Empresária de Santos se reinventa após devolver dinheiro de eventos cancelados na pandemia

Bethy criou os camarins em festas pelo Brasil, mas crise provocada pelo coronavírus a colocou de volta na gastronomia

Por: Jean Marcel  -  02/08/21  -  07:23
 Em grandes eventos, nos penteados ou na cozinha, a empresária cuida de todos os detalhes pessoalmente
Em grandes eventos, nos penteados ou na cozinha, a empresária cuida de todos os detalhes pessoalmente   Foto: Arquivo Pessoal

Elizabeth Costa da Cruz é artista plástica e chef gastronômica. Atua desde 1994. Teve restaurante, barzinho, videokê e acabou descobrindo o prazer maior em festas de crianças. É dela a ideia de inserir nos eventos, aqui no Brasil, os 'camarins' para fazer penteados e maquiagem. A pandemia, porém, obrigou 'Bethy', como ficou conhecida, a se reinventar: "tive que devolver dinheiro de todos os eventos, e começar tudo do zero".


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A história dela começou já com inovações, quando montou um restaurante com a família, e tinha uma parte onde haviam videogames. Bethy decidiu estudar gastronomia para poder cuidar e chefiar a cozinha. E acabou abrindo um barzinho: "era uma choperia, no canal 3, [avenida Washington Luiz], a Choppinel, mas fui obrigada a fechar por conta de muitas reclamações e multas por causa do barulho no local. Peguei então o videokê e comecei a levar em eventos", conta.


Ela atuava nos buffets e festas infantis, levando o aparelho. "Como sou formada em artes plásticas, eu comecei a desenhar na criançada. Enquanto o pai cantava no videokê, eu desenhava nas crianças. Só que aí os cabelos me atrapalhavam, e uma coisa leva à outra. Na festa seguinte, levei grampos e fitinhas, e comecei a prender os cabelos para pintar. Cada festa que eu ia levar o videokê, levava a tinta, o pincel e começava a fazer os penteados", explica Bethy.


No início, a referência era a Xuxa, que fazia muito sucesso. "Comecei a imitar os penteados dela, e aí eu inventei. Não existia no Brasil um camarim para eventos. Eu produzi um com luzes e tudo, e comecei a levar nas festas também".


 Visionária, Bethy criou o primeiro camarim para as maquiagens e cabelos em festas no país
Visionária, Bethy criou o primeiro camarim para as maquiagens e cabelos em festas no país   Foto: Arquivo Pessoal

"Fiquei muito famosa na época, dei até entrevista para A Tribuna, pois era um sucesso bem grande na época, e eu era a única do Brasil que fazia isso, de montar um camarim na festa, fazer unha, cabelo, maquiagem, penteados". E a visão empreendedora da artista plástica não parou por ai.


Ela tornou-se especialista no assunto, e a demanda para festas foi crescendo, a ponto de precisar montar equipes. Ela chegou a ter 25 meninas. "Muitas delas ficaram comigo por 10 anos ou mais", diz. Além de trabalho, Bethy oferecia o treinamento gratuito.


E foram anos trabalhando em praticamente todos os buffets e locais de eventos. "Minha equipe, Bethy Cruz, ficou realmente muito famosa graças a Deus e ao trabalho bem feito durante todo esse tempo", comenta.


Pandemia


Com a pandemia vieram também os cancelamentos. "Eu tinha que me reinventar. Como sabia cozinhar, voltei para a gastronomia. Iniciei fornecendo comidas para famílias. Kits de festa, comidas de quermesse, cestas, caixas para entregas com comidas prontas, e fazia tudo sozinha, até as entregas.


"Fiquei zerada. Tive que devolver todo o dinheiro pago de eventos que não aconteceriam mais, e recomeçar tudo do zero", revela. E assim, Bethy seguiu criando cardápios específicos, kits e, agora com o tempo mais frio, as sopas.


Esperança


Com a 'retomada segura', anunciada pelo Governo de São Paulo para o mês de agosto, renovam-se, também as esperanças de retomada de alguns eventos. "Já comecei a receber pedidos de orçamento para festas completas, sobre quanto custa o camarim, e espero que isso melhore mesmo, pois fiquei praticamente um ano e meio sem nenhum trabalho", diz Bethy.


Ela já planeja retornar os anúncios, montar novas equipes, voltar aos treinamentos. "Enfim, recomeçar tudo de novo", diz.


Lição


Bethy diz que não lhe falta otimismo para recomeçar, mas que aprendeu o quanto é importante ter 'os pés no chão' e saber controlar seus gastos, especialmente em um período tão difícil como está sendo o da crise gerada pela pandemia.


"Eu tinha uma casa só pra fazer os treinamentos, e guardar as coisas. Levava muitos excedentes de comida das festas para pessoas que vivem em situação de rua. Entreguei o local, a vida mudou, mas não posso viver com a cabeça lá atrás. Isso tudo me ensinou que as pessoas são melhores trabalhando unidas. Ninguém achou que isso fosse durar tanto tempo, mas vou retomar. Meus eventos são minha vida. Adoro cozinhar, estar nas festas, trabalhar com crianças, é o que amo fazer, é minha vida", diz.


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