Turismo e tecnologia são apostas do prefeito para nova década de Santos

Rogério Santos (PSDB) explica planejamentos e desafios dos próximos anos

Por: Da Redação  -  26/01/21  -  19:56
Rogério Santos (PSDB) afirma investir em infraestrutura do município
Rogério Santos (PSDB) afirma investir em infraestrutura do município   Foto: Alexsander Ferraz/AT

O prefeito de Santos, Rogério Santos (PSDB), aposta no turismo e na tecnologia para planejar a cidade da nova década. Em entrevista para A Tribuna, ele chamou a população e o empresariado local para se apropriar do Parque Tecnológico de Santos. “Ele tem que ser um centro de empreendedorismo. Por isso, nós precisamos mais do que nunca trabalhar com as universidades e com o Sistema S”.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Qual o planejamento estratégico da Prefeitura para a Santos da nova década?


Santos, a cada momento, se reinventa. São 475 anos de história, que se replica várias vezes. O momento que a gente está vivendo é de desafio. Sempre quando a Cidade foi desafiada, respondeu com inovação, com riqueza cultural. Toda essa crise, por exemplo, nós já tivemos no fim do século retrasado e no início do passado. E Santos soube superar. Com a outra crise sanitária, tivemos os canais, o desenvolvimento da Cidade. E é isso que a gente espera agora. Graças a essa tradição da liberdade e da terra da caridade que hoje a gente pode falar de empatia, liberdade e responsabilidade com o próximo.


Qual a riqueza de Santos?


Essa cultura mágica que tem a Cidade. Uma cidade portuária, que trouxe tantas realidades do mundo todo para dentro de Santos, através das pessoas que vieram aqui, que passaram, que vieram trabalhar, construir a sua vida. Isso se concretiza com toda essa infraestrutura que Santos tem, a riqueza dos edifícios históricos, das colônias estrangeiras, das pessoas que vieram de outras partes do País e do mundo.


Como o senhor vê a Santos dessa nova década?


Vejo uma Cidade cada vez mais fraterna, cada vez mais madura e que se projeta nas suas principais características. O Porto sempre foi essência de Santos. E eu vejo, nesse momento, o Porto seguindo como essa máquina que impulsiona a Cidade. Vejo no turismo e na tecnologia as grandes frentes que nós temos de desafio para essa Santos que se renova no dia a dia.


Como a cidade pretende estruturar seu turismo numa visão estratégica?


Nós estamos investindo muito em infraestrutura. Temos como símbolo a Nova Ponta da Praia, que possui um equipamento (Centro de Atrações Turísticas, o CAT), que hoje é administrado pela maior empresa de eventos do mundo, a GL, que tem sede na França e é a responsável pelos centros de convenções de Paris, Barcelona, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. Ela escolheu Santos porque acredita no turismo de Santos. É um anseio que eu ouço, desde jovem, que o turismo de apenas um dia em Santos não trazia grandes riquezas. E hoje o que a gente vê é a Cidade com turismo de negócios. Temos um centro de convenções, um Novo Mercado de Peixes, um turismo cultural. Temos a Lagoa da Saudade, no morro, o Jardim Botânico, na Zona Noroeste. Temos o potencial cultural caiçara da área continental. Também existe o turismo na economia criativa.


O que falta para a população se apropriar do Parque Tecnológico de Santos?


Nessa Santos da nova década, o Parque Tecnológico deve ser um local de encontro de pessoas, de inovadores. A Cidade precisa se apropriar desse parque. Ele foi inaugurado no meio do ano passado e tivemos aí uma realidade de afastamento, de isolamento, que dificultou muito dessa apropriação. O Parque Tecnológico tem que ir além da tecnologia, da inovação. A tecnologia passa pelo artesanato, pela gastronomia. Tem que ser um centro de empreendedorismo. Por isso, nós precisamos mais do que nunca trabalhar com as universidades e com o Sistema S.


O senhor criou uma secretaria unindo assuntos portuários e o Centro Histórico. Quais são os grandes projetos dessa pasta?


A relação Porto-Cidade, principalmente com os bairros aqui da região central, é intrínseca. Todos os bairros da região central são retroportuários. O Valongo, o próprio bairro Chinês, com uma ligação com os armazéns, a Vila Mathias, com os terminais portuários, o Paquetá, a Vila Nova e o Centro. O grande desafio da região central é a habitação. Precisamos trazer habitação para os bairros, vocacionada para o jovem, para o idoso, para o pessoal da cultura. Moradias populares, com um planejamento urbano muito focado na ocupação dessas áreas. Quando você ocupa, você traz até novas atividades comerciais, como supermercados e padarias. Tudo a partir da habitação.


