Comerciantes e trabalhadores do Centro de Santos se sentem 'abandonados' pelas autoridades

Comércios de portas fechadas, pouca circulação de pessoas, falta de investimento e aumento de pessoas em situação de rua assustam a população.

Por: Jordana Langella  -  26/02/21  -  19:46

O Centro de Santos, que no passado era o ponto com maior concentração de comércio da cidade, há muitos anossofre com falta de infraestrutura e abandono. Na tentativa de acelerar incentivos fiscais e obras na região,a Prefeitura até criou o projeto “Centro Novo Velho”,porém, deacordo com comerciantes e trabalhadores, o cenário atualdo bairro está nacontramão da expectativa de melhorias.


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Segundo o gerente do ‘CaféCarioca’,casa tradicional da cidade desde 1939, oabandono da região é um problema antigo, anterior à pandemia.“A migração do pessoal do Centro de Santos para outros pontos comerciais já acontece há algum tempo.E com a pandemia [a situação] piorou ainda mais. Agora, nós estamos completamente abandonados por aqui”.


  Foto: Jordana Langella/ AT

Jáo proprietário da loja de eletrônicosMultiTech Fábio Viana se preocupa não só com o cenário atual do local, mas com o futurotambém.“Muitas lojas fechadas e alguns bancos fecharam, sendo que a gente está tentando revitalizar o Centro. A gente teve reuniões com a Prefeiturapara que as pessoas tenham motivação para vir para cá, mas com o fechamento de bancos e lojas, não vai ser fácil. A região tem um comércio forte e nós tínhamos que tentar trabalhar para melhorar e não fechar lojas como está acontecendo”.


Neste sentido,Antônio Souza conhecido como ‘Toninho’, garçom do ‘Café Mauá’, onde trabalha há mais de 10 anos, acredita que falta investimentos na região. “Falta política pública, incentivo fiscal e segurança também. Muitas vezes, a gente fica aqui à mercê das pessoas em situação de rua, tudo isso eu acho que agrava a situação”.


  Foto: Jordana Langella/ AT

Em 2019, foram fechados 1.772 comércios na cidade. Já em 2020, o número não foi destoante, cerca de 1.400 fecharam as portas, segundo informações da Prefeitura. Em contrapartida,5.837 negócios foram abertos em 2019 e 4.581, em 2020, respectivamente.


Contudo, apesar do quadro do Centro de Santos não ser animador para a maioria da população, pessoasainda sonham com sua revitalização.


É o caso, por exemplo, dasupervisora administrativa Juliane Lima. “Eu amo esse lugar, acho lindo.A gente deveria valorizar mais, deveria investir mais aqui”. E também de Sidnei Hortas, jornaleiro veterano da região. “Eu acredito no Centro de Santos, na Prefeitura. Acho que tem que fazer alguma coisa que venha beneficiar o local. Mas isso tem que ser a curto prazo, no momento de uma gestão, porque não adianta mudar a gestão e não investir mais."


Em nota, a Prefeitura de Santos informou quevárias ações vêmsendo implementadas para revitalizar a região central.


Entre elas, anovaLei de Uso e Ocupação de Solo, que prevê incentivos a construtores e munícipes que se instalarem ao longo do trajeto da segunda fase do VLT, com obras já iniciadas trarão o modal até à região central (Valongo); Programa Novo Centro Velho, com investimentos em diversos pontosdo Centro, como a implementação da Nova Rodoviária inaugurada em setembro de 2020; Programa de Incentivos Fiscais Santos Criativa, voltado para estimular comerciantes e prestadores de serviços a se instarem na região e revisão do Alegra Centro.


Confira a nota da Prefeitura na íntegra.


A Prefeitura de Santos informa que vem implementando várias ações para revitalizar a região central. A nova Lei de Uso e Ocupação de Solo prevê incentivos a construtores e munícipes que se instalarem ao longo do trajeto da segunda fase do VLT, cujas obras já iniciadas trarão o modal até à região central (Valongo). Além disso, o programa Alegra Centro está sendo revisto.


A Administração também destaca que, em 2019, foram lançados o Programa de Incentivos Fiscais Santos Criativa, voltado a estimular comerciantes e prestadores de serviços a se instarem no Centro; e o Programa Novo Centro Velho, um pacote de investimentos que já está revitalizando a região com várias obras, entre elas a Nova Rodoviária, entregue em setembro do ano passado.


O programa prevê também o restauro de pontos históricos, que estimulam o turismo na área central, entre eles o Outeiro de Santa Catarina, cujas obras serão finalizadas em abril. A intervenção está inserida em um conjunto de serviços de conservação orçado em R$ 44 milhões para revitalizar prédios públicos do Centro Histórico de Santos: Teatro Guarany, Casa do Trem Bélico, Casa da Frontaria Azulejada, Armazém de Bagagens, Rodoviária Municipal, Teatro Coliseu, Arquivo Histórico Municipal e escadaria do Monte Serrat e do Mosteiro do São Bento.


A Administração ressalta, ainda, a realização de grandes eventos no Centro como os festivais do Café e Geek (suspensos no momento, devido à pandemia de covid-19). Porém, com a possibilidade de flexibilização, foram retomadas feiras de economia criativa no Centro. Neste sábado (27), a partir das 13h, a Praça Mauá abrigará mais uma edição daVillarejoArt, que reunirá marcas autorais da região em artigos ecológicos, acessórios, moda sustentável, presentes diferentes, decoração, jardinagem, cosméticos naturais, gastronomia e arte.


Sobre a obra no prédio daProfisccitada na reportagem, a Prefeitura informa que a reforma e restauro do prédio histórico (Rua XV de Novembro, 179, esquina com a Rua Dom Pedro II), contou com demolições, remoções e execução dos fechamentos internos desde janeiro e 2019 e prosseguiu até maio, quando foi identificado comprometimento da estrutura, com avançado processo de deterioração que estava oculto por várias camadas de revestimento.


Por conta disso, a obra foi paralisada e começou análise criteriosa das condições da edificação para elaboração de um projeto de reforço da estrutura, de forma a poder dar continuidade à obra, com toda a segurança.


O projeto ficou pronto e está em fase final de análise para abertura de licitação prevista para março, com o objetivo de contratar uma empresa para execução dos serviços. A complexidade dos problemas estruturais identificados demanda obra com custo estimado de R$ 1,8 milhão.


Após as obras de reforço estrutural será retomada a obra de reforma e restauro do prédio, cujo é investimento de R$ 3 milhões - recursos do Programa de Modernização da Administração Tributária e da Gestão dos Setores Sociais Básicos (PMAT), do BNDES, com contrapartida da Prefeitura. É importante esclarecer que o BNDES está ciente dos problemas estruturais identificados.


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