O mercado imobiliário na Baixada Santista tem uma nova menina dos olhos: Itanhaém. É uma das apostas que o CEO da Credlar Construtora, Sérgio Fernandes Leal, faz. Junto de Praia Grande, que segue sua expansão, ele acredita num potencial da cidade para receber turistas paulistanos pela infraestrutura da cidade e seu tamanho - é maior em território, com 601,711 km2. Com pouco mais de 100 mil habitantes, a Pedra Que Canta tem terreno suficiente para se verticalizar. “Itanhaém é a próxima Praia Grande do Litoral Sul”, aposta. No papo a seguir, o construtor também faz uma análise de mercado e diz que os juros altos e a renda baixa dos brasileiros será uma pedra no sapato para a construção civil neste ano.
Como o senhor enxerga o mercado imobiliário na Praia Grande para este ano?
Praia Grande é um mercado atípico. Tem demanda anual constante e recebe migração de todas as cidades da Baixada Santista, além da Capital Paulista. Acredito que teve um pico muito grande por apartamentos diferenciados por conta do home office na pandemia, mas essa tendência vai se estabilizar porque a vida está começando a voltar ao normal.
Mas ele se firma?
Acredito que não seja duradouro o imóvel como home office, como tendência de mercado. Ele se tornou uma opção a mais, mas não é uma tendência como aconteceu como a varanda gourmet e o lazer completo nos condomínios, por exemplo.
E o Litoral Sul?
Quanto ao Litoral Sul, ainda há tendência de crescimento, mas Praia Grande e Itanhaém continuam sendo a bola da vez. Na primeira, o perfil principal é aquele imóvel de dois dormitórios com suíte, recebendo turismo de São Paulo. Além disto, por ser uma cidade em desenvolvimento, com crescimento sustentado, recebe também a migração de cidades como Cubatão, São Vicente, Guarujá e Mongaguá. Algo em torno de 60m2 a 65m2, nos bairros entre o Canto do Forte e a Cidade Ocian, próximo à Praia.
E Itanhaém?
Itanhaém é a próxima Praia Grande do Litoral Sul. Praia Grande está em franco crescimento, que foi planejada por vários anos. E isso segue em direção ao Litoral Sul. A cidade tem a maior em área territorial, há a reforma do plano diretor e condições convidativas. Itanhaém tem 90% de perfil do turista paulistano, o que pode levar à verticalização da cidade.
As taxas de juros dos financiamentos subiram, acompanhando o movimento da Selic. Isso poderá afetar os financiamentos neste ano?
As taxas de juros desse ano vão impactar bastante e devem dar uma esmurecida no aquecimento que tivemos em 2021, porque ela impacta diretamente no poder de compra da população. A taxa hoje está como 2015, um limite bem desconfortável, com tendência de aumento, beirando os 12%, 13%. O brasileiro conheceu o que é a taxa de juros, mas com poder de compra. Agora acontece o inverso, subiu bastante a taxa de juros e a renda do trabalhador caiu muito.
Isso afeta os imóveis populares?
Sim. Esses imóveis têm demanda sempre. Aquele cidadão que adquire emprego e sonha em sair da casa dos pais. Porém, com a renda baixando, cai a condição de pagamento. Essa demanda sempre há, mas o desemprego associado às taxas de juros inibem.
Por outro lado, os imóveis de alto padrão foram muito buscados na pandemia. Isso continua?
Essa procura continua bem aquecida. Os imóveis de alto padrão de Praia Grande, em bairros como Boqueirão, Canto do Forte e Guilhermina seguem aquecidos. O que não acredito para Itanhaém, que é mais o turismo mediano. Quem compra imóveis de alto padrão não depende de taxa de juros e guardou uma reserva na pandemia, seja para fazer um upgrade, seja para comprar um novo apartamento.
O financiamento próprio, característica da Baixada Santista, segue forte?
Sim. Esse é um diferencial, ainda mais em Praia Grande. Isso ajuda esse consumidor, mas também haverá efeitos das altas nas taxas de juros nesse segmento. Entretanto, é um facilitador para o comprador porque muita gente tem pendências em banco e neste caso consegue realizar seu sonho e compra direto na construtora.
