O tempo de espera por uma consulta com um especialista foi o responsável por uma família reviver um momento de luto em São Vicente. Cinco meses após a morte da avó, de 80 anos, a neta foi informada através de mensagens de Whatsapp de que a consulta com o cardiologista pelo Sistema Único de Saúde (SUS) havia sido disponibilizada. "Fiquei péssima. Quando recebi a mensagem, engoli seco", desabafa.
A aposentada Ozias Carneiro do Espírito Santo, de 80 anos, fazia acompanhamento cardiológico devido aos seus problemas de saúde. Segundo a neta, Maria Luiza Carneiro Belarmino, de 26 anos, a idosa chegou a passar por um cateterismo antes de morrer.
"Ela estava aguardando a consulta há alguns meses. Minha mãe procurava com frequência a UBS da Vila Margarida para ter notícias sobre essa consulta de retorno. A resposta era sempre para aguardar a ligação", relata Maria Luiza.
Ozias sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em casa e morreu no dia 12 de maio. Foi por meio do Whatsapp, no dia 15 de outubro, que a neta soube da disponibilização da vaga do cardiologista.
"Fiquei péssima. Quando recebi a mensagem engoli seco. Gostaria que minha resposta tivesse sido outra, mas não mudaria muita coisa. Minha avó sempre dependeu do sistema e teve que aguardar meses para passar por retornos", lamenta a neta.
Em nota, a Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria de Saúde (Sesau), informa que a paciente vinha sendo acompanhada pela cardiologista da rede desde outubro do ano passado. Como a região onde a paciente residia era coberta por agentes de saúde, ela recebeu visitas destes profissionais em sua casa, para acompanhamento clínico.
No entanto, em dado momento, a paciente não foi mais encontrada em sua residência, o que impediu que os agentes seguissem com o atendimento até que ocorresse seu retorno ao cardiologista. A pasta ainda ressalta que a família não informou, em nenhum momento, para onde a levou, bem como não houve nenhum comunicado sobre a necessidade de medidas emergenciais em relação à paciente.