Ivan Sartori (PSD) é o oitavo candidato a prefeito de Santos entrevistado por A Tribuna

Se eleito, o desembargador aposentado pretende fazer uma auditoria na Prefeitura e em todos os contratos

Por: Da Redação  -  20/10/20  -  12:29
Se eleito, o desembargador aposentado pretende fazer uma auditoria na Prefeitura
Se eleito, o desembargador aposentado pretende fazer uma auditoria na Prefeitura   Foto: Matheus Tagé/AT

Ivan Sartori (PSD) é o oitavo candidato a prefeito de Santos entrevistado por A Tribuna. Se eleito, o desembargador aposentado pretende fazer uma auditoria na Prefeitura e em todos os contratos. Em seu plano de governo, a meta é criar 10 mil empregos em quatro anos. Na área da segurança, Sartori pretende ampliar o efetivo da Guarda Municipal e criar a “muralha digital”, equipando as entradas de Santos com radares inteligentes para identificar os veículos que passam pela Cidade.


A Tribuna - Se o senhor for eleito, qual será a prioridade do mandato?


Ivan Sartori - A primeira coisa que eu vou fazer é uma auditoria na Prefeitura para saber a posição financeira e orçamentária dela. Vamos ter que fazer um levantamento do quadro de funcionários e verificar se algum imóvel é utilizado sem necessidade. Precisamos fazer um diagnóstico geral para iniciar a nossa administração e tomarmos providências imediatas na questão da saúde, da segurança, do ensino e da habitação. Eu estou aflito com a questão do Dique da Vila Gilda, dos cortiços do Centro e das moradias que estão nos morros, em locais que podem sofrer desmoronamento. Em seguida, vamos ver a zeladoria e a questão da extinção de alguns cargos, embora quero deixar claro que não vamos prejudicar nenhum servidor de carreira. Vamos ter que sair cantando pneu, como eu fiz quando fui presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. É muita coisa a ser feita e há muitas demandas para serem resolvidas em quatro anos. O combate à corrupção vai ser meta fundamental do governo, com um sistema de compliance e de controladoria para verificar a qualidade dos serviços ofertados aos munícipes nos postos de saúde, por exemplo.


O senhor pretende criar ou extinguir alguma secretaria?


Por enquanto, eu não vejo nenhuma mudança na estrutura. As secretarias atuais já estão adequadas para o funcionamento da máquina, mas a gente precisa ver o custo da administração. Temos um problema sério com o Portal da Transparência. Ele não traz um raios X. Precisamos ter essas informações para que elas sejam analisadas por auditores e técnicos para saber o que está acontecendo na Prefeitura. Nosso secretariado será técnico e, possivelmente, alguns deles serão servidores de carreira. 


Quais são os seus planos para as empresas municipais, como CET-Santos, Cohab Santista e Prodesan?


A Cohab Santista é uma empresa que tem a participação de outros municípios da Baixada Santista, embora a Prefeitura de Santos seja a maior acionista. Vamos ter que fazer esse raios X para aproveitá-la de uma melhor forma. Precisaremos fazer uma parceria com a iniciativa privada para resolver essa questão habitacional. Precisamos saber o que a empresa tem de instrumentos, tecnologia e logística para saber como ela pode ajudar nesse sentido. Ela é uma empresa deficitária e precisaremos ver o que poderá ser reduzido. Sobre a Prodesan, a gente sabe que sua finalidade foi desviada há tempos. Ela aumentou muito o número de funcionários, é deficitária. O presidente da Prodesan mencionou que ela tem deficit anual de R$ 12 milhões e está devendo milhões, mas que parte dessa dívida seria da Prefeitura. Precisaremos examinar isso e verificar os caminhos que ela pode seguir, pois é uma empresa de planejamento. Sabemos que ela tem técnicos fabulosos e vamos pensar em uma forma para voltar a ser superavitária. A mesma coisa será feita com a CET-Santos, para verificar se todos estão trabalhando efetivamente. Uma coisa que é certa é que não teremos uma indústria da multa na Cidade. Isso eu não quero definitivamente. Multas são para fins educativos.


Quais caminhos serão tomados para avançar na política habitacional?


Já estamos fazendo um raios X dos projetos em andamento. Temos uma equipe de técnicos debruçada sobre essa demanda. Possivelmente, vamos ter que avançar nessa parte de moradias na Zona Noroeste, pois ainda há algumas áreas disponíveis. Também temos a ideia de avançar para a Área Continental. Para o Centro, é possível ter alguma solução habitacional, mas sem prejudicar a parte mais atrativa, que iremos utilizar para o turismo. A ideia é fazer um consórcio com o capital privado para repaginar o Centro. Isso passa por uma reavaliação dos tombamentos de imóveis. 


No seu plano de governo, o senhor cita como meta a criação de 10 mil empregos em quatro anos. Quais os caminhos para atingir isso?


