Indígena relata 'tristeza profunda' ao encontrar tubarões e raias mortos no litoral de SP

Dezenas de animais foram retirados de praia deserta, em frente à aldeia Tapirema

Por: ATribuna.com.br  -  24/12/21  -  06:47
Atualizado em 27/12/21 - 17:24
Instituto recolheu carcaças dos animais encontrados
Instituto recolheu carcaças dos animais encontrados   Foto: Divulgação/Instituto Biopesca

Após tubarões e arraias serem encontrados sem vida em uma praia deserta, em frente à aldeia Tapirema, em Peruíbe, um dos indígenas morador da região diz que sentiu "tristeza profunda" ao ver a cena com os peixes mortos nesta quinta-feira (23).


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O indígena ouvido pela Reportagem preferiu não se identificar. Ele conta que os moradores da aldeia sentiram um "forte cheiro de peixe" ao amanhecer. Quando um deles foi até a entrada para verificar o que era, encontrou as carcaças dos animais. Eles acionaram as autoridades, que ainda tentam identificar o responsável pelo descarte.


Um grupo de 25 indígenas vive na aldeia Tapirema, próximo à Praia do Taniguá, em Peruíbe, onde as 56 arraias e três fetos de cação martelo estavam. Como os animais foram achados após a faixa de areia, num ponto distante do mar, a Prefeitura de Peruíbe acredita que eles tenham sido descartados.


A Administração acionou o Instituto Biopesca, responsável pelo monitoramento de praias no litoral paulista. A equipe do Instituto recolheu as carcaças, que apresentavam marcas de interação com rede de pesca.


De acordo com o Biopesca, a maior parte dos animais pertence à espécie raia ticonha e algumas tiveram o seu ferrão cortado. As marcas sugeriam que esse corte foi feito com uma lâmina.


O Biopesca deve elaborar um relatório técnico sobre a ocorrência. "Muito provavelmente, esses animais foram capturados por redes de pesca de arrasto de praia", comenta o coordenador geral do Instituto, Rodrigo Valle.


Para ele, a chegada do verão e de turistas às praias do litoral fazem com que os esforços de pesca aumentem para atender o consumo, o que pode configurar-se como uma ameaça às espécies marinhas.


De acordo com Rodrigo, a pesca de arrasto é autorizada, mas desde que executada como técnica artesanal, ou seja, desde que as redes não sejam movidas por motores, por exemplo. Essa técnica consiste na amarração das redes aos barcos por cordas ou correntes, permitindo que elas alcancem o leito de oceano e sejam arrastadas.


"Dessa forma, muitos animais que não são o alvo da pesca, como tartarugas, raias e tubarões, acabam presos e são descartados. No caso das raias, em particular, há possibilidade de serem comercializadas e seu ferrão é cortado antes de serem vendidas".


Além do Instituto Biopesca, a Polícia Ambiental e a gestora da Área de Proteção Ambiental onde fica a praia investigam o que provocou a morte dos animais.


Animais foram achados mortos em praia
Animais foram achados mortos em praia   Foto: Eduardo Ribas

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