jovem. Tem apenas 17 anos e toda uma carreira e reputação a construir no futebol. Porém, o atacante do Santos e da seleção brasileira de base já é uma grande inspiração para muitas crianças e adolescentes. Isso ficou evidente na manhã desta sexta-feira (22), quando o terceiro maior artilheiro do Mundial Sub-17 deste ano visitou sua antiga escola, o Santa Cecília, em Santos, para falar sobre a conquista do torneio. E por vontade própria.
"Eu tinha comentado com o Marcelo Teixeira que seria importante vir aqui falar um pouquinho com a molecada, ver o título, a medalha. Fico muito honrado por tudo que o colégio fez por mim e faz", confessou o centroavante em conversa com A Tribuna On-Line.
Na ocasião, Kaio foi homenageado por seus antigos professores, pelos gestores da escola e pelo pró-reitor, Marcelo Teixeira, que também é presidente do Conselho Deliberativo do Santos. O atacante foi presenteado com dois quadros com fotos e lembranças de sua época no colégio, o qual representou em diversas competições de futsal, incluindo a Copa TV Tribuna, em 2014.
Além disso, ele ganhou uma bolsa de estudos integral para se inscrever no curso universitário que desejar. Kaio Jorge concluirá o Ensino Médio ainda este ano.
Ser um espelho para os garotos é definido como "algo muito grande" para o camisa 19 do Santos, que faturou a Chuteira de Bronze do Mundial Sub-17, vencido pelo Brasil no último fim de semana. "Fico muito feliz em ver a criançada se espelhando em mim. É fruto de muito trabalho. Espero continuar dando alegria para o pessoal", comentou.
Inspirando mais novos e orgulhando mais velhos
Um dos meninos que aspiram ser como Kaio Jorge um dia é Pedro Padula, de 12 anos. Cursando o 7º ano do Ensino Fundamental, o garoto brilha na categoria sub-13 do Peixe e "arrebenta" nas quadras. Este ano, ele foi o destaque do título que deu o heptacampeonato ao Colégio Santa Cecília na Copa TV Tribuna de Futsal Escolar. Além de ser eleito o melhor jogador do torneio.
"Tenho o Kaio Jorge como um ídolo. Ele é um jogador humilde, mas que se esforçou muito para chegar aonde chegou. Para todos nós que jogamos bola, e para quem também não joga, ele é uma inspiração pelas conquistas que ele ganhou, pelo o que ele fez para ajudar a família dele", disse Pedro.
Mãe de Kaio Jorge, Atenas Karina diz se sentir orgulhosa da iniciativa do filho de voltar às suas origens, motivar os mais novos e recordar pessoas que foram fundamentais em sua trajetória no esporte.
"Ele falou para mim: 'mãe, eu quero tirar uma foto com minhas professoras, minhas tias'. Gente, um homem desse falando 'tia'. Mas é dele. Ele é desse jeito. Só tem tamanho. É um menino de um coração tremendo, de uma humildade, de um carinho. Ele reconhece todo mundo que ajudou ele lá atrás. Para mim, escutar isso dele é maravilhoso".
Emoção do tetracampeonato
No último domingo (16), o Brasil foi campeão do mundo no sub-17 após uma reviravolta no placar. A Seleção foi melhor durante o jogo, pressionou e não parou de buscar o gol. No entanto, foi o México quem largou na frente no marcador.
Doze minutos depois de ficar em desvantagem, na reta final da partida, Kaio Jorge bateu um pênalti, assinalado com auxílio do VAR, e converteu, deixando tudo igual no Estádio Bezerrão. Na sequência, Lázaro fez o segundo, fechando o contador em 2 a 1 para os brasileiros. O gol de empate foi o quinto do atacante santista no Mundial.
"Se eu disser que vi o pênalti, to mentindo, porque eu fechei os olhos. Eu não vi. Só escutei os gritos, todo mundo me agarrando, me abraçando, e a emoção de ver. É um orgulho que transborda. Missão dada, missão cumprida. Fomos buscar o sonho dele e ele está conseguindo chegar no topo, onde ele tanto sonha", contou Atenas Karina.
Mais de 13 mil pessoas acompanharam a emocionante decisão, no estádio localizado no Gama, no Distrito Federal. Kaio Jorge acredita que jogar diante de seu povo, com a torcida empurrando, foi essencial para a conquista do Brasil após 16 anos na fila.
Depois de uma elogiada exibição no Mundial, o dono da camisa 19 alvinegra já retornou aos treinos no CT Rei Pelé. Agora, ele, que assinou seu primeiro contrato profissional em janeiro deste ano, espera por mais chances na equipe principal. "Tenho certeza que vou receber a oportunidade que mereço".