Proibição de animais na faixa de areia das praias de Santos divide opiniões

Veterinária esclarece que pets e pessoas podem adoecer caso não mantenham cuidados

Por: Carolina Faccioli  -  16/06/21  -  07:50
Atualizado em 18/06/21 - 14:23
    Cães e tutores precisarão seguir regras para utilizar as praias de Santos
Cães e tutores precisarão seguir regras para utilizar as praias de Santos   Foto: Carlos Nogueira-AT/Arquivo

Praia também pode ser lugar de pet. No entanto, apenas até o calçadão. Isto é o que diz a lei municipal de Santos nº 3.531/1968. Apesar do decreto, ainda é comum observar tutores levando cachorros para passear na areia da praia do município. A prática divide as opiniões dos moradores, pois alguns temem que tal atividade ofereça mal e outros discordam.


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Segundo a médica veterinária especialista em cirurgia de pequenos animais, Denise Proença Martins de Oliveira, expor os animais à praia requer cuidados, pois eles podem sim adoecer.


"Eles podem pegar problemas de pele, algum fungo ou um ancylostoma (verme intestinal), que é comum de dar na areia. Problema de pele é o principal, então são vários tipos, desde uma alergia até um parasita ou um fungo, então a gente precisa tomar cuidado".


Os problemas também não se limitam apenas aos animais. Ainda segundo a veterinária, as pessoas também correm risco de adquirir doenças causadas por cachorros que recebem menos cuidados.


"Se um cachorro que tem um tutor menos cuidadoso, que não vermifuga o cachorro, e ele tiver com um ancylostoma, que é um verme intestinal, e ele defecar nessa areia, têm pessoas conscientes (que recolhem as fezes) e outras nem tão conscientes assim, que não recolhem, então pode ocasionar a larva migrans, que é o bicho geográfico, gerado pela larva do ancylostoma. Então, corremos risco de pegar verminose ou problemas de pele".


O jornalista Luiz Vinagre, de 73 anos, é um dos munícipes de Santos que acredita que os animais não devem frequentar a areia da praia. Segundo ele, no dia 6 de junho abordou três tutores de cães na praia de Santos para saber se eram da Cidade.


"Eu ando muito na praia e questionei recentemente as pessoas que estavam na praia e as três pessoas eram de Santos. Eu abordo para saber se são da Cidade e fico decepcionado. Se é uma pessoa de fora costumo explicar (sobre a lei)".


Apesar de afirmar que nunca se infectou com doenças de praia, o jornalista teme pelos idosos e crianças de modo geral e salienta que é preciso uma fiscalização mais efetiva e um investimento na questão dos avisos, para conscientizar os moradores e turistas.


Já a estudante Lívia Gonçalves, de 21 anos, diz que é a favor de deixar os cães frequentarem a areia da praia, desde que os tutores desses animais tomem todos os cuidados.


"Eu acho que não é um problema o cachorro andar na areia, mas o cachorro não vai controlar a hora que vai fazer as necessidades. Se tiver que fazer, vai fazer na areia e todo mundo sabe que o bicho geográfico já é um problema na praia, não só para o humano, mas para o cachorro também".


Fiscalização


Segundo a Prefeitura de Santos, a Guarda Civil Municipal (GCM) fiscaliza diuturnamente toda a extensão da faixa de areia, jardim e calçadão da orla da praia. A legislação vigente prevê que animais não podem ingressar na faixa de areia, com pena passível de multa ao proprietário e até apreensão do animal.


Ainda segundo a prefeitura, cães podem transitar no jardim da praia, sendo que para os de médio e grande porte é necessária a colocação de focinheira e eles devem ser conduzidos por meio de coleira. Os dejetos têm de ser recolhidos pelo dono.


A GCM informa que, desde janeiro, foram aplicadas três multas e mais de 130 abordagens a donos de animais de estimação na orla da praia. A população pode acionar a fiscalização pelo telefone 153.


Projeto de lei


O Projeto de Lei Complementar 29/2019, de autoria do Vereador Adilson Junior (PP) foi criado com o intuito de permitir cachorros nas praias de Santos. Por decisão em Plenário, o projeto retornou em 17 de dezembro de 2020 para análise de Comissão Permanente.


No dia 10 de fevereiro deste ano, seguiu para a Comissão de Proteção e Bem-estar da Vida Animal para emissão de novo parecer, caso haja fato novo ou manutenção do parecer anterior.


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