Médico se emociona com morte de mãe de gêmeas em Santos: 'Choramos juntos, eu e o pai'
Rosemeire Aparecida Ribeiro, de 54 anos, morreu na noite desta segunda-feira (19)
Atualizado em 21/12/22 - 11:22
Acostumado a tantas emoções, Condesmar Marcondes, ginecologista e obstetra especialista em Reprodução Humana, não conseguiu conter as lágrimas quando soube da morte de Rosemeire Aparecida Ribeiro.
Aos 54 anos, a aposentada, que morava na Vila Margarida, em São Vicente, morreu nesta segunda-feira (19), uma semana depois de ter dado a luz às gêmeas Aylla e Antonella no Hospital São Lucas, em Santos.
Há um ano, ela e o namorado Alexandre Carvalho tinham procurado o profissional, responsável pelo processo de fertilização in vitro e pela cesariana que trouxe ao mundo às gêmeas. Foi também o médico quem deu a triste notícia da morte ao pai.
"No início da tarde (de segunda), disse para que ela marcasse um cardiologista para ver se estava tudo certinho, o que havia sido agendado para hoje (terça) ou amanhã (quarta). Também havia indicado um pediatra. À noite, houve tudo isso", conta. "Choramos juntos, eu e o pai, de madrugada. Fui dormir eram mais de 3 da manhã", emenda.
Rosemeire sentiu falta de ar por volta de 21 horas e foi imediatamente encaminhada para o Hospital Ana Costa de São Vicente. Ela recebeu oxigênio e passaria por tomografia, o que foi possível na unidade de Santos, para onde foi transferida. Mas ela acabou não resistindo, depois de sofrer uma parada cardíaca.
Pouco tempo antes, Rosemeire ainda contava orgulhosa do parto e de toda a repercussão aos médicos e enfermeiros. "Nunca tinha visto uma mulher tão feliz. E eu também", contou, emocionado, Condesmar.
O corpo de Rosemeire será velado nesta quarta-feira (21), a partir das 13 horas, no Cemitério Vertical Metropolitano São Vicente. O sepultamento está marcado para 17 horas no mesmo local.
A história
A alta de Rosemeire depois do parto de gêmeas aconteceu na sexta-feira (16) e A Tribuna acompanhou de perto esse momento emocionante, quando os pais e os bebês deixaram o Hospital São Lucas.
“Sabia que aconteceria um dia. Encontrei a pessoa certa (Alexandre Carvalho, com quem namorava há dois anos e três meses) e foi tudo muito bem planejado, até porque sempre chequei minha saúde em exames de rotina e estava tudo bem. Se não estivesse, não traria uma criança ao mundo para sofrer”, afirmou Rosemeire, na semana passada.
Rosemeire Aparecida Ribeiro acostumou-se com a presença de crianças ao longo das duas décadas e meia de serviço como professora e, posteriormente, como coordenadora pedagógica em escolas municipais de São Vicente.
A aposentadoria, ocorrida aos 51 anos, foi a senha para que ela tentasse realizar o acalentado sonho, contrariando a receptividade de algumas pessoas com quem comentava de sua vontade, especialmente no período da gravidez.
“Já escutei, por exemplo, que eu era doida e que eu tinha que aproveitar para viajar. Mas minha vida não se resume nisso. Nem meu coração. Terei 100% do meu tempo disponível para elas”, comentou na mesma entrevista.
