O índice de isolamento social na Baixada Santista está bem inferior ao considerado necessário para o combate ao aumento de casos de covid-19, alertam especialistas. O ideal seria mantê-lo, no mínimo, entre 55% e 60%. Mesmo com mais uma fase de endurecimento nas restrições imposta pelo Governo do Estado e sistema de saúde entrando em colapso em várias localidades, a taxa na maior parte das cidades da região ficou abaixo dos 50%. Apenas Bertioga se destaca, mas ocupa a 13º posição no ranking estadual, com 51%.
Os dados são da terça-feira – última publicação do Sistema de Monitoramento Inteligente de São Paulo (Simi-SP), que verifica a quantidade de pessoas que estão cumprindo isolamento social com base em informações prestadas pelas operadoras de telefonia.
De acordo com o monitoramento, o último melhor índice de Bertioga foi de 68%, registrado em 19 de abril de 2020 – início da pandemia. Já Santos concentra a pior taxa da região com isolamento em 40%, de acordo com o sistema de monitoramento. Em 3 de maio do ano passado, a Cidade registrou o maior índice: 59% .
“Esses índices são muito baixos. A gente observa que está tudo relativamente aberto. As pessoas, infelizmente, não estão atentas, porque em nenhum momento conseguimos fazer um isolamento como deveria ser feito, e é compreensível, diante do que se passou em um ano e naquela coisa feita meia boca”, avalia o professor e médico infectologista Marcos Caseiro.
O médico e diretor da Sociedade Paulista de Infectologia, Evaldo Stanislau, afirma que o índice adequado seria de mais de 70% de isolamento. “Mas, se nos mantivermos consistentemente acima de 55% a 60%, já seria importante”.
Suporte
Stanislau destaca que seria necessário suporte financeira para que houvesse maior adesão ao isolamento. No entanto, ressalta que a situação é bastante séria. “Todos devem estar conscientes da gravidade do momento e fazer a sua parte com saídas de casa para o essencial e uso correto de máscara. E ao menor sintoma, qualquer um, isolar-se e buscar testagem e orientação médica”.
Embora ainda haja leitos hospitalares, para os especialistas, a região caminha a passos largos para enfrentar um colapso no sistema de saúde. “Temos um cenário muito ruim para as próximas semanas, com o número de casos extrapolando a nossa capacidade de internação. A população, talvez, só entenda a gravidade da situação quando tiver algum familiar precisando de internação e oxigênio e não tenha”, ressalta Caseiro.