Está no Diretório Nacional do PSDB o pedido para que se expulse do partido o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa. A cúpula paulista da sigla o acusa de infidelidade partidária por ter apoiado o governador Márcio França (PSB) na disputa com o tucano João Doria no segundo turno da eleição para o Palácio dos Bandeirantes. A Executiva Estadual da legenda também avalia a eliminação de seus quadros do vereador Felipe Roma, o Rominha, de São Vicente.
O presidente do PSDB paulista, deputado estadual Pedro Tobias, enviou no dia 21 a abertura da investigação e um parecer jurídico contra Paulo Alexandre para a instância nacional.
“O processo veio para mim, e eu o mandei para (o diretório) nacional. Só eles que podem expulsar o Paulo”, sustenta Tobias, pelo fato de o prefeito ser membro da Executiva Nacional. Paulo Alexandre não se pronunciou para A Tribuna.
No mês passado, antes do resultado do segundo turno, o Diretório Municipal do PSDB recebeu um pedido de expulsão do prefeito. Agora, a questão será analisada pelo Conselho Nacional de Ética e Fidelidade Partidária, já com o parecer pela saída forçada emitido pelo colegiado paulista.
Caso o processo avance, a decisão final será tomada pelo presidente nacional do partido, o ex-governador Geraldo Alckmin, padrinho político do prefeito. O Conselho de Ética tucano ainda não definiu quando haverá reunião para apurar as acusações contra ele.
Histórico
À frente da quinta maior cidade paulista chefiada pelo PSDB, Paulo Alexandre Barbosa foi o único chefe de Executivo social-democrata da Baixada Santista a não apoiar João Doria para o Governo do Estado.
Entre parte dos tucanos, havia o entendimento de que se deveria dar prioridade à candidatura presidencial de Geraldo Alckmin. Isso deixaria livre o caminho para que o então vice, Márcio França, que se tornou governador com a renúncia do titular, disputasse a reeleição com apoio do PSDB.
Entretanto, pressões internas na legenda resultaram na indicação de Doria, ex-prefeito de São Paulo, para concorrer a governador. Em prévias, obteve apoio superior a 80% dos filiados. Com sua candidatura ao Estado oficializada, seis prefeitos tucanos da Baixada – reduto eleitoral de Márcio França – optaram por Doria.
O prefeito santista, porém, não é o único caso do gênero analisado nacionalmente pelo PSDB. Na semana passada, o Diretório Municipal de São Paulo remeteu a Brasília o pedido de expulsão do ex-governador Alberto Goldman, acusado de trabalhar pelo candidato Paulo Skaf (MDB). Outros seis prefeitos tucanos paulistas também se posicionaram contra Doria, e houve quem deixasse a sigla.
Rominha
O Diretório Estadual do PSDB analisa, ainda, a situação do vereador vicentino Felipe Roma, o Rominha. Ele também é acusado de fazer campanha para Márcio França.
Segundo o presidente da Conselho Estadual de Ética, Raul Christiano, serão determinados um relator e abertura de prazo para que o vereador apresente defesa.
“Se o PSDB tomar uma decisão de caça às bruxas, vou me defender, vou buscar meus direitos dentro do partido, como vereador e filiado à legenda”, diz Rominha.
O vereador diz estar tranquilo, ao alegar que o PSDB não “deu um direcionamento a quem deveria apoiar” nas eleições passadas. “Agi independentemente das convicções políticas. Agi por convicções regionais, por entender que a eleição de Márcio França seria o melhor para minhas cidade e região. Mas ajudei na eleição de candidatos a deputado federal e senador do meu partido”, defende-se.