Mulher dada como morta no litoral de SP surge em estrada após desaparecer no mar: "Fiquei boiando"

Prontuário de óbito de Priscilla estava em produção quando ela foi localizada

Por: Cássio Lyra  -  20/05/22  -  07:55
Depois de retornar pra casa, Priscilla posou para foto com agentes do Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar)
Depois de retornar pra casa, Priscilla posou para foto com agentes do Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar)   Foto: Arquivo pessoal

A esteticista Priscilla Pereira da Silva, de 46 anos, viveu uma história digna de roteiro de cinema. Ela desapareceu no mar após ser arrastada por uma correnteza, na terça-feira (17), em Peruíbe, e só foi encontrada cerca de nove horas depois. A profissional chegou ser dada como morta pelo Corpo de Bombeiros, informando até a filha de apenas sete anos.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


Logo de manhã, como de costume, Priscilla e sua patroa - Dona Ilza - realizaram uma caminhada pela beira do mar na praia do Guaraú. Depois disso, seguindo a rotina da dupla, elas pararam em um ponto da praia, onde o mar é calmo, para realizar uma hidroginástica improvisada. Entretanto, uma onda acabou surpreendendo ambas.


"De repente a água subiu muito rápido, ficando na altura do pescoço. Minha patroa avisou pra gente sair rápido da água, mas eu não consegui. Tentamos conversar, gritar uma para a outra, mas nenhuma de nós conseguiu ouvir", relembra.


Segundo relato de Priscilla, a patroa e amiga conseguiu ajuda com uma pessoa para ligar para os bombeiros e contar sobre o desaparecimento enquanto Priscilla seguia no mar.


Priscilla está com alguns ferimentos por causa da sua aventura no mar
Priscilla está com alguns ferimentos por causa da sua aventura no mar   Foto: Arquivo pessoal

"Eu fiquei em uma parte mais calma, a mar aberto, e boiando. Em alguns momentos dava pra ver as viaturas vermelhas e alguns jet-skis, mas ninguém me achou. O mar me puxou para muito longe da faixa de areia, mas eu continuei esperançosa".


Em dois momentos, Priscilla alcançou uma parte de pedras no mar. Ela conta que chegou a nadar em estilo cachorrinho, e boiava para poder descansar os braços e as pernas. Nas pedras, ela conseguiu se secar com o sol, mas teve duas novas frustrações.


"Eu vi um bombeiro de jet-ski passando. Gritei, berrei feito louca, mas ele não me ouviu. Eu optei por ficar ali e esperar, imaginando que ele iria retornar, mas uma onda muito forte bateu nas pedras e me derrubou para o mar de novo. Nessa hora senti muito desespero e pensei realmente que iria morrer", diz.


Mesmo em alto mar, agarrada na força da mãe, já falecida, Priscilla relembra que desistir não era uma opção. A força do mar a levou para um outro trecho de pedras, onde ela conseguiu se segurar e ir para terra firme [uma trilha] através de um parapeito de madeira.


"Segui por essa trilha e entrei no meio do mato para tentar chegar em algum lugar pra poder encontrar alguém que pudesse me ajudar. Quando cheguei na estrada, parou o carro de uma confeiteira conhecida do bairro. Ela me reconheceu e se surpreendeu quando me viu porque ela sabia de toda as notícias do meu desaparecimento e me levou de volta", conta.


Priscilla desapareceu no mar e reapareceu cerca de 9 horas depois
Priscilla desapareceu no mar e reapareceu cerca de 9 horas depois   Foto: Arquivo pessoal

Cerca de nove horas
Mesmo tanto tempo dentro do mar, Priscilla diz que permaneceu totalmente consciente, mas perdeu a noção do tempo. Quando retornou para casa, viu uma grande aglomeração de pessoas, entre a filha, o irmão que veio de São Paulo, a patroa e equipes dos bombeiros.


"Eu me perdi no tempo. Na minha cabeça eu achei que fiquei duas horas dentro do mar e quando voltei estava pensando em acordar minha filha e levá-la para a escola. Quando me avisaram que era 16h fiquei sem acreditar", relembra.


Recepção
Em segurança, ela foi recepcionada pela patroa - última pessoa que tinha visto antes de desaparecer -, além da filha. Ela foi avisada pelos bombeiros de equipes já estavam fazendo um prontuário de óbito com os documentos pessoais dela. No celular, mensagens de muitas pessoas prestando condolências pela sua morte.


"Eu cheguei fazendo piada, daí olhei várias pessoas dentro de casa. Minha patroa tinha chorado muito, e me agarrou rápido logo quando me viu. Tiveram de chamar uma psicóloga infantil para ela contar da minha morte pra minha filha. "Quando minha filha me abraçou eu desabei a chorar, não contive a emoção", finaliza.


Passado toda a adrenalina, Priscilla segue com sua vida normal de trabalho. Em decorrência da aventura, ela sofre com alguns machucados pelo corpo, principalmente nas pernas e nos pés, mas afirmou que está passando bem.


Priscilla trabalha um em spa localizado na orla da praia do Guaraú
Priscilla trabalha um em spa localizado na orla da praia do Guaraú   Foto: Arquivo pessoal

Logo A Tribuna
Newsletter