Quem passa pela Rua Epitácio Pessoa, no cruzamento com a Avenida Almirante Cochrane, em Santos, não deixa de notar a estátua de Pelé dando seu tradicional soco no ar. Nesta quinta-feira (16), porém, o monumento que fica na praça em frente à panificadora A Santista apareceu com um apetrecho que não era um uniforme do Santos, como de costume.
A estátua de Pelé foi vestida com uma camisa da seleção brasileira, o que também não é incomum. O diferencial foi a personalização da amarelinha com o número 24 estampado na parte da frente e traseira do uniforme, fato que chamou a atenção de pessoas que transitavam por aquela altura do Canal 5. Algumas chegaram a fazer registros, como fotos e vídeos.
Enquanto defendeu o Brasil, Pelé vestiu a camisa 10. A ideia de "dar" a 24 ao Rei do Futebol foi, na verdade, uma intervenção com o intuito de alertar para a homofobia que permeia o meio do futebol. Um exemplo do preconceito no esporte é que clubes e jogadores evitam fazer o uso da camisa 24 pelo número ser popularmente associado a homens homossexuais, uma vez que o 24 está ligado ao veado no Jogo do Bicho.
Recentemente, inclusive, o volante Victor Cantillo revelou que não o deixaram usar o 24, número que o acompanhou durante grande parte de sua carreira nos gramados, em seu novo clube, o Corinthians. Em seu país-natal, a Colômbia, a associação homofóbica não existe.
Em contato com ATribuna.com.br, o proprietário da padaria A Santista, Carlos Eduardo Fernandes, contou que, na manhã desta quinta, um grupo de cerca de oito pessoas entrou em seu estabelecimento e pediu autorização para colocar a camisa personalizada na estátua de Pelé. Sua irmã, que estava no comércio na hora, então, autorizou a ação.
"Eles vieram tomar café na padaria, mas acho que não são daqui. Aí, mandaram fazer a camisa e colocaram lá. Não sei quem são, não conversei com eles. A gente coloca, às vezes, a camisa do Santos lá. Mas ficou bonita [a estátua]", disse o dono da panificadora temática do Peixe.
Por questões de segurança, o grupo que realizou a ação preferiu não se identificar. No entanto, eles passaram alguns minutos tirando fotos e gravando vídeos da estátua. Até a publicação desta reportagem, a camisa permanecia no monumento.