Sindicato recomenda que hotéis no litoral de SP exijam passaporte da vacina

Hostels recusam quem não tem o comprovante; infectologistas apoiam medida

Por: Bruno Almeida  -  30/12/21  -  20:34
Atualizado em 31/12/21 - 14:15
Hostels passam a exigir comprovante para hóspedes fecharem a reserva
Hostels passam a exigir comprovante para hóspedes fecharem a reserva   Foto: Divulgação

Pensando no aumento do número de turistas na Baixada Santista neste verão, donos de hotéis, pousadas e hostels da região têm investido em medidas de proteção contra a covid-19, como a exigência do passaporte da vacina — mesmo que isso signifique recusar hóspedes que não estejam totalmente imunizados.


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O Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista e Vale do Ribeira (SinHoRes) pede que os responsáveis pelos hotéis solicitem o comprovante, ainda que o presidente, Heitor Gonzalez, seja contra a obrigatoriedade da imunização completa como condição para fechar a reserva.


"Dá mais segurança. A gente recomenda a apresentação do comprovante. Como a vacina não é obrigatória, seria incoerente obrigar (que se leve) o comprovante (para se hospedar)", diz.


Mesmo que a época seja de recuperação de forças para quem vive do turismo, donos de hostels da região querem que a retomada ocorra de forma consciente. Há estabelecimentos onde o passaporte da vacina serviu para garantir vantagens a hóspedes.


A campanha 'Vacina no braço, mochila nas costas' foi uma forma que o jornalista Diego Bonel, do portal Brasil Hostel News, encontrou para mobilizar estabelecimentos do País, incentivar a ida aos postos de saúde para tomar a segunda dose contra a covid-19 e "colocar os hostels de volta no radar do viajante".


Diferentemente das grandes redes, "os hostels são, em sua maioria, pequenos e médios empresários sem uma grande musculatura financeira. Com o avanço da vacinação, começamos a notar o aumento no volume de pessoas viajando, os hostels ficando mais cheios, e a vacina se mostrando a luz no fim do túnel que faltava para uma retomada realmente segura do turismo".


Proprietária do hostel Alma de Maré, em Guarujá, Roseane Moura concedeu uma diária extra aos hóspedes mais frequentes, como pessoas que haviam escolhido o estabelecimento para fazer home office. O cliente ganhava uma diária a cada três dias reservados, caso tivesse o comprovante de vacinação completa.


Roseane cobra o envio de uma foto do certificado ao fazer a reserva e, no momento do check-in, a apresentação do comprovante. Por causa disso, já negou reservas a quase 20 clientes que não tinham tomado as duas doses.


"Abri o hostel em janeiro de 2020 e fechei em março. Estou engatinhando. Na primeira fase da pandemia, ficamos fechados, como todos. Na segunda, abrimos somente para hóspedes mensalistas que trabalharam em home office. O faturamento ficou em 15%. De setembro para cá, estamos com 90% da nossa capacidade nos finais de semana", conta Roseane.


Também em Guarujá, o Desfrute Hostel pede comprovante desde que reabriu, em maio. O dono do estabelecimento, Paulo Geraldini, explica que, como o local possui espaços compartilhados, já teve 20 casos de pessoas "que não tomaram a vacina, e tivemos que declinar da hospedagem para não colocar o ambiente em risco e, consequentemente, os hóspedes".


Para a infectologista Elisabeth Dotti, o passaporte da vacina é necessário por causa "do mau comportamento das pessoas. Ele tem que ser exigido. Se a gente tivesse todo mundo tranquilo, vacinado, não iríamos precisar. Se a gente fosse uma sociedade que defende a ciência, que preza a vida... O dono do hotel tem que se garantir".


O infectologista Marcos Caseiro acha a exigência "fundamental". "O passaporte de vacina não garantirá que você não vai pegar. Ele garante que você não terá uma manifestação clínica importante da doença. Nós temos máscara, distanciamento e vacina. E, certamente, a vacina é uma ferramenta para diminuir a disseminação e evitar os casos os casos graves", explica.


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