A Santa Casa de Santos espera por investidores dispostos a restaurar os prédios que abrigaram a Faculdade de Tecnologia (Fatec) Baixada Santista - Rubens Lara e a Escola Técnica Estadual (Etec) Escolástica Rosa, ocupados até 30 de julho. O objetivo é transformar o espaço em um centro cultural e gerar receita com a locação de parte da estrutura. A diretoria estima serem necessários cerca de R$ 40 milhões para recuperar os imóveis.
O provedor da Santa Casa, Ariovaldo Feliciano, acredita que, assim que o terreno for anunciado, aparecerão investidores.
“É uma área nobre, e hoje, em Santos, não há ponto em frente ao mar como aquele. A exigência da Santa Casa é que o imóvel seja restaurado e ali funcione um centro cultural. Na área restante, o investidor deverá nos apresentar um projeto e optaremos pelo que for melhor para a instituição.”
Questionado se há alternativa para o caso de não surgirem interessados, o dirigente foi taxativo: “Não, nós iremos conservando (as construções)”.
O provedor ressalta que, enquanto ninguém assumir a área, realizará manutenções pontuais nas edificações para não deixar que se deteriorem ainda mais.
Feliciano afirma que a instituição gasta R$ 11 mil por mês para manter o terreno, valor usado para pagar custos como os de vigilância.
O provedor informa que a Santa Casa não tem condições de investir na restauração, nem poderia. “O que a Santa Casa recebe é para investir na saúde.”
Laudo
A Santa Casa só informou o que pretende fazer com o terreno após vistoria dos imóveis que estavam sob gestão do Centro Paula Souza (CPS) – órgão vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado.
A averiguação começou no dia 31 de julho, mesma data da devolução das chaves. Levou mais de um mês para que uma equipe, formada por engenheiro eletricista, engenheiro civil e especialistas de diversas outras áreas, concluíssem o laudo.
Apesar de a estrutura do prédio do antigo Escolástica Rosa não apresentar riscos de desabar, problemas como rachaduras, infiltrações, mofo, piso quebrado e fios de eletricidade expostos foram detectados. No prédio que abrigava a Fatec, a condição é pior.
“A situação que encontramos era o dia a dia do Escolástica. Portanto, alunos e funcionários estavam sob risco iminente”, declarou Augusto Capodicasa, diretor Administrativo e Financeiro do hospital.
Antevendo questionamentos da população sobre o motivo de a Santa Casa não ter procurado o Estado para que desapropriasse os prédios, o provedor, Ariovaldo Feliciano, alega ter notificado o Centro Paula Souza para conservar o patrimônio da instituição.
“A resposta sempre foi a mesma: ‘o Estado não faz conservação de propriedades que não é dele’. Por isso, nunca colocaram uma lata de tinta dentro do Escolástica Rosa”, diz.
Resposta
O Centro Paula Souza esclarece, em nota, que não foi comunicado formalmente dos resultados da vistoria. “O contrato de locação do imóvel que pertence à Santa Casa determina que a manutenção deveria ser feita pela proprietária, o que não ocorreu. Apesar disso, o Centro Paula Souza custeou reparos das instalações, respeitando limitações impostas pelo tombamento histórico do prédio”, escreveu.