Em maus lençóis no ninho tucano após declarar voto em Márcio França (PSB) na eleição para governador e criticar o correligionário João Doria, o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, disse que não pretende pedir desfiliação do PSDB, mas que suas “convicções estão sempre acima de qualquer partido”.
Conforme mostrou A Tribuna nesta terça-feira (30), a direção estadual do PSDB irá analisar a situação dos tucanos que pregaram votos em França no segundo turno. O presidente da sigla no Estado, Pedro Tobias, falou que aguardará a saída por iniciativa própria dos “dissidentes” e que aqueles que não partirem serão expulsos.
Na inauguração de centros cirúrgicos e leitos no Hospital dos Estivadores, o prefeito se disse tranquilo com a posição que adotou no pleito.
“Eu tenho 20 anos de PSDB e quatro eleições disputadas. Dei minha boa contribuição ao partido e estou pronto para discutir os meus posicionamentos em qualquer esfera partidária, porque tomei todos eles por convicção e vou defendê-los com bastante tranquilidade”, afirmou.
Ele declarou também que o “PSDB não tem dono”. “Existem instâncias que precisam ser cumpridas e talvez falte ao presidente (Pedro Tobias) capacidade de ler o estatuto partidário para saber que ele não tem autonomia para expulsar ninguém”, sustentou o tucano, que é membro da Executiva Nacional da legenda.
Paulo Alexandre comentou que não pretende deixar o PSDB, nem possui plano B em caso de expulsão. “Meu plano é seguir com as minhas convicções e a coerência que eu sempre mantive na minha vida pública, fazendo aquilo em que eu acredito. Minhas convicções estão acima de qualquer partido político e são elas que norteiam minha vida pública”.
Questionado sobre como será a relação com o governador eleito João Doria, visto que apoiou o adversário dele, o prefeito defendeu que é preciso “saber separar a parte política da institucional”. “A eleição acabou no domingo e quem ganhou governa para todos”.
Ele continuou dizendo que, como chefe do Executivo santista, tem a responsabilidade de manter relacionamentos institucionais “de alto nível” com o Estado e a União.
“A qualidade dos projetos e a importância que a Cidade tem para o País não podem ser reduzidas a uma questão político-eleitoral. Quem está nos cargos tem que ter essa responsabilidade. Eu não tenho dúvidas que tanto o presidente Bolsonaro, que não recebeu meu voto, quanto o governador Doria vão ter essa grandeza”.
Perguntado na sequência se, como não havia votado em Jair Bolsonaro (PSL), tinha escolhido Fernando Haddad (PT) no domingo, Paulo Alexandre desconversou: “Isso é você que está falando”. A Reportagem replicou que estava perguntando. O prefeito saiu andando sem responder e encerrou a entrevista.
Sem participar dos eventos de campanha de Doria na Baixada Santista, Paulo Alexandre causou mal-estar no PSDB ao receber França no Palácio José Bonifácio, sede da Prefeitura de Santos, no dia seguinte ao primeiro turno.
A tensão se intensificou quando, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o prefeito fez duras críticas a Doria, o chamou de traidor e declarou voto em França.
No ano passado, o ex-prefeito da Capital tentou se viabilizar como presidenciável no lugar de Geraldo Alckmin, o que acabou sendo malvisto para parcelados tucanos.
No sábado (27), véspera do segundo turno, Paulo Alexandre voltou a pedir votos ao atual governador em um vídeo publicado no Facebook.