Mudanças na legislação eleitoral impactam formação de chapas mistas em 2020

Entre as mudanças, está a que impõe “nota de corte” aos vereadores, inibindo formação de coligações

Por: Isabel Franson  -  10/10/20  -  14:34
Eleição municipal sob cuidados
Eleição municipal sob cuidados   Foto: Alberto Marques/AT

A formação de chapas mistas para candidatos a prefeito e vice-prefeito está mais tímida este ano. O impacto, sem dúvida, é consequência da nova legislação eleitoral que evita alianças para distribuição de votos – principalmente nas Câmaras municipais, estaduais e federais.


Clique aqui e assine A Tribuna por apenas R$ 1,90. Ganhe, na hora, acesso completo ao nosso Portal, dois meses de Globoplay grátis e, também, dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Por esse motivo, menos partidos uniram seus cabeças de chapa desta vez, em comparação às municipais de 2016. Nos nove municípios da Baixada Santista, entre as 81 duplas pleiteantes ao Executivo, apenas 12 são mistas: menos de 15%. Nas últimas eleições, eram 27 mistas dentre o total de 59 (45%).


Em Santos, todas as 16 opções são formadas por partido único paras os candidatos a prefeito e vice. Assim como em São Vicente e Bertioga, com oito chapas cada. Há quatro anos, a proporção era bem diferente: três dos oito concorrentes à Prefeitura santista convidaram vices de outra sigla. Em São Vicente, três entre as nove possibilidades ao Executivo uniam partidos diferentes. E, em Bertioga, que só teve três chapas, duas eram mistas.


Em Praia Grande este ano, apenas uma dupla é formada por parceria, entre todas as oito. Assim como em Cubatão, com uma de nove chapas. Em 2016, quatro dos cinco candidatos cubatenses a prefeito traziam consigo colegas de outros partidos.


Guarujá mantém a proporção similar à anterior. Nas últimas eleições, 36% das 11 duplas mesclavam siglas. Agora, são duas entre as dez. Em Mongaguá, o número de formações mistas se manteve o mesmo: três das cinco chapas.


Já em Itanhaém e Peruíbe, o percentual de coligações era de 60% e 50%, respectivamente. Desta vez, as taxas caíram para 37% e 22%.


O que explica


“A mudança para este ano levou os partidos a reverem estratégias”, afirma a cientista política e professora universitária Clara Versiani. Segundo ela, a restrição para distribuir votos aos candidatos do Legislativo foi o motivo de inibir tantas alianças.


“As coligações nem sempre eram formadas por semelhanças ideológicas. Muitas vezes, os partidos uniam-se mais para fortalecer pequenas siglas – com princípios totalmente diferentes – do que verdadeiramente por lutar pela mesma causa”, explica.


Versiani cita, ainda, a questão da hegemonia partidária há algumas eleições na Baixada Santista. “Aqui há pouca diversidade de lideranças. Exemplos como Santos e Praia Grande que estão tentando


emplacar o terceiro mandato do mesmo partido. Isso também é resultado do perfil do eleitor. Santos é uma cidade cara para morar, o que acaba afastando população com menor renda. Portanto, os eleitores vão acumulando o caráter mais conservador, elitista... Isso impede a articulação de movimentos mais afinados a classes populares e trabalhadores”.


Esse fenômeno, de acordo com a professora, implica na autossuficiência dos maiores partidos regionais, fazendo com que estes não sintam necessidade de alianças para se posicionar. “Isso também relacionado ao fundo partidário, já que os maiores partidos são os que acessam maiores valores, entre outros motivos”.


Logo A Tribuna
Newsletter