Quem comanda o Jabaquara? Eleições conturbadas geram tensão e inflamam bastidores do clube

Com candidatura impugnada e votos inválidos, Leão da Caneleira teve duas eleições presidenciais em menos de um ano

Por: Antonio Marcos  -  01/10/21  -  06:43
 Com candidatura impugnada e votos inválidos, Leão da Caneleira teve duas eleições presidenciais em menos de um ano
Com candidatura impugnada e votos inválidos, Leão da Caneleira teve duas eleições presidenciais em menos de um ano   Foto: ATribuna.com.br

Quem comanda o Jabaquara? Associados e torcedores do Leão da Caneleira convivem com essa dúvida desde a última eleição, realizada em 21 de agosto. Na oportunidade, Claudio Fernandez foi eleito o novo presidente e deveria, segundo ele, ter assumido o comando do clube dez dias após pleito. Porém, isso não aconteceu até o momento. A Tribuna conversou com alguns dos principais nomes no último pleito - Cláudio Fernandez, Adelino Rodrigues e Ricardo Gonçalves, o Cacá - e a tendência é de que essa briga tenha novos capítulos, inclusive na Justiça.


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Candidato da oposição na eleição de agosto deste ano, Claudio Fernandez representou a Chapa 2 e teve 47 votos dos 76 associados que participaram do pleito. Presidente à época, Cacá concorreu pela chapa 3, mas teve sua candidatura impugnada e decidiu apoiar a Chapa 4, de Edmundo Paschoal, que somou 23 votos. Fabricio Lopes, da Chapa 1, conquistou cinco votos. Um sócio votou em branco.


Candidato da oposição, Claudio Fernandez representou a chapa 2 e teve 47 votos, dos 76 associados que participaram da eleição de agosto deste ano. Presidente na época, Cacá concorreu pela chapa 3, mas teve sua candidatura impugnada e decidiu apoiar a Chapa 4, de Edmundo Paschoal, que somou 23 votos. Fabricio Lopes, da Chapa 1, teve 5 votos. Um eleitor votou em branco.


"Fomos eleitos pela assembleia e empossados pelo Conselho Deliberativo do clube. O único impedimento para iniciarmos a gestão é decorrente da diretoria anterior em se negar a deixar a função. Este tema está sendo tratado pelo Conselho", diz Fernandez.


Na prática, segundo o presidente eleito, seu mandato deveria ter começado dez dias após o pleito, em 31 de agosto. "Após reunião realizada pelo Conselho Deliberativo, recebi o termo de posse com início do mandato a partir de 31 de agosto. Acho uma atitude inconcebível da diretoria anterior em se negar a entregar o cargo e dificultar qualquer acesso do Conselho Deliberativo aos documentos do clube", desabafa.


Perguntado sobre quem comanda o Jabaquara em meio a este imbróglio, Fernandez foi taxativo e se diz o único representante legal. "Fomos eleitos em assembleia e empossados pelo Conselho Deliberativo, mas impedidos de assumir pela diretoria anterior, que neste momento comanda o clube sem representatividade legal".


 Jabaquara não disputou a última edição do Campeonato Paulista da Segunda Divisão Paulista
Jabaquara não disputou a última edição do Campeonato Paulista da Segunda Divisão Paulista   Foto: Divulgação / Jabaquara

O presidente eleito espera que a situação seja resolvida o quanto antes para colocar em prática tudo o que planejou para o futebol e os sócios do clube.


"Queremos um departamento de futebol atuante, nosso carro-chefe na instituição. Nossos diretores que compõem o futebol possuem uma vasta experiência e credibilidade para reestruturar o futebol em nossa agremiação. Na parte social, queremos revitalizar o clube com novas atividades para os associados, abrir nossas portas para sociedade que está em nosso entorno. Queremos deixar um legado de crescimento ao nosso querido Leão".


O outro lado da história
Candidato da Chapa 3 em 2021, Cacá reclamou de todo o processo eleitoral de agosto, apontou diversos erros e "gente irregular" que não poderia disputar o poder no clube, além de relembrar problemas envolvendo o pleito de 2020. Diante de tudo isso, prometeu levar o tema à Justiça.


