Volume médio de água por habitante na região está reduzindo

Apesar dos números constatados, situação é considerada boa; desafio ao futuro é explorar novas fontes

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  04/10/19  -  00:40
O abastecimento humano, hoje, responde por 59,6% do consumo total na Baixada Santista
O abastecimento humano, hoje, responde por 59,6% do consumo total na Baixada Santista   Foto: Carlos Nogueira/ AT

Crescimento populacional aliado a baixos investimentos em novas fontes são os responsáveis pela redução, nos últimos anos, do volume médio de água por habitante na região. A conclusão consta do Relatório da Situação dos Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista, divulgado pelo Comitê das Bacias Hidrográficas da Baixada Santista.  


Pelo documento, entre 2014 e 2018, o volume per capita anual encolheu 3,7% – de 2.823,19 m³ há cinco anos, para 2.718,27 m³, ano passado. “Mesmo com a redução, a disponibilidade hídrica na região, de acordo com a classificação, é considerada boa”, avalia a publicação.  


O estudo cita que a vazão nos mananciais regionais está, desde 2014, em estado de atenção. O cenário é mais crítico na região central da Baixada Santista, dado o elevado consumo para abastecer as atividades industriais e portuárias. O documento afirma ser urgente ampliar os pontos de captação do líquido para que não exista conflito com o abastecimento humano, responsável hoje por 59,6% do consumo local.  


A Sabesp afirma ter investido em 11 anos “mais de R$ 1 milhão por dia (um total de R$ 4 bilhões entre 2007 e 2017) para manter universalizado o sistema integrado de abastecimento público e ampliar a coleta dos esgotos, mantendo o tratamento a 100% do coletado”. 


Investimentos 


O presidente do CBH-BS e prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (PSDB) afirma serem necessários investimentos “maciços” nas áreas de habitação e saneamento básico. “Ações nessas áreas são fundamentais para a preservação dos mananciais”.  


O Coordenador da Câmara Técnica de Planejamento e Gerenciamento (CT-PG) do colegiado, Cleber Ferrão Corrêa, acrescenta também a captação em locais ainda inexplorados.  


Orientações  


A publicação pondera que o desafio para o poder público será universalizar o abastecimento de água nos aglomerados subnormais (favelas). Também o de apoiar estudos para uso de subterrânea (responsável por apenas 0,02% do abastecimento local) a fim de suprir a demanda da indústria e comunidades isoladas.  


Outro destaque foi a utilização de mananciais que ainda não se encontram em situações críticas. O plano de investimento da Bacia Hidrográfica 2016-27 cita ao menos 12 rios e seus afluentes como possíveis fontes de água a serem exploradas “se a região mantiver a tendência de queda da disponibilidade”. 


Região está despreparada para enfrentar uma crise 


Embora menos suscetível à escassez, a Baixada Santista não está preparada para enfrentar uma eventual crise hídrica caso passe por longos períodos sem chuva. Também faltam locais para o estoque de água. Assim constatam especialistas ao afirmarem que a redução dos níveis dos rios da região é o primeiro alerta a uma eventual crise hídrica.  


A dependência do clima para o abastecimento regional se deve ao modelo de captação da água. Quase a totalidade do líquido consumido nas nove cidades (99,8%) é retirado diretamente de rios. 


A professora de Climatologia e Hidrografia da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), Maria Glória da Silva Castro, afirma que a característica dos rios na região facilita a formação das nuvens e de chuvas. “Há de se pensar também na qualidade desse recurso hídrico, que é abundante, mas se não cuidar das áreas de formação, terá uma série de problemas”. 


Por essa razão, o estudo do Comitê de Bacias indica ampliar a conservação e recuperação de matas ciliares, combate às habitações irregulares e à poluição. O documento também sugere à concessionária “ampliar seus pontos de reservação, como meio a suprir as necessidades em períodos de estiagens e sazonais (alta temporada) de falta de água”.  


Falta  


O presidente do CBH-BS destaca que os reservatórios não estão adequados para atender à população – em especial na temporada. Contudo, Mourão reconhece que o sistema de abastecimento interligado contribuiu para reduzir os períodos de falta de água nas torneiras.  


Reservatório em Guarujá 


A Prefeitura de Guarujá firmou acordo com a Sabesp para a construção de uma cava capaz de armazenar até 3 bilhões de litros. 


A medida é aposta do Estado contra o desabastecimento na região durante a temporada. A estrutura está em uma pedreira às margens da Rodovia Cônego Domênico Rangoni. O reservatório natural pode ser preenchido com água proveniente do Rio Jurubatuba.  


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