Alunos do litoral de SP ficam cinco meses sem receber kit alimentação e mães desabafam: 'Humilhante'
Mães afirmam ter recebido os alimentos pela última vez no mês de outubro
Mães de estudantes da rede municipal de Mongaguá afirmam estar há cinco meses sem receber kit de alimentação por parte da prefeitura, uma das medidas adotadas durante a pandemia de Covid-19, enquanto as escolas estão fechadas.
A psicóloga Patrícia Freitas, moradora do bairro Agenor de Campos, é mãe de Leonardo (13 anos), Fernando (12), André (10) e Valentina (6). O quarteto se divide entre as escolas de ensino fundamental Barigui e Regina Maria Balneario. Segundo Patrícia, o último kit alimentação entregue foi no mês de outubro.
"Desde essa época, nunca mais se ouviu falar em kit de alimentos. É um direito da criança. Deveriam dar mais atenção para a fome. São muitas famílias que também não têm ajuda. As crianças só não passam fome porque recebemos ajuda de nossos vizinhos", afirma Patrícia.
A autônoma Priscila Martins Ribeiro da Silva, de 37 anos, moradora da Vila Seabra, vive situação semelhante. Mãe de cinco filhos, de 3, 6, 8, 14 e 16 anos de idade, ela afirma ter recebido os alimentos pela última vez também em outubro.
Com exceção ao filho de 3 anos, que ainda não entrou na escola, e ao de 16, que aguarda matrícula para iniciar o ensino médio, os demais estudam nas escolas Prefeito Cassimiro Correia Neto e José Cesário Pereira Filho. Priscila afirma ter buscado ajuda com vereadores e no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do município, mas sem sucesso.
"É humilhante para as mães terem que ficar correndo atrás de alimento para os filhos, sendo que a verba foi enviada ao município. Estamos sem comida, água pra ser cortada, nem fogão tenho. Fico indignada. Quem precisa de comida para agora vai acabar morrendo de fome. As crianças precisam de alimento. Está complicado", desabafa Priscila.
Suspensão das aulas
A prefeitura de Mongaguá voltou a suspender as aulas presenciais no último dia 9 (terça), após a Baixada Santista regredir à fase vermelha do Plano São Paulo. O município havia retomado as atividades escolares no início de fevereiro, com controle do número de estudantes.
"Nós todos estamos em casa, em isolamento social. Não podemos sair. Nenhum deles está estudando. Devido a pandemia, estão pegando atividades e fazendo em casa. A gente acaba vivendo de doações", conta Patrícia
Resposta
Em nota, a Diretoria de Educação de Mongaguá destacou que iniciou, nesta segunda-feira (22), o programa Merenda na Escola, que tem como objetivo disponibilizar refeições aos alunos da Rede Municipal de Ensino.
De acordo com a prefeitura, na prática, serão colocados à disposição da população 10 polos educacionais, de segunda a sexta-feira, das 10h às 12 horas. A iniciativa visa ofertar refeições de qualidade aos alunos que necessitarem, haja vista o momento delicado que a sociedade está passando diante da pandemia.
Os alunos que estudam em outras escolas poderão se dirigir aos polos para realizarem as refeições. O programa seguirá enquanto perdurar o estado de emergência. "Vale ressaltar que todos os estudantes passarão por aferição de temperatura na entrada das unidades e terão álcool em gel à disposição", destacou a administração municipal.
Confira os polos:
PAC Barigui
EMEF Jacyra de Souza Oliveira
EMEF Sirana Koukdjian
EMEF Regina Maria
EMEIEF Nair Melo Francisco - ‘Dona Naia’
EMEF José Cesário Pereira Filho
EMEF Prefeito Cassimiro Correa Neto
EMEF Jacoub Koukdjian
EMEF Vereador Joaquim Monteiro
EMEF Hortência Quintino de Faria Botelho