Primeiramente, a gente precisa verificar o seguinte: nós temos um grupo de empresas que circunda a Prefeitura e que está ditando a economia do Município. Não há a possibilidade, diante dessa situação, de que outras empresas tenham condições de se erguer. A gente quer desburocratizar o máximo que puder, facilitar a instalação de empresas e verificar a questão fiscal decorrente desses passivos que os empresários têm por força da covid-19. É uma situação complexa. Vamos procurar atrair o capital de fora para erguer a Cidade, que está estagnada, ao meu ver. Temos uma parte pronta na Área Insular, mas que carece de zeladoria. As calçadas não são acessíveis. Precisamos avançar muito nessa parte da acessibilidade e fazer uma zeladoria adequada para tornar Santos atrativa novamente. Para tudo isso, precisamos ter sensação de segurança a empresários e munícipes. Se a gente não atingir esse objetivo, não conseguiremos mudar nada. 


E como avançar nessa área da segurança?


Vamos ter a muralha digital, que é equipar todas as entradas da Cidade com radares inteligentes para identificar veículos que passam por Santos e tenham sido fruto de roubo, furto ou outros crimes. O Centro de Controle Operacional (CCO) será interligado ao sistema Detecta, do Governo do Estado. Não há uma comunicação da CET-Santos com a Polícia Civil. Precisamos ter uma integração maior dos órgãos e com as câmeras particulares para a gente ter uma grande rede de câmeras de monitoramento. Tenho a ideia de ter um efetivo na Guarda Municipal de 800 homens. Vamos capacitá-los e ver a condição de segurança deles, como verificar se estão trabalhando com coletes à prova de balas vencidos. Vamos verificar os postos da Guarda Municipal e instalá-los em cada uma das escolas. Eles vão voltar a ajudar na vigilância dos postos de saúde. Com isso, vamos ter uma estratégia operacional da Guarda Municipal. 


O candidato pretende manter as Organizações Sociais (OSs) no gerenciamento de equipamentos públicos municipais?


Vamos examinar caso a caso. A gente sabe que grande parte das OSs está ligada ao crime organizado. Há algumas que estão funcionando e trabalhando. Temos exemplos nas cidades vizinhas. Precisamos verificar como elas atuam, como estão gastando os recursos e o que efetivamente oferecem aos munícipes. Em princípio, somos avessos às OSs, mas vamos verificar caso a caso esses contratos profundamente para não errarmos. 


Como o senhor pretende avançar na área da saúde?


Algumas unidades estão deterioradas e devem ser recuperadas. Precisamos melhorar o atendimento ao público, embora tenhamos um pessoal muito gabaritado na saúde e muito dedicado, mas existem aqueles que não cumprem as suas funções e vamos verificar isso. Queremos implantar a triagem digital dos pacientes por meio de aplicativos e a telemedicina. Quem não possuir um aplicativo vai ter acesso à mototriagem. Os profissionais da saúde irão de moto fazer a triagem e o encaminhamento de pacientes. Também ampliaremos as equipes do Programa de Saúde da Família (PSF). 


Como garantir a formação continuada dos professores e valorizá-los na rede municipal de ensino?


Vamos ouvir os professores, que estão desestimulados e sem incentivo. Precisamos revisar o plano de cargos e de carreiras, além de verificar a necessidade de contratar mais docentes. No Tribunal de Justiça, eu precisei fazer isso, porque a máquina estava defasada. Não podemos ter falta de professor, diretor e coordenador, que precisam ter estabilidade. Vamos melhorar a capacitação e estabelecer convênios com as universidades para oferecer mestrado e doutorado.


Como o senhor pretende lidar com a questão dos moradores em situação de rua?


A primeira coisa que vamos fazer é procurar verificar com cada morador e tentar buscar os seus familiares para equacionar a situação familiar deles, para que voltem às cidades de origem. Vamos ter uma muralha digital nas entradas da Cidade para impedir que prefeitos de outros municípios tragam a Santos moradores em situação de rua em peruas e caminhões. Teremos uma equipe multidisciplinar para dar uma atenção especial a esse público. Vamos fazer uma ronda constante nas ruas. Vamos ouvir também os cidadãos, pois muitos reclamam que os moradores em situação de rua atrapalha o comércio, os munícipes e os empreendimentos. Não vamos deixar que isso aconteça.


No seu plano de governo, o senhor diz que pretende rever a tarifa do transporte coletivo e cita a possibilidade de mais de uma empresa operar na Cidade. É possível diminuir o valor das passagens cobradas hoje?


Acredito que pode haver um barateamento. Pretendemos fazer a integração com o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Precisamos ter esse bilhete único para estimular a integração com as barcas e catraias para Guarujá e com outros municípios. Precisamos ter um transporte integrado. 


Como melhorar a zeladoria?


Sem zeladoria, não tem turismo. Temos um jardim da orla muito bonito, mas está faltando zeladoria nas ruas e mas calçadas. A gente não vê beleza, mas uma Cidade na Área Insular que está pronta há muito tempo, mas carece de uma zeladoria adequada. Precisamos melhorar isso para estimular o turismo. Uma coisa está ligada a outra.


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