Quem comanda o Jabaquara? Associados e torcedores do Leão da Caneleira convivem com essa dúvida desde a última eleição, realizada em 21 de agosto. Na oportunidade, Claudio Fernandez foi eleito o novo presidente e deveria, segundo ele, ter assumido o comando do clube dez dias após pleito. Porém, isso não aconteceu até o momento. A Tribuna conversou com alguns dos principais nomes no último pleito - Cláudio Fernandez, Adelino Rodrigues e Ricardo Gonçalves, o Cacá - e a tendência é de que essa briga tenha novos capítulos, inclusive na Justiça.
Candidato da oposição na eleição de agosto deste ano, Claudio Fernandez representou a Chapa 2 e teve 47 votos dos 76 associados que participaram do pleito. Presidente à época, Cacá concorreu pela chapa 3, mas teve sua candidatura impugnada e decidiu apoiar a Chapa 4, de Edmundo Paschoal, que somou 23 votos. Fabricio Lopes, da Chapa 1, conquistou cinco votos. Um sócio votou em branco.
Candidato da oposição, Claudio Fernandez representou a chapa 2 e teve 47 votos, dos 76 associados que participaram da eleição de agosto deste ano. Presidente na época, Cacá concorreu pela chapa 3, mas teve sua candidatura impugnada e decidiu apoiar a Chapa 4, de Edmundo Paschoal, que somou 23 votos. Fabricio Lopes, da Chapa 1, teve 5 votos. Um eleitor votou em branco.
"Fomos eleitos pela assembleia e empossados pelo Conselho Deliberativo do clube. O único impedimento para iniciarmos a gestão é decorrente da diretoria anterior em se negar a deixar a função. Este tema está sendo tratado pelo Conselho", diz Fernandez.
Na prática, segundo o presidente eleito, seu mandato deveria ter começado dez dias após o pleito, em 31 de agosto. "Após reunião realizada pelo Conselho Deliberativo, recebi o termo de posse com início do mandato a partir de 31 de agosto. Acho uma atitude inconcebível da diretoria anterior em se negar a entregar o cargo e dificultar qualquer acesso do Conselho Deliberativo aos documentos do clube", desabafa.
Perguntado sobre quem comanda o Jabaquara em meio a este imbróglio, Fernandez foi taxativo e se diz o único representante legal. "Fomos eleitos em assembleia e empossados pelo Conselho Deliberativo, mas impedidos de assumir pela diretoria anterior, que neste momento comanda o clube sem representatividade legal".
O presidente eleito espera que a situação seja resolvida o quanto antes para colocar em prática tudo o que planejou para o futebol e os sócios do clube.
"Queremos um departamento de futebol atuante, nosso carro-chefe na instituição. Nossos diretores que compõem o futebol possuem uma vasta experiência e credibilidade para reestruturar o futebol em nossa agremiação. Na parte social, queremos revitalizar o clube com novas atividades para os associados, abrir nossas portas para sociedade que está em nosso entorno. Queremos deixar um legado de crescimento ao nosso querido Leão".
O outro lado da história
Candidato da Chapa 3 em 2021, Cacá reclamou de todo o processo eleitoral de agosto, apontou diversos erros e "gente irregular" que não poderia disputar o poder no clube, além de relembrar problemas envolvendo o pleito de 2020. Diante de tudo isso, prometeu levar o tema à Justiça.
"Acertadamente, o registro (da chapa eleita) não foi realizado, considerando as inúmeras irregularidades realizadas pelo Claudio e seus apoiadores desde dezembro de 2020. Ele perdeu a eleição realizada em dezembro de 2020, essa sim válida, na qual fui eleito pela maioria dos associados. Essa vitória foi decorrente do excelente trabalho que os ex-presidentes Adelino (Rodrigues), Gilberto (Silva) e Manolo (Manoel Gonzalez) fizeram nos últimos oito anos. Por isso, os sócios escolheram votar em quem fez parte da diretoria vitoriosa, que levantou e embelezou um clube que passou décadas jogado as traças. Trouxemos sócios, rendimentos e dívidas quitadas".
Segundo ele, após a contagem dos votos e considerando a derrota nas eleições de 2020, os apoiadores de Claudio Fernandez desconsideraram a vontade dos associados e não proclamaram o resultado. Além disso, em fevereiro de 2021, Cláudio e seus apoiadores teriam realizado uma "sessão virtual" do Conselho Deliberativo para anular os efeitos da assembleia geral anterior.
"A maioria do Conselho que adotou essa postura está totalmente irregular, considerando a eleição de 19 conselheiros em dezembro de 2020 e que, até o momento, não foram empossados. Ou seja, um verdadeiro absurdo! Como podem anular a decisão da maioria dos associados em reunião privativa do Conselho Deliberativo? E, pior, sem a convocação de todos os conselheiros? Considerando todo o cenário acima, os 19 conselheiros eleitos em 2020 acionaram a Justiça, a fim de garantir o direito a assumir o cargo. A ação está pendente de julgamento".
Questionado sobre a legalidade do pleito deste ano, Cacá nega que a posse de Fernandez deveria ter ocorrido em 31 de agosto e revela quem manda no Leão da Caneleira atualmente.
"Conforme ressalvado pelo próprio Cartório de Registro, o estatuto social do Jabaquara prevê que o mandato se inicia sempre em 1º de janeiro, e não em 31 de agosto. Considerando a inexistência de ata capaz de comprovar a regularidade das assembleias, o presidente anterior, Adelino, continua no comando do Jabaquara. O estatuto social prevê essa possibilidade".
"Até que a Justiça se pronuncie, continuo na presidência"
"Pergunte ao cartório". Foi assim que Adelino Rodrigues começou a responder sobre a eleição de agosto, vencida por Claudio Fernandez. Assim como Cacá, Adelino foi taxativo quanto a validade das últimas eleições.
Em campo
Em meio à briga política que toma conta do clube, o Jabaquara não disputou o Campeonato Paulista da 2ª Divisão deste ano. Eleito em agosto, Fernandez vê a situação como um erro. "O Jabaquara é um clube de futebol e a sua ausência neste campeonato traz grande frustação a seus torcedores. Nosso clube sempre foi uma vitrine de oportunidades para muitos atletas que passaram pelo Jabaquara ao de 107 anos"
Por sua vez, Cacá explica o que levou o Jabuca a deixar de entrar em campo no torneio estadual. "O Jabaquara enfrentou com responsabilidade o processo pandêmico e aliado à particular situação política, não restou outra alterativa ao presidente Adelino que não fosse não participar do Campeonato Paulista. Qualquer outra seria irresponsável e colocaria o clube em situação de vulnerabilidade financeira".