Prefeito de Santos fala sobre lockdown, desafios e previsões para a cidade em 2022

Rogério Santos encerra a série com os chefes do Executivo na região, em entrevista exclusiva

Por: Sandro Thadeu  -  31/12/21  -  14:22
Atualizado em 31/12/21 - 15:03
Prefeito de Santos fala sobre lockdown, desafios e previsões para a cidade em 2022
Prefeito de Santos fala sobre lockdown, desafios e previsões para a cidade em 2022   Foto: Alexsander Ferraz/AT

O prefeito de Santos, Rogério Santos (PSDB), fecha a série de entrevistas feitas por A Tribuna com os chefes do Executivo das nove cidades da Baixada Santista. Ele destacou que a decisão mais difícil do primeiro ano de gestão foi o lockdown para frear a proliferação de covid-19. O tucano também citou importantes obras que começarão a sair do papel, como a Policlínica do Dique da Vila Gilda. Confira os principais trechos da entrevista a seguir.


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Qual o balanço que o senhor faz deste ano tão conturbado?


Foi um ano desafiador para qualquer gestor público, principalmente naquilo que se refere ao que penso que é o futuro da política: a ideologia política, que era muito focada na questão do capital e vai se dissipar ao longo do tempo. A busca é pelo tripé da sustentabilidade, com o equilíbrio das questões sociais, ambientais e econômicas. Esse foi o desafio deixado para nós durante a pandemia de covid-19. Quando a gente cita a questão da saúde, falamos do meio ambiente e do social. Mas como equilibrar saúde e economia? Esse é o grande desafio do mundo. Este fim do ano mostra que os desafios das mudanças climáticas têm sido cada vez mais intensos.


Até que ponto a sua experiência como secretário municipal durante as duas últimas gestões te ajudou neste primeiro ano de gestão?


Essa experiência me deu um sentimento de equilíbrio. O conhecimento da máquina pública, os desafios que tivemos ao longo das gestões do ex-prefeito Paulo Alexandre Barbosa e a participação nas ações no início da pandemia me deram essa segurança de estar à frente de um processo tão difícil e de tomar as decisões com muita segurança, como o lockdown. Eu tenho certeza que o lockdown em Santos ajudou muito na conscientização da população para o próximo passo: a vacinação. Essa foi a melhor resposta que a população poderia ter dado.


A decisão do lockdown foi a mais difícil que o senhor tomou neste primeiro ano de mandato?


Com certeza. Sabíamos que estaríamos salvando vidas, mas causando desemprego e também o fechamento de muitas empresas.


Qual ação ou projeto estratégico que o senhor idealizou para este ano e que ficará para 2022?


Independentemente da pandemia, vários projetos avançaram. Hoje, Santos tem a construção da sua primeira estação elevatória (para drenagem das águas pluviais) na Zona Noroeste. Restabelecemos o processo que estava judicializado em relação ao Novo Quebra-Mar. Avançamos no projeto do Mercado Municipal, que agora entra em processo de licitação. Conseguimos assinar o Trimmc (Termo de Responsabilidade de Implantação de Medidas Mitigadoras e/ou Compensatórias) para a construção um equipamento que considero um dos mais importantes, que é a Policlínica do Dique da Vila Gilda. Tínhamos o compromisso com a revitalização do Centro e foi algo que começamos com a Primeira Criativa e, depois, outros eventos. Tivemos a cessão do imóvel da Rua Gonçalves Dias (antigo Ambesp), que será transformado em habitações. Foi uma conquista trazer a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), com 1.000 alunos, para a região central e obter a transferência da Diretoria de Ensino para o Centro.


Como a Prefeitura se planejou para amenizar a questão das enchentes e os efeitos causados pelas fortes chuvas, recorrentes nos primeiros meses do ano?


