Golpistas utilizam Pix como isca para vítimas

Febraban faz alerta a usuários do sistema de transferência criado em 2020 e explica que bancos investem em segurança

Por: Rosana Rife  -  02/08/21  -  09:33
 A dica é ficar atento às táticas usadas pelas quadrilhas para se prevenir das investidas
A dica é ficar atento às táticas usadas pelas quadrilhas para se prevenir das investidas   Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Atentos a uma mudança de hábito dos brasileiros, golpistas passaram a mirar nos últimos meses os usuários do Pix. Ferramenta de transferência bancária lançada pelo Banco Central no ano passado, ela virou a queridinha dos correntistas e, consequentemente, alvo de criminosos. Pelos menos quatro tipos de abordagens têm se destacado, alerta a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A dica é ficar atento às táticas usadas pelas quadrilhas para se prevenir das investidas.


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DICAS DE COMO NÃO CAIR DO GOLPE DO PIX


Os bandidos usam técnicas da chamada engenharia social, que visam enganar o cliente para que ele forneça dados confidenciais, como senhas e números de cartões. Ou seja, o método já era utilizado pelos criminosos e ocorria em outros meio de transferência, como a TED e o DOC.


“Não temos notícias de fraude do Pix enquanto sistema. O que acontece é que as pessoas estão caindo em golpes de WhatsApp, com links maliciosos que usam o Pix para transferir dinheiro”, explica o especialista em Tecnologia e Segurança Digital Arthur Igreja.


Ele lembra que essas modalidades de fraudes não são novidades na praça. Apenas mudaram o foco para a ferramenta de transferência de recursos que está entre as mais utilizadas no momento. “Não é nada diferente que se alguém caísse em um golpe e fizesse uma TED. O que mudou foi só o meio de pagamento”.


Como ocorrem


A forma mais comum de golpe ocorre por meio de clonagem do WhatsApp (veja quadro). Os criminosos adicionam o número da vítima e enviam mensagens para seus contatos pedindo que transfiram dinheiro.


“As pessoas devem se certificar que aquela chave Pix utilizada realmente é do contato com quem está interagindo. Ao receber uma mensagem suspeita, é possível ligar para a pessoa, confirmando se está precisando de ajuda”, explica o advogado Fernando Bousso.


Para evitar a clonagem do WhatsApp, adote o duplo fator de autenticação no aplicativo. Assim, não basta ter o número de telefone da vítima para aplicar o golpe. Será necessário um código adicional para acessá-lo. Também coloque senha no seu celular ou use biometria e não clique em links suspeitos.


“Às vezes, o fraudador desenvolve links ou sites com toda identidade visual de uma empresa conhecida no mercado e oferece grandes descontos. Nisso, as pessoas clicam e são automaticamente direcionadas para um Pix. Por isso, cuidado com esses links que passam para formas automáticas de transferências, sem apresentar algum tipo de validação”, acrescenta Bousso.


Outra recomendação é informar à instituição financeira o problema e registrar boletim de ocorrência em caso de golpe.


De olho


A Febraban investe cerca de R$ 25,7 bilhões por ano em tecnologia. Dez por cento desse valor é direcionado a sistemas voltados para segurança da informação. Também foca em campanhas e ações de conscientização nos canais de comunicação com os clientes para orientá-los.


Já o Banco Central (BC) acompanha as reclamações dos usuários nos canais de atendimento ao cidadão e utiliza os dados para promover ações, reforçando a comunicação e a conscientiza-ção da população.


Banco Central defende segurança


O Pix foi lançado em junho de 2020 pelo BC, em parceria com instituições financeiras e, quatro meses depois, entrou em operação no País. Desde então, já foram realizadas mais de 2,9 bilhões de transações e apenas 0,001%, ou seja, cerca de 29 mil, apresentaram indícios de fraudes, de acordo com a autarquia federal.


O BC informa ainda que todas as operações com o Pix são 100% rastreáveis, o que permite a identificação das contas que receberam recursos que são produtos de golpe, “permitindo a ação mais incisiva da polícia e da Justiça, o que não acontece com saques em caixas eletrônicos, por exemplo”.


A ferramenta também foi desenvolvida com três características que visam prevenir a transferência de grandes valores por meio de golpes ou sob coação, explica o BC.


Os bancos utilizam os chamados motores antifraude, que permitem identificar transações fora de perfil do usuário para crimes. Pode ocorrer até o bloqueio de uma movimentação considerada suspeita.


Limites de valores


Por precaução, as instituições financeiras podem estabelecer limites de valores às transações, utilizando como base o perfil do cliente ou canal de atendimento. É possível haver a adoção de parâmetros já utilizados em TEDs e cartões de débito.


Os próprios usuários, por meio dos aplicativos, têm a opção de diminuir seus limites no aplicativo. “Por segurança, aumentos de limites não são imediatos e passam por análise das instituições para verificar a compatibilidade ao perfil do cliente”, acrescenta o BC.


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