Desde o final de março, por causa da pandemia, as sessões da Câmara de Santos passaram a ser feitas online. O silêncio do prédio deserto, na Vila Nova, foi interrompido, há cerca de 15 dias, pelas obras de instalação de uma cobertura no estacionamento para os carros dos vereadores.
O gasto para proteger os veículos dos parlamentares ficou em R$ 119 mil. São 700 metros quadrados de uma espécie de lona (poliéster sintético) com estruturas metálicas para cobrir as 44 vagas.
O presidente da Câmara, vereador Rui de Rosis (PSL), disse que se trata de um anseio antigo da Casa. “Em dias chuvosos tinha que se percorrer uma grande distância na chuva, e em dias de sol intenso a temperatura no interior dos veículos ficava insuportável”, justifica.
Gasto na pandemia
De Rosis afirma que a licitação ocorreu em dezembro de 2019 e que a empresa Provisio foi contratada após oferecer o menor preço em pregão eletrônico. Segundo ele, o contrato já estava “entabulado” antes da pandemia e a execução ocorreu agora “em virtude da burocracia”.
Questionado se não poderia ter revisto esse gasto, o presidente da Câmara afirmou que os contratos, “após a avença (acordo), somente podem ser cancelados ou rescindidos mediante fundamentação que respalde a decisão”. E que no momento do reconhecimento da pandemia o contrato “já estava sendo executado com a confecção do material”.
Segundo De Rosis, todo contrato público precisa de aval da Mesa Diretora. Além do presidente, faze parte os vereadores Manoel Constantino (PSDB, 1º vice-presidente), Audrey Kleys (PP, 2ª vice-presidente), Geonísio Aguiar, o Boquinha (PL, 1º secretário) e José Teixeira Filho, o Zequinha Teixeira (PP, 2º secretário). Só os dois últimos precisam assinar contratos de obras.
Mudança de discurso
No final da tarde desta sexta (10), depois que a Reportagem já tinha conversado com De Rosis, o discurso mudou. A assessoria da Câmara entrou em contato informando que, na verdade, a ideia era transformar o estacionamento em espaço multiuso, “à disposição das instituições beneficentes e da população local”.
Também nesta sexta, ATribuna.com.br pediu a opinião de vereadores da Mesa sobre o gasto. Zequinha Teixeira disse que era necessário para dias de sol e chuva, além de melhorias no sistema de iluminação durante o período da noite.
“O local também será usado para outras atividades para a população, como realização de castração de animais pelo Castramóvel, além de testes para coronavírus para os moradores da região”, disse ele.
Audrey Kleys foi na mesma linha. “Acredito que o equipamento servirá para a ampliação dos serviços à comunidade dentro da Câmara, com a criação de mais um espaço para eventos sociais e até reuniões com grupos maiores evitando assim aglomerações na parte interna”.
A Reportagem tentou ouvir o vereador Boquinha, mas ele não foi encontrado.