Ambulantes reclamam das vendas em primeiro final de semana de volta às praias de Santos

A expectativa de movimento e faturamento acabou frustrada, mas eles não perdem a esperança de que a situação ainda vai melhorar

Por: Nathála de Alcantara  -  30/08/20  -  12:29
Ambulantes acreditam que movimento começará a melhorar com turistas voltando às praias de Santos
Ambulantes acreditam que movimento começará a melhorar com turistas voltando às praias de Santos   Foto: Alexsander Ferraz

O primeiro final de semana de retomada dos ambulantes nas areias das praias de Santos teve sol e calor. Mas, depois de seis meses parados por conta da pandemia de coronavírus, a expectativa de movimento e faturamento acabou frustrada.


A atividade estava proibida por conta da pandemia e foi liberada por um decreto publicado na última semana, com regras de higiene e segurança.


O ambulante do Pakka Batidas, Edivilson Vieira dos Santos, de 48 anos, estava preocupado com o prejuízo que teria. “O movimento está ruim, porque ninguém para. As pessoas andam e correm na areia. Quem vai comprar uma caipirinha para sair andando?”


Das 9 às 14h, ele havia vendido só duas cervejas. Mas com a esperança de que as coisas vão começar a melhorar. “Só o gelo custa R$ 50,00. A coisa vai melhorar quando permitirem a volta de cadeiras e guarda-sol. Mas se ficar desse jeito, é melhor ficar parado, pois não vou tirar nem a despesa que tive do dia”, desabafou ele, que trabalha na área há 3 anos.


O ambulante do Pakka Batidas, Edivilson, diz que o faturamento não cobre nem a despesa com o gelo
O ambulante do Pakka Batidas, Edivilson, diz que o faturamento não cobre nem a despesa com o gelo

O sorveteiro Dimas José, de 48 anos, diz que a situação vai melhroar quando os moradores de outros lugares, principalmente da Capital, voltarem a frequentar as praias da região.


“Enquanto isso, o movimento vai mesmo ficar fraco. A situação toda está ruim. Nem sei quantos sorvetes vendi hoje. Ainda tem o agravante de ser fim de mês. Não sei o que seria de mim se não estivesse recebendo o auxílio do governo”.


Em 10 anos, o vendedor de milho José Carlos Perino, de 56, diz que nunca viu as vendas tão fracas.
“Minha venda está 40% do que era antes da pandemia. Mas, pelo menos, é um começo. Está melhor do que ficar parado. Esperamos os turistas e a liberação de cadeiras para as pessoas terem mais conforto”.


Sobre o preço do produto, ele jura que manteve o mesmo para conseguir garantir alguma venda.
“Estou comprando o milho mais caro, mas não repassei para os clientes. Se estiver mais caro, aí que não vou vender mesmo. Tomara Deus que essa fase passe e isso melhore logo”, torce José Carlos.


O vendedor de milho Dimas jura que não repassou para seus clientes o aumento do preço na compra do milho 
O vendedor de milho Dimas jura que não repassou para seus clientes o aumento do preço na compra do milho 

Ambulante desde 2001, Paulo Siqueira, de 38 anos, diz que nem dá para comparar com as vendas que fazia  antes de pandemia, típicas de um sábado de sol. “Mas pelo menos vai dar para pagar alguma conta. Ruim é ficar parado. Depois de 6 meses em casa, é estranho estar de volta. Espero me acostumar em breve com tudo isso”.


Das 9 às 14h30, ele tinha garantido R$ 50,00. E as opções eram muitas: chapéu, boia, canga, vestido e outros acessórios. “Acho que as pessoas estão com medo de ir à praia, de ter tumulto. Que isso passe logo”.


Outro lado


Já os clientes comemoravam o retorno dos ambulantes para a faixa de areia. A enfermeira Carla Cristina Santos, de 46 anos, que não levou protetor para a praia, aproveitou para comprar um chapéu.


“Consegui pagar com cartão, sem sair da praia e ainda com desconto. Não achei que estivesse tão quente e deixei tudo em casa. Esse carrinho  vendendo roupas e acessórios para praia salvou meu passeio”.


Uma estudante de 18 anos também garantiu um milho no pratinho e uma água enquanto tomava sol em sua toalha de praia. Vale lembrar que essa prática está proibida nas praias.


“Estou sozinha e usando máscara. Levantei, fui até o carrinho e voltei para o meu espaço. Não tem aglomeração e estou tomando um pouco de sol. É bom ver a praia e o mar. Ter os ambulantes de volta traz um pouco mais de conforto para a gente e, ao mesmo tempo, garante alguma renda para eles”. 


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