Após ignorar Pelé e Zito, atacante Alemão afirma: 'Errei ao não renovar com o Santos'

Promovido em 2007, ex-Menino da Vila deixou o Peixe depois de assinar um pré-contrato com a Udinese, da Itália

Por: Bruno Lima  -  19/12/21  -  07:03
Atualizado em 19/12/21 - 08:44
Alemão iniciou a carreira no Santos, mas optou por não renovar o contrato em 2008
Alemão iniciou a carreira no Santos, mas optou por não renovar o contrato em 2008   Foto: Arquivo/A Tribuna

A cada temporada que passa, o Santos se vê envolvido em problemas contratuais com promessas da base que começam a se destacar no elenco profissional. Victor Andrade, Robson Bambu, Yuri Alberto, Kaio Jorge e, agora, Marcos Leonardo são alguns exemplos recentes disso. Contudo, situações do tipo ocorrem há anos no clube e um dos primeiros nomes envolvidos em impasse similar foi o atacante Alemão. Treze anos após sair do Peixe e mais experiente, o jogador que atualmente defende o Maringá não tem dúvidas em afirmar que errou ao não renovar com o Alvinegro.


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Artilheiro nas categorias de base do Santos, Alemão, hoje com 32 anos, foi promovido ao time profissional em 2007 e possuía vínculo até junho de 2008. Mesmo já estando na equipe principal, em vias de completar 19 anos, disputou a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2008, se destacou e, com a possibilidade de se transferir de graça no meio daquela temporada, foi alvo de sondagens de clubes europeus de ponta, como Real Madrid e Liverpool.


"À época, o meu empresário era italiano e me convenceu que o melhor era não renovar com o Santos e ir para a Europa, porque lá iria brilhar. Eu era muito novo. Sempre tive o Zito como um pai e ele me falava frenquetemente que precisava renovar. A proposta era para assinar um novo contrato por cinco anos com o Santos. Eu não quis escutar", relembra Alemão, que recebeu conselhos até do Rei do Futebol.


"O Pelé chegou a conversar comigo na época e explicou que o melhor para minha carreira seria permanecer na Vila, mas eu achava que todos estavam errados e só o meu empresário certo. Até o Pelé! Me arrependo muito", continua o jogador.


O arrependimento do jogador se deve a uma série de fatores. E um dos que mais machuca é pensar que poderia ter entrado para a história do clube ao lado dos amigos Neymar e Paulo Henrique Ganso.


Em 2008, Alemão foi o autor de uma assistência no clássico contra o São Paulo
Em 2008, Alemão foi o autor de uma assistência no clássico contra o São Paulo   Foto: Arquivo A Tribuna

"Se eu tivesse renovado com o Santos, seria o atacante do time que ganhou a Copa do Brasil de 2010 e a Copa Libertadores de 2011. Falo isso porque estava completamente adaptado ao clube, estaria junto dos garotos que jogaram comigo na base e muito preparado, depois de um ano direto no profissional. E falo isso porque, depois que decidi ir embora, o Zito foi na base buscar um substituto para o meu lugar e promoveu o André".


Rumo à Europa


Apesar das sondagens de Real Madrid, onde iniciaria a experiência defendendo o time B, e Liverpool, Alemão assinou contrato com a Udinese, da Itália, por influência de seu empresário à época, que era italiano.


"Na minha cabeça, depois de assinar o contrato, o roteiro estava pronto: iria começar a jogar imediatamente na Udinese, um time mediano da Itália, me destacaria e seria vendido para um clube maior. Mas as coisas não são assim. Primeiro que eu nem tinha passaporte italiano e a cota de estrangeiros do elenco estava completa. Fiquei um ano parado, só treinando. Entrei em depressão. Tudo que queria era voltar para o Santos. Mas tinha tanta vergonha do que fiz que não encontrava coragem para falar com as pessoas do clube".


As coisas não melhoraram nem mesmo quando o passaporte italiano finalmente foi obtido. "Achei que jogaria rapidamente, porque a gente sempre acha que é o melhor. O problema é que o ataque da Udinese tinha Di Natale, capitão do time e ídolo da torcida, Quagliarella, da seleção italiana, e o chileno Alexis Sánchez. Como eu iria jogar? Os dirigentes não tiveram dúvidas: me mandaram para os juniores".


Alemão lembra que, na equipe de base da Udinese, conseguiu marcar alguns gols e o Vicenza B o contratou por empréstimo. Ao fim desse vínculo, decidiu comprá-lo. "Com o passar do tempo, fui notando que estava perdendo tempo, porque o Vicenza não saía da Série B italiana. Foi então que resolvi voltar para o Brasil e me transferi para o Guaratinguetá".


De volta ao Brasil, Alemão rodou por clubes como Ponte Preta, Vitória, Chapecoense, Portuguesa, Figueirense, ABC, Botafogo-SP, Paraná e Guarani, entre outros.


Lições para a vida


Em pré-temporada para a disputa do Campeonato Paranaense de 2022, o atacante revelado pelo Peixe garante ter tirado lições da decisão tomada no início da carreira.


Em 2017, Alemão ajudou o Paraná a conquistar o acesso à Série A do Brasileirão
Em 2017, Alemão ajudou o Paraná a conquistar o acesso à Série A do Brasileirão   Foto: Arquivo Pessoal

"Não tenho dúvidas de que fui mal orientado. Porém, sei também que tenho a minha parcela de culpa. A minhã mãe também errou. Fomos convencidos de que na Europa ganharíamos dinheiro, teríamos carro e casa. Só que isso, se tivesse ficado no Santos, também viria. Eu não estava pronto para atuar na Europa. Hoje, faria tudo diferente. Eu teria renovado com o Santos. Tenho certeza que a minha carreira teria sido outra", conclui o jogador.


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