Moradores temem estragos em prédio de São Vicente

Edifício Biquinha corre risco de ser atingido por deslizamentos de terra e pedras caso chuvas intensas cheguem à região

Por: Egle Cisterna & Da Redação &  -  06/04/19  -  00:47
Mureta que separa a rua do fundo do edifício tem um vão até o térreo e está parcialmente danificada
Mureta que separa a rua do fundo do edifício tem um vão até o térreo e está parcialmente danificada   Foto: Nirley Sena/ AT

Basta o tempo fechar para que moradores de um prédio na Biquinha, em São Vicente, percam o sono. Construído nas encostas do Morro dos Barbosas, na Avenida Getúlio Vargas, o Edifício Biquinha corre o risco de ser atingido por deslizamentos de terra e pedras caso chuvas intensas cheguem à região.


Na parte de trás do prédio, há uma via de paralelepípedos sem saída, a Rua João Pereira de Almeida, que separa os fundos da construção do morro.


“A Defesa Civil Estadual esteve aqui e interditou os quatro primeiros andares do prédio, mas as pessoas não saíram. Será que se rolar pedra deste morro só os andares de baixo estão em perigo? E a estrutura do prédio?”, questiona o morador Isaías Martins, ao lembrar que o local já havia sido alvo de vistoria da Defesa Civil.


O também morador Edson Macedo, dono de uma lanchonete ao lado do prédio, conta que, no ano passado, teve seu estabelecimento interditado por causa do risco estrutural.


“Tive que contratar uma geóloga e fazer laudos para reabrir. Foi um gasto grande. A prefeitura começou a fazer um projeto para resolver essa encrenca, mas nada vai para frente”, queixa se ele, há 30 anos ali.


Há pontos do morro onde é possível ver marcas de deslizamentos recentes de terra e de pedras. Pela inclinação do morro, a viela de paralelepípedos fica na altura do quarto andar do prédio, e isso faria com que os apartamentos abaixo do nível da via fossem atingidos mais facilmente.


A mureta que separa a rua do fundo do prédio tem um vão até o térreo, com cerca de dez metros de altura, e está danificada em alguns pontos, tornando perigosa a circulação de pessoas por ali.


Órgãos Públicos


O secretário municipal do Meio Ambiente, Gustavo Palmieri, afirma que não há motivo para pânico dos moradores e que providências estão sendo tomadas. “Ele [o prédio] foi interditado uma única vez por uma suspeita de deslizamento. Foi apenas [um ato] preventivo”.


O secretário declara que a prefeitura alertou os moradores a fazer um muro de contenção na área particular, pois “todo morro é passível de deslizamento”.


Palmieri diz, ainda, que a prefeitura fez, no mês passado, um projeto para contenção da encosta que foi enviado ao Governo Federal, para liberação de recursos. Enquanto a resposta não chega, ele assegura que a prefeitura está monitorando o local.


Por nota, a Defesa Civil do Estado informou ter feito nova vistoria técnica em São Vicente para a retirada do nível de alerta estabelecido no Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC).


O órgão explicou que, a pedido da prefeitura, fez vistoria emergencial do prédio em fevereiro e recomendou a interdição preventiva dos quatro primeiros andares. Também confirmou que o município enviou ao Governo Federal um projeto para contenção da encosta.


A Tribuna não esquece


23 de dezembro de 1966


O Edifício Vista Linda desabou após um deslizamento no mesmo morro. Um policial rodoviário, o sargento Jaime de Miranda, que trabalhava no posto na Ponte Pênsil, ouviu um estalo e percebeu que terra e pedras estavam cedendo do morro. Ele avisou o zelador, João Joaquim da Silva, que percorreu os dez andares para os moradores saírem da construção. Em cinco minutos, o prédio tombou, mas 38 moradores conseguiram sair a tempo. O único ferido, sem gravidade, foi o zelador, que machucou um pé. A Avenida Getúlio Vargas permaneceu fechada, e seis prédios vizinhos foram desocupados. O prédio que caiu já havia sido interditado antes.


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