Ao procurar atendimento médico com dor nas costas, uma moradora de Itanhaém descobriu estar na reta final de uma gravidez. Eliane Rose dos Santos Santana, de 39 anos, se surpreendeu com a gestação, pois, em mais de seis meses, não notou os sintomas ‘tradicionais’. “Eu não tinha barriga, não mudou nada”, destaca.
Agora, a dona de casa - que já tem quatro filhos e uma neta - pede ajuda para o enxoval do bebê que chegou à vida da família de surpresa. “Minha filha mais nova tem 10 anos. Foi bem difícil e assustador descobrir (a gravidez) com sete meses”, destaca, explicando que descobriu as gestações anteriores com cerca de três meses.
Segundo Eliane, o único sintoma que notou foi dor nos seios, além da dor nas costas que a levou ao hospital em meados de abril. “Passei mal, senti uma dor muito forte do lado esquerdo nas costas e no peito. Fui para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e me mandaram para maternidade”, explica, dizendo que o bebê foi descoberto pelos profissionais da UPA após um raio-x por conta da dor nas costas.
Já na maternidade, ela recebeu orientações e fez exames para ver o estado de saúde da criança. “Falaram que não poderia ter feito raio-x, me explicaram tudo certinho, dizendo que os sintomas mudam de mulher para mulher. Não fui a primeira a descobrir uma gravidez tardia. Minha barriga não cresceu porque o bebê estava mais para a parte de trás das costelas, por isso a dor que eu senti”.
De acordo com ela, o bebê é um menino e está bem. A preocupação agora passou a ser com os itens para receber a criança. A família pediu ajuda por meio das redes sociais. “Eu não tinha absolutamente nada, mas graças a Deus umas pessoas fizeram doações. Ganhei roupinhas e pacotes de fraldas”, comemora, dizendo que os familiares descobriram da gravidez três dias depois dela. “Estava digerindo ainda, nem eu acreditava”.
Previsto para nascer entre o fim de julho e início de agosto, o bebê ainda não tem nome definido. “Estou indecisa”, explica a dona de casa. Pessoas interessadas em fazer doações devem entrar em contato com Eliane pelo contato (13) 99703-1751.
Descoberta tardia
Eliane conta que não desconfiou em nenhum momento de que poderia estar grávida, pois além de não sentir mudanças na barriga, teve o ciclo menstrual normal, exceto em um mês. No entanto, a ginecologista e obstetra Vivian Macedo Gomes Marçal afirmou para A Tribuna que é impossível menstruar na gravidez. “Você pode sangrar, mas não é menstruação”, garante.
“Uma placenta de inserção baixa ou um pequeno descolamento ovular podem levar a um sangramento durante a gravidez”, explica a médica, dizendo que acredita que o caso de Eliane pode ser associado à síndrome do ovário policístico, que é um distúrbio hormonal.
Entre os sintomas da doença, está o aumento no tamanho dos ovários e pequenos cistos neles. A síndrome pode ser causada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. “A gente tem associada a irregularidade menstrual, o ciclo anovulatório e a obesidade”, enfatiza Vivian.
A ginecologista ainda explica que a descoberta de gravidez tardia não é incomum. “Nós atendemos muitos casos parecidos nas pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), que às vezes não tem o controle do seu ciclo menstrual e não estão planejando a gravidez”.
Portanto, para evitar essa “surpresa”, a orientação é se atentar ao próprio corpo. “Seria interessante que a mulher conhecesse seu corpo, anotasse mensalmente a data que começa a menstruação, entendesse como funciona o ciclo menstrual dela, de quanto em quanto tempo vem”, finaliza, enfatizando que cada mulher pode ter um ciclo diferente.
“Às vezes, ele (o ciclo) vem de 25 a 35 dias e isso é uma menstruação regular. É que tem mês que ele vem a 25 e tem mês que é a 30. Às vezes, as mulheres podem achar que isso é uma irregularidade. Então elas precisam entender o seu corpo”.