Clubes de Santos não temem venda de terrenos pela União

Instituições acreditam em parcerias com futuro comprador; entenda a situação de cada um

Por: Matheus Müller  -  13/07/21  -  08:14
  Portuguesa Santista é dona do Estádio Ulrico Mursa, mas perderia o estacionamento, entre outras áreas
Portuguesa Santista é dona do Estádio Ulrico Mursa, mas perderia o estacionamento, entre outras áreas   Foto: Matheus Tagé/AT

Os presidentes da Associação Atlética dos Portuários de Santos, Márcio de Carvalho Felipe, e da Associação Atlética Portuguesa, a Portuguesa Santista, Carlos Ribeiro, garantiram que não temem a venda dos terrenos federais ocupados pelos clubes desde 1973, no Jabaquara. A cessão foi feita, na época, pela Companhia Docas de Santos (CDS), atual Autoridade Portuária de Santos (APS).


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As áreas foram colocadas a leilão pela União, que espera obter ao menos R$ 41,6 milhões pelos 96.240,58 metros quadrados (m2). “Nos traz até uma certa tranquilidade, porque isso vai dar uma solução para aquilo que há décadas a gente vem brigando e tentando conquistar (o terreno)”, disse Ribeiro. Ele acredita em uma parceria entre os clubes e o futuro investidor.


“O que tem a se fazer é o que o Governo Federal propõe, que é o leilão dessas áreas que correspondem a uma parte da Portuguesa (que tem em torno de 400 sócios) e a uma parte dos Portuários (com aproximadamente 500 sócios e outros 2 mil remidos), para que, com um futuro comprador, a gente faça uma parceria que equacione isso de vez”, reforça Ribeiro.


Os clubes demonstram tranquilidade porque ainda vão manter propriedades na região, mesmo quando a venda for consumada. A Portuguesa é dona do trecho que compreende a frente do clube e o Estádio Ulrico Mursa. Ela perderia a piscina, quadras de tênis, estacionamento e parte da área social, em 19.197,75 m2.


A instituição tem sido responsável, ainda, por terreno de 3.072 m2, que está desocupado e costuma ser usado como estacionamento, na Avenida Senador Pinheiro Machado.


Já o Portuários é proprietário do prédio de quatro pavimentos e dois mil metros quadrados, onde funciona o administrativo da instituição e uma academia, que aluga o espaço.


Os presidentes dos clubes só aceitaram conversar com a Reportagem juntos, em demonstração de união. Um dos terrenos em disputa, que tem 93.168,58 m2 e lance inicial previsto de R$ 30.442.394,00, é compartilhado pelo dois clubes.


Negociação


Ribeiro explica que o processo de reintegração de posse movido pela União contra a Portuguesa já foi julgado em 3ª instância e o clube perdeu. Entretanto, a ação contra o Portuários se encontra em 1ª instância, o que pode atrapalhar os planos de qualquer investidor que não aceite negociar um melhor termo com os clubes para explorar a área.


Carvalho Felipe explica que ambos os clubes se inspiram em parcerias realizadas entre a iniciativa privada e demais clubes da Cidade, que exploraram os terrenos em troca de investimentos em novas sedes. “A gente pode ter um clube menor, mais compacto e moderno, que seja do associado. Hoje, temos uma área enorme que definitivamente não é do associado. Podemos aproveitar esse leilão e transformar esse clube. Já tivemos 12 mil sócios (nos anos 70) e hoje não é uma realidade no Estado e nem em Santos”, revela o presidente do Portuários.


  Os presidentes da Associação Atlética dos Portuários de Santos, Márcio de Carvalho Felipe, e da Associação Atlética Portuguesa, a Portuguesa Santista, Carlos Ribeiro
Os presidentes da Associação Atlética dos Portuários de Santos, Márcio de Carvalho Felipe, e da Associação Atlética Portuguesa, a Portuguesa Santista, Carlos Ribeiro   Foto: Matheus Tagé/AT

Legislação


A Prefeitura de Santos informou conhecer a situação envolvendo os clubes, por manter diálogo constante com a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) para tratar sobre terrenos para empreendimentos habitacionais. Por conta disso, o secretário de Desenvolvimento Urbano, Glaucus Farinello, revela que o Executivo editou alguns dispositivos legais pensando no futuro daquela região.


“Tendo conhecimento do processo de reintegração de posse (dos terrenos) e pensando a longo prazo, no futuro, o Município editou alguns dispositivos legais. Na Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos) aquela região já é gravada como uma Zona Especial de Renovação Urbana (Zeru), justamente para colocar o olhar naquela área e ampliar a discussão sobre quais seriam os caminhos para as construções naquela região”, disse o secretário.


Farinello ressaltou, ainda, que o Executivo inseriu em 2019, no Plano Municipal de Mobilidade Urbana, um plano viário para aquela região para interligar os bairros do Jabaquara e Marapé. “A partir do momento que a União coloca esses terrenos à venda, e que (a área) venha a ter um novo proprietário, esse plano terá que ser seguido. Existe uma proposta em Lei Municipal, de um novo tecido urbano que vai conectar aquelas duas regiões”, explica.


O presidente da Portuguesa Santista, Carlos Ribeiro, considera que essa interligação “é ilegal”. “Você não pode aprovar arruamento municipal em uma área federal, sem conversar com o Governo Federal”.


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