Hoje a minha maior preocupação em relação às mudanças climáticas é com os morros. Eu peguei algumas obras em execução, outras já estão financiadas e também buscamos mais recursos. Com isso, fizemos R$ 50 milhões em investimentos em diversos morros e áreas da Cidade, fazendo obras de contenção para deslizamentos e recomposição daquilo que foi destruído em março de 2020. Em relação à Zona Noroeste, a estação elevatória é um ganho e destaco que mais duas estações elevatórias estão em andamento. Uma delas é o que foi assinado agora com o Governo do Estado, que é a estação elevatória com piscinão no ponto mais baixo de Santos, no início da Avenida Nossa Senhora de Fátima. A outra ficará na região do Arte no Dique. O projeto já está sendo analisado pela Caixa Econômica Federal e tem recursos garantidos. Também está na Caixa para análise o projeto do canal e da comporta na Vila Alemoa. Destaco ainda as obras que estão sendo feitas por meio de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) do Ministério Público Federal, que é a retificação do Rio Lenheiros, no Saboó. Todo aquele compromisso de continuar as obras da Entrada da Cidade e de drenagem do governo anterior, nós estamos mantendo dentro do programa planejado.


Daqui a quanto tempo a população começará a sentir os efeitos dessas obras na Zona Noroeste?


No Castelo, com a entrega das obras de retificação do canal da Avenida Haroldo de Camargo, já houve um grande ganho. A primeira estação elevatória da Zona Noroeste vai beneficiar a região do Castelo e da Areia Branca. A outra estação, que ficará pronta daqui a dois anos, vai ajudar os moradores do Rádio Clube. A retificação do Rio Lenheiros e a estação elevatória do Saboó vão abranger a Vila Haddad, Vila Alemoa, Saboó e Chico de Paula.


Além da Policlínica do Dique da Vila Gilda, quais são os avanços planejados para a área da saúde no próximo ano?


A conclusão da reforma do Hospital da Zona Noroeste, inclusive sendo um hospital referência em pediatria, e a busca de recursos para o custeio e a ampliação do Hospital dos Estivadores, que é municipal, mas tem uma característica regional. Foi assim durante a pandemia e é assim como maternidade. A reforma do Hospital da Zona Noroeste depende de aporte de recursos. Já estamos fazendo algumas reformas e buscando Trimmcs para fazer esse investimento, que está estimado em R$ 40 milhões.


Quais avanços estão projetados para a Educação?


Eu sigo todo o projeto traçado pela equipe de servidores da Educação, que traçam as metas e objetivos. Assinei neste ano a TV Educativa de Santos, que será uma parceria com a TV Cultura. Isso vai ajudar no reforço escolar. Tanto a TV quanto o reforço de aulas em período integral serão ampliados. Em 2022, daremos um reforço ainda maior aos anos iniciais. Teremos uma ação diferente, mais específica e atuante no reforço da alfabetização.


Será lançado um novo concurso público em 2022?


Temos compromisso com a qualidade da Educação. Faremos o chamamento de mais professores. O concurso é necessário na Educação e será feito, assim como em alguns setores da Saúde, em especial na Saúde Mental, que será reforçada.


O senhor pretende fazer alguma reforma administrativa?


Não tenho planejado nenhuma mudança. Elas são feitas sempre que necessárias, mas pretendo fazer em 2022 um incremento na parte da zeladoria da Cidade, como a melhoria da limpeza urbana e a destinação final de resíduos sólidos por meio de uma PPP (parceria público-privada). Vamos fazer uma PPP para a iluminação pública. Essa PPP da área de resíduos sólidos trará um grande investimento inicial, com o aumento no número de contentores. Hoje, esse número não chega a 2 mil, mas vai passar para um número de 5 mil a 7 mil. A PPP prevê a solução de um passivo social ambiental muito grande, que é o lixão da Alemoa. Ela vai trazer a modernização da coleta. Em relação à iluminação pública, a mesma coisa. Temos um parque de iluminação com mais de 45 mil pontos. Em grande parte, já fizemos a troca por lâmpadas de LED, mas temos outros desafios e melhorias a serem feitas, o que melhorará a sensação de segurança. Também pretendo reorganizar as subprefeituras, ampliando o trabalho de zeladoria, mas com a CET-Santos (Companhia de Engenharia de Tráfego) e a Assistência Social presentes.


O que será feito de diferente nas subprefeituras?


Desde que assumi, procuro despachar duas vezes por semana fora do gabinete e normalmente vou à Zona Noroeste e aos morros. Sinto que estar mais próximo de outros bairros de fora da região central traz uma resolutividade e uma visão melhor da Cidade. A subprefeitura não deve ser somente uma executora de serviços, mas deve atender a população por meio da Ouvidoria, com operadores da CET-Santos e trabalhadores da Prodesan com agendas específicas para os subprefeitos.


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