Obras na entrada de Santos podem colocar 'Peixe' em risco, alerta escultor

Autor da obra, erguida no quilômetro 64 da Via Anchieta, disse que monumento pode desabar se base for danificada por trabalhos no entorno

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  23/01/19  -  12:19
Atualizado em 23/01/19 - 12:33
Segundo escultor, obra está presa por 21 estacas em fundações
Segundo escultor, obra está presa por 21 estacas em fundações   Foto: Carlos Nogueira/AT

O escultor Ricardo Campos Mota, o Rica, afirma que as obras na entrada de Santos podem pôr em risco a escultura O Peixe, de sua autoria, erguida no quilômetro 64 da Via Anchieta. Segundo ele, a estrutura, que tem 25 metros de altura e mais de 45 toneladas, pode desabar se sua base de sustentação for danificada pelos trabalhos no entorno.


O artista protocolou uma representação no Ministério Público (MP) do Estado para cobrar reparação a eventuais danos. O documento está na Promotoria de Justiça de Santos e não há data para que o documento seja distribuído para investigação, diz o MP.


Caberá ao órgão apurar se as obras no local influirão na escultura. A peça está localizada entre as duas futuras pistas na rodovia, que estão sendo construídas, como parte da reformulação viária local.


O escultor reclama que as novas faixas de rolagem foram projetadas perto demais da fundação onde está ancorada a escultura de aço. Ele teme que, durante os trabalhos de compactação de pedras e, posteriormente, o fluxo de veículos abalem a estrutura. “Uma rachadura na base de concreto, e a arte pode cair.”


Ele explica que a obra está presa por 21 estacas em fundações. “Está sendo feita uma força do chão para fora. Há um risco (de queda), pois são apenas dois pontos de apoio (placas de concreto) fazendo esforços completamente opostos, o que exige do chão muita resistência. Por menor que seja o dano na base, ela (escultura) pode cair, porque esse esforço passa a ser diferente”, comenta.


Rica cita que os trabalhos em execução no entorno elevaram a altura da pista, e isso poderá reduzir a dimensão e o campo de visão da peça artística. “Deixa a obra abaixo da linha ideal de leitura. Ela foi projetada para ser vista (num raio) de dois quilômetros.”.


O artista reclama também de que as mudanças eliminam espaço para acesso de equipes de conservação, “impedindo acesso para instalar os andaimes de trabalho de manutenção”.


Rica pede a elevação da escultura e novos cálculos que atestem a segurança da obra de arte. “Não se trata apenas de símbolo de referência visual, mas também de sentimento. As pessoas sentem alguma coisa assim que avistam, numa distância de dois quilômetros daqui. Isso tem importância.”


"Atenção”


As intervenções no local são realizadas pela Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI).


As obras fazem parte de um pacote sob responsabilidade do Estado e repassado à empresa em troca da ampliação do contrato de exploração da malha rodoviária, que integra a remodelação da Cidade.


“Não fui consultado (sobre a reforma na rodovia). Tenho toda a leitura da estrutura. Acho que merecia um pouco de atenção para a gente fazer um trabalho bem-feito”, diz o artista.


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