Férias frustradas: moradores do litoral de SP 'compram ilusão' em viagem a parque temático

Agência de Praia Grande vendeu pacote completo, mas houve problemas com embarque, hospedagem e passeio

Por: ATribuna.com.br  -  25/01/22  -  14:52
Atualizado em 25/01/22 - 15:03
Grupo de turistas afirma ter sido enganado por empresa de excursões
Grupo de turistas afirma ter sido enganado por empresa de excursões   Foto: Arquivo Pessoal

Um grupo de turistas da Baixada Santista afirma ter sido enganado por uma empresa de excursões de Praia Grande. Segundo eles, o que era para ser uma viagem divertida para o Beto Carrero World, em Santa Catarina, se tornou uma tremenda dor de cabeça. Moradores da região que compraram o passeio afirmam para A Tribuna que o pacote previa passagem de ônibus, hospedagem e dois dias no parque temático. Contudo, só parte disso foi entregue.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


O passeio comercializado pela agência Happy Excursões tinha saída da Baixada Santista marcada para a última sexta-feira (21) e retorno no domingo (23). Três ônibus foram contratados para comportar todos os passageiros. A viagem teria início em Cubatão, às 20h45, com passagens dos veículos pelas cidades de Santos, São Vicente e Praia Grande antes de cair na estrada rumo ao Sul do País.


"Faltando quatro horas para o embarque, a agência informou que quase 200 pessoas não poderiam viajar, pois o parque e o hotel contratados não comportariam o total de viajantes por conta do controle adotado na pandemia. Além disso, o passeio seria dividido em três finais de semana", disse uma pessoa que não conseguiu embarcar no único ônibus disponibilizado pela empresa - ela preferiu não se identificar por medo de represálias.


Segundo contratantes do serviço, o custo dos pacotes comercializados pela agência de turismo ficou entre R$ 390,00 e R$ 520,00. Com o adiamento do passeio em cima da hora, dezenas de pessoas tiveram que desfazer as malas, extremamente desapontadas.


Moradora de Praia Grande - último ponto de embarque do passeio -, a auxiliar administrativa Daniele Aline Pires, de 36 anos, conta que chegou ao Terminal Tatico, ponto de encontro determinado pela agência, horas antes do embarque. Ainda assim, não conseguiu viajar para Santa Catarina.


"Fui para o Tatico e fiquei por lá das 21h30 até 1h de sábado. O ônibus chegou lotado e fui informada de que não havia mais lugar. Ficamos eu e meu filho de 11 anos para trás e o mesmo aconteceu com quatro pessoas de outra família. O ônibus partiu e ficamos na rua, sendo que estava tudo pago para a data. A agência me mandou mensagem dizendo que devolveria o dinheiro, mas temo que isso não aconteça”.


Quem viajou também reclamou

A Reportagem conversou com moradores que conseguiram embarcar na data contratada. O grupo chegou em Santa Catarina na manhã de sábado (22), tomou café no hotel e seguiu para o parque Beto Carrero. Contudo, após o 1º dia de diversão em terras catarinenses, o grupo foi surpreendido logo que retornou para o hotel.


"Assim que colocamos os pés no hotel, por volta das 20h30, fomos informados que o pagamento não foi efetuado e, por isso, ninguém poderia utilizar os quartos. Só conseguimos tomar banho porque o gerente do hotel ficou com pena da gente. Várias pessoas dormiram no chão e alguns pagaram do próprio bolso para poder dormir em um dos quartos. É constrangedor e revoltante não usufruir o pacote 'completo' que pagamos", disse um passageiro que também pediu para não ser identificado.


Outra prejudicada foi a gerente administrativa Débora do Nascimento Farias, de 31 anos, que ligou para a Happy Excursões pedindo uma solução para o problema no hotel. "Mandei mensagem para a responsável e ela disse que eu poderia jantar com as crianças e tudo seria resolvido. Mas as horas foram passando e nada mudou. Comecei a passar mal, pois estava sem tomar banho desde sexta. Daí tirei dinheiro do bolso e me hospedei. Paguei R$ 300,00 a mais de um passeio já quitado. Um absurdo”.


O mecânico Rodrigo Garcia Pestana Viscardi, de 36 anos, conta que ele e sua família só conseguiram um quarto porque estavam com a filha de 12 anos. "Para se ter uma ideia, estávamos sem tomar banho, cansados e com fome. Já havia passado das 23h. No quarto, deixei minha tia usar a cama e dormi no chão. Pagamos o pacote meses atrás, e a responsável pela excursão disse que o Pix não estava funcionando para pagar o hotel”.


Gota d'água

No domingo (23), após todo o caos da noite anterior, a situação piorou de vez. Os passageiros foram informados que não teriam o segundo dia de passeio no parque e deveriam voltar para a Baixada Santista. O almoxarife Roberto Carlos de Oliveira Júnior, de 22 anos, lamentou o sonho transformado em pesadelo.


“Depois de tudo que aconteceu, a gente só queria aproveitar o segundo dia de parque. Já estávamos lá e achamos que não tinha como piorar, mas piorou. Tivemos que voltar sem ter ido ao Beto Carrero novamente, algo que estava incluso no pacote que compramos. O sonho meu e da minha namorada foi realizado pela metade”.


Segundo as vítimas, a responsável pela excursão alugou um carro e foi embora para a Baixada Santista sem resolver o problema.


O que diz a empresa?

A Tribuna entrou em contato com a Happy Excursões, que por e-mail disse ter pedido o Pix das vítimas para ressarcir o valor cobrado pelo passeio. Segundo a dona da empresa, ela e a família têm sofrido ameaças e, inclusive, um boletim de ocorrência sobre o caso foi registrado na Polícia Civil.

A responsável pela excursão afirmou, ainda, que todos os prejudicados irão receber um documento elaborado por seu advogado explicando como ocorrerá o ressarcimento.


Logo A Tribuna
Newsletter