O senhor Akira Fukuma sempre será lembrado pelo seu humor perspicaz e por seguir por completo suas tradições. Ele faleceu nesta terça-feira (28), aos 99 anos, por causas naturais, segundo a casa de repouso Santos Kosei Home, onde morava há cerca de 15 anos. O sepultamento foi realizado na manhã desta quarta (29), no Cemitério Areia Branca, em Santos.
Nascido em Hiroshima durante o período imperial, que durou até a rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial, em 1945, Fukuma percebeu o crescimento da cidade e decidiu entrar para a Marinha japonesa e, em seguida, para a Força Aérea, dando muito orgulho à sua mãe.
Quando tinha 19 anos, a 2ª Guerra estourou, e seu sonho de pilotar um avião se tornava cada vez mais próximo. Ele fez treinamento para se tornar kamikase, e estava disposto a morrer pela pátria.
Ele só foi chamado para decolar no dia 6 de agosto de 1945, e já estava pronto, até que chegou a ordem se suspensão do voo, cinco minutos depois da bomba atômica americana ter atingido sua cidade natal. O imperador do Japão se renderia alguns dias depois, afirmando que os laços que uniram sua família aos súditos nunca foram resultados de mitos ou lendas.
Esta foi a primeira decepção na vida do ex-oficial, que começou a ajudar o pai com o trabalho até 1950, quando deixaram o país com destino ao solo brasileiro, por conta de uma grave crise que atingiu o Japão. Chegando a Minas Gerais, trabalhou por muitos anos em uma lavoura de café até enfrentar problemas de saúde que o impediam de trabalhar.
Sem família ou alguém que pudesse ajudá-lo, se mudou para a Kosei Home, em Santos, por meio da Beneficência Nipo-Brasileira. O ex-kamikase morou 63 anos no Brasil, mas nunca aprendeu a falar português. Também nunca deixou de seguir sua rotina rigorosa, como uma tradição, até o fim.