Mortes no trânsito crescem 4% na região em relação a 2017

Santos lidera as estatísticas, com 45 mortes, seguida por Praia Grande, São Vicente e Cubatão

Por: De A Tribuna On-line & Da Redação &  -  10/12/18  -  14:07
Infosiga-SP registrou 224 mortes até outubro desse ano, contra 215 no mesmo período de 2017
Infosiga-SP registrou 224 mortes até outubro desse ano, contra 215 no mesmo período de 2017   Foto: Tony Lamers/G1Santos

O número de mortes no trânsito da Baixada Santista subiu de 215 para 224, quando comparados os períodos de janeiro a outubro de 2017 e deste ano. Foi Cubatão que puxou esse total para cima, pois Santos, Bertioga, Praia Grande, Peruíbe e Itanhaém tiveram queda na quantidade de óbitos.


Cubatão também difere das demais no local onde os acidentes fatais ocorreram. Nela, a maioria foi em rodovias (65,6%). Em Santos, por exemplo, esse índice alcançou 26,7% do total.A Reportagemobteve os números no Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga SP).


Apesar da participação de Cubatão no resultado geral, Santos, mesmo com números em 2018 menores do que em 2017, lidera a estatística regional em números absolutos, com 45 mortes, ou uma a menos que no ano passado. Foram 20 óbitos de pedestres, 11 de motociclistas, seis em automóveis, quatro em bicicletas, duas em ônibus e uma em caminhão. Em um dos casos contabilizados, não se identificou como a vítima morreu.


A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de Santos responde pelos acidentes com óbitos em vias municipais (32 das 45 mortes aconteceram em trechos urbanos). A empresa menciona que, apesar de o total anual não estar consolidado, a tendência é que os registros de morte neste ano sejam menores do que os registrados em 2011.


Naquele ano, de acordo com a CET, teve início a Década de Ação pela Segurança no Trânsito. Na época, a Cidade registrou 61 vítimas.


Entre as ações atuais de educação para o trânsito estão a reinauguração da Minicidade de Trânsito (Praça Belmiro Ribeiro) para crianças aprenderem noções de respeito ao trafegar, campanhas em escolas e empresas, treinamentos, trabalhos pela conscientização na travessia de idosos e o programa Faixa Viva, para salientar a preferência a pedestres em faixas de segurança nos trechos onde não há semáforos.


Para reduzir acidentes também foram construídas cinco minirrotatórias, seis faixas elevadas e instalados mais cinco semáforos na Cidade.


Em nota, a CET Santos reforça que o Governo Estadual divulgou balanço apontando que 94% dos acidentes com mortes são causados por falha humana (imprudência, imperícia ou negligência).


Rodovias


Nas rodovias estaduais, a Via Anchieta é o local onde mais houve mortes. Próximo ao viaduto do Piratininga, na Zona Noroeste de Santos, ocorreram três óbitos: de dois motociclistas em fevereiro e março e o de um ciclista, este por atropelamento, em setembro.


A rodovia teve mais quatro mortes de pedestres, uma de motociclista, duas de ciclistas e duas ocorrências com caminhões, totalizando 12 casos na rodovia que integra o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI).


  Foto: Arte: Monica Sobral/AT

Falta estratégia


Quando um trecho da via é perigoso, se reduz a velocidade máxima permitida. Caso haja desobediência da sinalização, coloca-se lombada ou radar. E nas campanhas, pede-se sempre prevenção e respeito. Mas, para o sociólogo e consultor em Segurança no Trânsito Eduardo Biavati, o Brasil se mostra pouco inteligente em estratégias, “e o resultado é de pessoas à própria sorte”. Por isso, o especialista considera necessário pensar em soluções novas e exclusivas para a questão.


Apesar de a região parecer homogênea, cada cidade tem as suas características. Santos é um exemplo disso. Sabe-se há anos que mais idosos escolheram o município. Dos 45 mortos, 23 tinham até 59 anos, e 22, 60 ou mais.


Entre os jovens, grande parte dos acidentes era com motos ou a pé, na Avenida Portuária. Nas avenidas da orla e nas proximidades, os sete atropelados eram idosos.


“Semáforos geralmente são pensados para dar fluidez ao tráfego, não para a travessia com tranquilidade. É preciso criar mais estratégias para o público santista”, julga Biavati.


A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de Santos já prolongou o tempo de travessia em parte dos trajetos e fez campanhas. Para o especialista, no entanto, é preciso mais.


Cubatão tem uma característica mais complexa de mobilidade, aponta ele. “Mistura vários tipos de veículos em quantidade grande, por causa da rodovia. Você não vê tanto, em toda a cidade de Santos, caminhões levando aço dividindo espaço com os demais veículos. Só em alguns trechos. Então, quanto mais complexa e diversa essa composição de uso da via, maior também é o risco aos mais vulneráveis”, observa.


Para Biavati, o importante é explicar que a culpa não é sempre da vítima ou de quem se acidentou, “mas de quem cuida daquele espaço também. Se o pedestre não pode colocar uma faixa na frente de casa, o gestor precisa resolver aquela situação”, arremata.


Explicações


A Prefeitura de Cubatão diz promover atividades periódicas de educação no trânsito para motoristas, pedestres e crianças. Informa que houve atualização de agentes da Companhia Municipal de Trânsito. Cita, ainda, que pretende levar o projeto Faixa Viva a outros pontos da Cidade e planeja a iniciativa Agente Mirim, em que adolescentes ajudariam a orientar o trânsito.


Já a Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) informa debater, toda semana, ações de segurança viária com profissionais da empresa. Entre as medidas definidas estão inibir a travessia de pedestres e ciclistas por rodovia, ações de fiscalização e campanhas educativas. Com isso, segundo a empresa, o número de mortes caiu de 149 para 72 de 1999 a 2017.


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