Mas como faz para isso virar realidade?


Temos uma grande mola propulsora, que será o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Temos as leis de incentivos, inclusive as PPPs (Parcerias Público Privadas), que foram aprovadas no ano passado. Vai ser preciso articular, tem que planejar e estar envolvido com todas as secretarias para convergir nessa política de governo, que é a ocupação do Centro com as várias atividades.


Existe um entrave para que a construção civil se aproveite desses incentivos e construa no Centro?


É uma questão de convencimento. Através das PPPs, nós podemos, inclusive, trazer empresas especializadas em habitação. Estou falando de habitação nos prédios históricos, mantendo a história, mas numa modernidade interna, favorável aos novos estilos de viver. A região central é bonita. O poder público tem a sua responsabilidade. Fizemos as leis de incentivos e o planejamento urbano. Agora, a população como um todo precisa participar e tem que acreditar. Muitos empresários possuem imóveis fechados. Nós vamos fazer esse chamamento e trazer esse desafio ao santista, ao empresário e à população, para que ela venha morar no Centro.


Como haverá confiança para reocupar o Centro?


Em todos os países no mundo, você anda na rua e não vê policiais. Muitas vezes, há somente a movimentação, que cria a sensação de segurança. São pessoas participando e tornando o Centro vivo. E é nessa política, que é uma política de desenvolvimento urbano, que vamos trabalhar.


O senhor foi gestor do projeto para revitalizar o Mercado Municipal, que nunca saiu do papel. Como transformar aquela área?


Santos tem essa característica da especulação imobiliária, é uma cidade cara para se viver e o que existe envolvendo a região central e a região específica do Mercado envolve questões sociais graves. A gente tem que ter o cuidado de não expulsar as pessoas dali. Pode haver especulação por conta do VLT. As vilas criativas surgiram justamente na região do Mercado. Já qualificamos muitas pessoas na Vila Criativa do Mercado, elaboramos outra na Vila Nova, com arte, esporte, cultura, mas principalmente empreendedorismo Estamos criando a escola pública de cinema, de audiovisual. Acabamos de fazer uma licitação para uma cervejaria. O Mercado Municipal de São Paulo tem o sanduíche de mortadela como referência. Uma das nossas vocações envolve a cervejaria artesanal. Além disso, o turismo gastronômico ligado à cerveja, o encontro dos cervejeiros, tudo isso vai dar uma nova visão para o mercado. Temos o projeto prévio de ocupação, com reformas, novos boxes e estamos buscando, através da lei do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), o investimento para realizar finalmente essa reforma. O mais importante é dar oportunidade às pessoas. Se fizéssemos algo de impacto urbano sem trabalhar a oportunidade para o povo, estaremos criando uma especulação imobiliária e o afastamento das pessoas daquele local, sem resolvermos os problemas.


Ali tem o problema crônico dos moradores de rua e da drogadição...


Tudo precisa ser feito de maneira planejada, articulada e no seu tempo. A drogadição é um problema social grave que nós temos lá e não é da noite para o dia que se resolve. Precisa de delicadeza e cuidado.


Uma reforma apenas não muda o todo, os problemas sociais continuariam...


Se você age com uma reforma estrutural, apenas urbana, você vai deslocar o problema social para outro ponto. Então, passa primeiro pela dignidade da habitação. Temos um projeto habitacional já pactuado com o Governo do Estado para a construção de moradias.


O que o santista pode esperar da educação para a nova década?


Fizemos uma infraestrutura. E precisamos da valorização do professor. Nós vamos trabalhar essa nova educação de forma atrativa, que é o projeto do Parquinho Tecnológico, novas metodologias educacionais e, o principal, é a educação em período integral, que é a minha bandeira número um, com a educação cidadã. Então, é o acesso à tecnologia, popular, a conscientização, aos programas que a gente já tem, como o Aluno Ouvidor, o Jovem Doutor e os grêmios estudantis, que foram resgatados. Essa educação cidadã envolve todos os conceitos do Parquinho Tecnológico, com empreendedorismo, educação financeira, tecnologia e robótica.


Logo A Tribuna
Newsletter