De Santos para o UFC: Tainara Lisboa supera momentos difíceis e comemora chance de ouro; VÍDEO

Atleta de Santos assinou contrato com a 'Copa do Mundo' do MMA

Por: Fúlvio Feola  -  03/06/22  -  08:13
Atualizado em 03/06/22 - 08:21
Tainara Lisboa está ansiosa para estrear no UFC
Tainara Lisboa está ansiosa para estrear no UFC   Foto: Divulgação

A Baixada Santista terá mais um representante no UFC (Ultimate Fighting Championship). A lutadora Tainara Lisboa, de 31 anos, que mora e treina em Santos, foi contratada pela equipe de Dana White para representar o Brasil no peso galo. Com 17 anos como lutadora, bicampeã mundial de muay thai, Tainara realiza o maior sonho da carreira.


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Em entrevista para A Tribuna, a lutadora conta como foi a surpresa ao ser chamada para lutar na “Copa do Mundo das lutas”, como ela se refere, além de relembrar a importância de dona Maria Janete, sua falecida mãe, e ser, ao lado de Charles do Bronx, representante local na competição mais importante de MMA do mundo.


Como e quando você recebeu a notícia de que tinha conseguido entrar para o UFC?


Era quinta-feira à noite (26/05), eu estava na casa da minha irmã, tinha ido ver minha sobrinha. O meu namorado, que trabalha comigo, me chamou falando que havia chegado um e-mail do UFC querendo me contratar. Eu disse: Como assim? É um trote? Ligamos para o meu empresário, que confirmou que era verdade, que eles queriam me contratar. De quinta até sábado, eu fiquei sem acreditar. Neste mesmo sábado, eu tinha começado a aquecer para o treino e o contrato chegou pelo WhatsApp. Meu empresário que mandou. Aí caiu a ficha: eu realmente serei lutadora do UFC.


Quando a ficha caiu, passou algum filme na sua cabeça? Todo o esforço, suas lutas, sua amada e falecida mãe?


A ficha cai todo dia aos poucos (risos). Quando eu vi o contrato, aí realmente acreditei, chorei muito, passou um filme. De quinta a sábado foi passando toda a batalha, toda a minha luta, de tantas portas fechadas, de tanto ser desacreditada, de eu pensar se eu estava confundindo determinação com teimosia. São 17 anos como atleta, vivendo cinco deles intensamente para o MMA. Tudo que eu faço é lutar, treinar. Muito louco. Dia 9 de junho completa um ano que minha mãe (Maria Janete) morreu, um mês bem difícil, de muitas lembranças, muitas dores, muitas saudades, e um pouco antes vem essa notícia maravilhosa. Com certeza tem a mão dela. Minha mãe era uma grande fã, sempre me apoiava, sempre estava comigo, ia em todas as lutas que conseguia. Quando não conseguia, mandava música, texto. Ela é muito importante. Sei que lá do céu ela está orgulhosa. É um sonho realizado. O UFC é a Copa do Mundo das lutas. Quero entrar no UFC, conquistar meu espaço, disputar cinturão, tudo no seu tempo, claro. Mas este momento (da contratação) nunca vai ser esquecido.


Tainara perdeu sua mãe há quase um ano
Tainara perdeu sua mãe há quase um ano   Foto: Divulgação

Como lutadora do UFC, outras situações mais difíceis estão por vir. Ansiedade da primeira luta, conhecer os figurões do UFC... Já se sente preparada para tudo isso?


A ansiedade está a mil. É um sonho estar naquele palco, um sonho viver aquela estrutura. Não vejo a hora. Mas esperei até agora, esperei muito para chegar, então agora é hora de controlar a ansiedade. Se vier uma luta daqui a um mês e meio, eu vou estar pronta. Se tiver que ser daqui a seis meses, também estarei pronta. Eles deram prazo de dois a seis meses para eu lutar. Agora a ansiedade é outra. Se Deus me trouxe até aqui, é porque tem que ser. Tenho treinado regularmente, tenho uma equipe multidisciplinar excelente.



Você ainda está no aguardo para saber qual será sua primeira luta e a primeira adversária?


Sim. Primeiro, eles nos contratam, depois vem uma série de burocracia. Muita documentação, mas muita mesmo, muita coisa para preencher. Baixar aplicativo. É um outro universo. Depois de toda a papelada, eles fazem uma análise com todos os atletas. Eu fui contratada para quatro lutas. Não fui chamada para fazer uma luta ou substituir alguém. A ideia é, a partir da terceira luta, renovar.


Se você pudesse escolher, quem dentro da sua categoria você gostaria de enfrentar na primeira luta?


Eu não tenho preferência. A única coisa, se fosse uma escolha minha, é que eu não queria estrear contra uma brasileira. Se eu pudesse escolher, eu gostaria de enfrentar uma estrangeira. Mas, quem manda é o patrão. E o patrão é o UFC (risos).


Você é a primeira lutadora da Baixada Santista no UFC. Além do seu nome, você vai carregar o peso de representar uma região, assim como faz o Charles do Bronx. Como você enxerga isso?


Isso é mais uma razão para eu ficar ainda mais forte. Eu vejo que o fato de as pessoas verem ídolos tão próximos mostra que os sonhos são possíveis. O UFC é muito difícil, muito trabalhoso, mas é tocável. É uma grande alegria.


Sabemos que você é fã do Charles, mas e entre as mulheres, quem você admira como lutadora?


É difícil falar só de uma. Eu, como mulher, me identifico com as lutas semelhantes de todas. Eu sei o quanto a gente rala, tudo que a gente passa. Não que os homens não passem, mas as nossas causas são diferentes. Sou fã da Amanda Nunes, por tudo que ele fez e faz. Ela é um ícone do esporte brasileiro. A gente tem a Ketlen (Vieira), Amanda Lemos, Jéssica Andrade e muitas outras mulheres. Muitas brasileiras se destacando, mostrando o quanto é incrível ver mulher lutar.


Tainara assina seu primeiro contrato com o UFC
Tainara assina seu primeiro contrato com o UFC   Foto: Divulgação

Agora é continuar se preparando para realizar o seu sonho. Deixe um recado para quem torce por você.


Quero agradecer a todas as pessoas que acreditaram. Que me ajudaram. Que correram comigo até este momento. Eu sei que é difícil correr ao lado de um atleta quando ele ainda está buscando algo. São poucas pessoas. Mas todas as vezes que eu pensei em desistir, que eu sofri, que eu questionei, eles estavam do meu lado. Com uma palavras, com uma mão, um fã, meu namorado, meus amigos. Se hoje eu estou aqui é 99% por causa de vocês. Vamos construir degrau por degrau, roemos o osso juntos, agora vamos comer a carne. É um marco também para Santos. Nossa Copa do Mundo. Vai marcar para sempre a minha história.


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