"Acertadamente, o registro (da chapa eleita) não foi realizado, considerando as inúmeras irregularidades realizadas pelo Claudio e seus apoiadores desde dezembro de 2020. Ele perdeu a eleição realizada em dezembro de 2020, essa sim válida, na qual fui eleito pela maioria dos associados. Essa vitória foi decorrente do excelente trabalho que os ex-presidentes Adelino (Rodrigues), Gilberto (Silva) e Manolo (Manoel Gonzalez) fizeram nos últimos oito anos. Por isso, os sócios escolheram votar em quem fez parte da diretoria vitoriosa, que levantou e embelezou um clube que passou décadas jogado as traças. Trouxemos sócios, rendimentos e dívidas quitadas".


Segundo ele, após a contagem dos votos e considerando a derrota nas eleições de 2020, os apoiadores de Claudio Fernandez desconsideraram a vontade dos associados e não proclamaram o resultado. Além disso, em fevereiro de 2021, Cláudio e seus apoiadores teriam realizado uma "sessão virtual" do Conselho Deliberativo para anular os efeitos da assembleia geral anterior.


 Em 2020, a equipe comandada pelo técnico Lelo liderou a fase de grupos da competição
Em 2020, a equipe comandada pelo técnico Lelo liderou a fase de grupos da competição   Foto: Paulo Natário / Grupo Tribuna

"A maioria do Conselho que adotou essa postura está totalmente irregular, considerando a eleição de 19 conselheiros em dezembro de 2020 e que, até o momento, não foram empossados. Ou seja, um verdadeiro absurdo! Como podem anular a decisão da maioria dos associados em reunião privativa do Conselho Deliberativo? E, pior, sem a convocação de todos os conselheiros? Considerando todo o cenário acima, os 19 conselheiros eleitos em 2020 acionaram a Justiça, a fim de garantir o direito a assumir o cargo. A ação está pendente de julgamento".


Questionado sobre a legalidade do pleito deste ano, Cacá nega que a posse de Fernandez deveria ter ocorrido em 31 de agosto e revela quem manda no Leão da Caneleira atualmente.


"Conforme ressalvado pelo próprio Cartório de Registro, o estatuto social do Jabaquara prevê que o mandato se inicia sempre em 1º de janeiro, e não em 31 de agosto. Considerando a inexistência de ata capaz de comprovar a regularidade das assembleias, o presidente anterior, Adelino, continua no comando do Jabaquara. O estatuto social prevê essa possibilidade".


"Até que a Justiça se pronuncie, continuo na presidência"
"Pergunte ao cartório". Foi assim que Adelino Rodrigues começou a responder sobre a eleição de agosto, vencida por Claudio Fernandez. Assim como Cacá, Adelino foi taxativo quanto a validade das últimas eleições.


Em campo
Em meio à briga política que toma conta do clube, o Jabaquara não disputou o Campeonato Paulista da 2ª Divisão deste ano. Eleito em agosto, Fernandez vê a situação como um erro. "O Jabaquara é um clube de futebol e a sua ausência neste campeonato traz grande frustação a seus torcedores. Nosso clube sempre foi uma vitrine de oportunidades para muitos atletas que passaram pelo Jabaquara ao de 107 anos"


Por sua vez, Cacá explica o que levou o Jabuca a deixar de entrar em campo no torneio estadual. "O Jabaquara enfrentou com responsabilidade o processo pandêmico e aliado à particular situação política, não restou outra alterativa ao presidente Adelino que não fosse não participar do Campeonato Paulista. Qualquer outra seria irresponsável e colocaria o clube em situação de vulnerabilidade financeira".


 Em 2019, Jabuca não conseguiu vencer na Segunda Divisão do Campeonato Paulista
Em 2019, Jabuca não conseguiu vencer na Segunda Divisão do Campeonato Paulista   Foto: Douglas Teixeira/Futebol Santista

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