Polícia Federal indicia prefeito do Guarujá por associação criminosa e corrupção

Válter Suman (PSDB) e mais oito pessoas são teriam cometido irregularidades em contrato que passa de R$ 4 milhões

Por: Sandro Thadeu  -  06/07/22  -  19:43
Atualizado em 06/07/22 - 20:07
Suman chegou a ser preso e, depois, usou tornozeleira eletrônica
Suman chegou a ser preso e, depois, usou tornozeleira eletrônica   Foto: Matheus Tagé/AT

A Polícia Federal (PF) indiciou o prefeito de Guarujá, Válter Suman (PSDB), e mais oito pessoas na conclusão da investigação sobre irregularidades no contrato emergencial para a higienização das unidades de saúde, da Praça 14 Bis e dos paços Raphael Vitiello e Moacir dos Santos Filho, no valor de R$ 4,034 milhões, firmado entre a Administração Municipal e a empresa AM Silva Serviços Ltda., em 2020.


O delegado da corporação Raphael Soares Astini apontou o envolvimento do chefe do Executivo pela participação nos crimes de associação criminosa e corrupção passiva (prática que ocorre quando um agente público pede, aceita promessa ou recebe, para ele ou para outra pessoa, vantagem indevida em razão do cargo que ocupa).


O tucano também teria infringido a Lei das Licitações (8.666/1993) por ter dispensado a realização de licitação e contratado um serviço com um superfaturamento estimado em R$ 3,272 milhões, segundo estimativa da Controladoria Geral da União (CGU) - veja mais detalhes na matéria.


O pedido do representante do órgão será analisado pelo Ministério Público Federal, que poderá requisitar novas diligências, pedir o arquivamento ou oferecer a denúncia ao Judiciário.


Hoje é um dia importante para o prefeito. A partir das 10h, os vereadores estarão reunidos na Câmara para a sessão extraordinária de julgamento do parecer da comissão processante que analisa o pedido de impeachment do chefe do Executivo.


No relatório do inquérito policial que pede o indiciamento dos envolvidos, Astini destaca que as provas arrecadadas “sugerem a existência de uma associação criminosas de pessoas que se dedicavam a diversas fraudes em contratações públicas, maculando os procedimentos licitatórios com o respectivo pagamento e recebimento de vantagem indevida”.


Essa investigação está relacionada diretamente com a Operação Nácar-19, cuja primeira fase foi deflagrada pela PF, CGU e Tribunal de Contas da União, em setembro do ano passado, e a segunda, em março deste ano.


Ela apura possíveis crimes de desvios de recursos públicos por um grupo criminoso mediante a contratação de empresas e organizações sociais para atuação nas áreas de Educação e Saúde do Município.


Grande proximidade


A investigação aponta que a AM Silva Serviços Ltda. pertence a Almir Matias da Silva, que é indiciado pela PF pelos crimes de corrupção ativa (oferecer vantagem indevida a um servidor público, em troca de algum tipo de favor ou beneficio) e associação criminosa.


Ele seria o controlador, de fato, da organização social Pró-Vida, que foi responsável pela gestão de diversas unidades municipais de saúde, em Guarujá.


No ano passado, os contratos com a entidade foram rompidos pela Administração Municipal, após uma recomendação do Ministério Público de São Paulo.


A apuração da PF revela uma grande proximidade entre o empresário e Suman, que teria morado em um imóvel e utilizou veículos ligados a Silva. No telefone celular do empresário, foi identificada uma conversa em que o chefe do Executivo pede para ficar com um carro blindado.


Nesses diálogos entre as partes, foi verificada algumas vezes a utilização da expressão “caixas de máscaras”, após a realização de pagamento pela Prefeitura ou prorrogação contratual. A PF suspeita que esse seria um código utilizado para se referir a propina.


Curiosamente, na primeira fase da Operação Nácar-19, foi apreendida a quantia de R$ 42,6 mil, no gabinete de Suman. O dinheiro estava em uma caixa de máscara.


Desafio


Por meio de nota, o advogado do prefeito, Edson Asarias, desafiou “qualquer autoridade ou membro da imprensa que prove que Suman” morou em apartamento ou utilizou veículos de propriedade de Almir Matias da Silva.


Ele justificou que a defesa técnica “está tomando as devidas providências para de uma vez por todas colocar um ponto final nas dilações e fofocas que são feitas” contra o chefe do Executivo. “Tudo não passa de uma orquestrada maneira de prejudicar ainda mais a imagem do meu cliente”, concluiu.


A defesa de Silva preferiu não se manifestar e justificou que os pontos serão devidamente esclarecidos em juízo.


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