Espécie exótica identificada no Litoral de SP pode comprometer manguezais, alertam especialistas

Espécie de planta indiana pode ter sido transportada pela água através do lastro de navios chineses

Por: ATribuna.com.br  -  18/02/24  -  12:21
Até então, foram encontradas 86 exemplares da planta na região
Até então, foram encontradas 86 exemplares da planta na região   Foto: Reprodução

Uma espécie de planta exótica invasora foi encontrada por biólogos no manguezal das margens dos Rios Cubatão e Perequê. Durante uma operação para restaurar a cobertura vegetal local, ocorreu o primeiro registro de uma Sonneratia apetala na América do Sul. Até então, foram reconhecidos 86 exemplares, alertando o riscoà biodiversidade do ambiente.


Os biólogos Geraldo Eysink e Edmar Hatamura acionaram a professora sênior do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), Yara Schaeffer-Novelli, para identificar a origem da planta, introduzida de forma involuntária e conhecida pelos impactos no ecossistema nativo.


Segundo a professora, a Sonneratia apetala, também conhecida como Mangue Maça, é originária da Índia e de Bangladesh e pode ter chego ao porto de Cubatão por meio da água do lastro de navios vindos da China.


A água de lastro estabiliza os navios durante a navegação, sendo bombeada para dentro da embarcação e depois liberada em outro local. Ela transporta organismos marinhos e outras substâncias que podem afetar os ecossistemas locais quando liberados.


O biólogo Eysink alerta: "A introdução de uma espécie exótica na Baixada Santista pode ocupar o espaço das plantas nativas do manguezal, comprometendo a estabilidade do ambiente. Qualquer interferência que perturbe o equilíbrio é motivo de preocupação."


O pesquisador ressalta que espécies invasoras, sejam elas da fauna, flora ou microorganismos, precisam ser erradicados, conforme a regulamentação brasileira.


Para realizar o processo de erradicação, os especialistas aguardam o aval do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na forma de um documento que confirme a necessidade.


De acordo com a professora Schaeffer-Novelli, há a necessidade de conservar espécies migratórias de peixes e mamíferos marinhos ao longo de 8.000 km da costa: “Apesar de não se tratar de uma unidade de conservação federal, a área em foco é uma zona de preservação permanente, abrangendo Cubatão, São Vicente e outras regiões interligadas."


Espécie

A planta pode alcançar até 20 metros de altura. Ela possui um sistema de raízes escora que se estendem até o solo lodoso, folhas ovaladas de cor verde brilhante e flores grandes e vistosas de cor vermelha. Os frutos e sementes flutuantes facilitam a disseminação pelas águas.


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