Cuidar da saúde mental, muitas vezes, acaba não sendo prioridade, em especial para quem acredita não ter condições de arcar com os custos de algum tipo de terapia, por exemplo. O mês de setembro traz luz à prevenção ao suicídio, de tal forma que lugares que oferecem atendimento gratuito passam a ser mais procurados nesta época.
É o caso do Centro de Valorização da Vida (CVV), órgão instituído há 57 anos que está disponível pelo telefone 188, com voluntários capacitados sempre disponíveis para conversar e ser um ‘ombro amigo’ a quem enfrenta problemas e, muitas vezes, não se sente confortável em desabafar com conhecidos. A ligação é anônima e gratuita.
CVV
O porta-voz do CVV na Baixada Santista, Renato Caetano de Jesus, conta que as ações realizadas durante o Setembro Amarelo neste ano têm como principal foco os jovens. “O suicídio já é a segunda maior causa de mortes no mundo”, preocupa-se.
Renato também explica que é importante entender que o suicídio não é uma doença. “É um ato trágico multifatorial, que envolve fatores ambientais, sociais, econômicos, endógenos... A pessoa pode estar precisando de ajuda de um profissional de saúde. É mais complexo do que ‘a pessoa se matou porque terminou com a namorada’, ou ‘se matou porque ficou desempregado’, por exemplo”.
O trabalho do CVV, mais do que ajudar alguém em um momento de crise, é mostrar que há outras possibilidades além do suicídio. “Na vida, a gente toma decisões, às vezes certas e às vezes erradas, mas podemos voltar atrás. Com o suicídio, não dá para voltar, e é isso que tentamos mostrar”, finaliza o porta-voz.
Abrata
Em Santos, outro local que oferece apoio é a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata). O núcleo é destinado a maiores de 18 anos que passam por transtornos como bipolaridade e depressão. No Setembro Amarelo, portanto, também cresce a procura por este tipo de apoio.
O porta-voz da associação, Ricardo Esteves, diz que o apoio de familiares em momentos difíceis é incentivado. “A partir da participação, começa a ocorrer uma coisa que chamamos de ‘entendimento mútuo’. O ambiente passa a ser outro, porque a família e os amigos, muitas vezes, adoecem junto com o portador, por não conseguirem evolução no tratamento. Assim, compartilhar vivências pode ser terapêutico”.
Universidades entram na causa
Além de instituições voltadas exclusivamente ao apoio psicológico e prevenção ao suicídio, universidades da região também estão engajadas no Setembro Amarelo. Algumas oferecem terapia gratuita durante todo o ano, relatando maior procura durante este mês.
A UniSantos oferece apoio aos estudantes com atividades voltadas ao tema do mês, inclusive em parceria com o CVV. A Clínica de Psicologia ligada ao curso oferecido pela faculdade oferece atendimento a partir do pagamento de uma taxa simbólica. O local funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 21h, e aos sábados, das 8h às 16h. O endereço é Rua Dagoberto Gasgon, 8, bairro Boqueirão. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (13) 3205-5518.
A São Judas - Unimonte oferece, neste mês, uma programação especial com palestras e atividades relacionadas à prevenção ao suicídio. Além disso, alunos orientados por professores do curso de Psicologia também realizam, a partir do ano que vem, atendimento gratuito na clínica da universidade.
A Unip, que também oferece curso de Psicologia, realiza atividades temáticas no Setembro Amarelo, como palestras e oficinas durante todo o mês.