Bruno Covas: Saiba mais sobre o vínculo com o avô e a carreira política de Santos para o Brasil

Primeira eleição foi para vice-prefeito em Santos, na chapa de Raul Christiano

Por: Rafael Motta e Júnior Batista  -  17/05/21  -  07:10
Atualizado em 17/05/21 - 10:28
   Raul Christiano e Bruno Covas em campanha para a Prefeitura de Santos em 2004
Raul Christiano e Bruno Covas em campanha para a Prefeitura de Santos em 2004   Foto: Arquivo Pessoal/Raul Christiano

A primeira disputa eleitoral de que Bruno Covas participou foi para a Prefeitura de Santos, em 2004, aos 24 anos. Concorreu como vice na chapa de Raul Christiano, jornalista e fundador do PSDB. “Ele tinha um astral elevadíssimo. Fazia análises da economia da Cidade, estudava o programa de governo”.


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O início da vida política de Covas nesse sentido foi uma surpresa para ele mesmo. Christiano conta que Covas, membro da Juventude do PSDB, estava no Interior quando ouviu do então candidato a prefeito que o partido havia decidido pelo nome dele para compor a chapa.


Não foi, no entanto, a primeira opção. O candidato da sigla seria o ex-deputado estadual Rubens Lara, mas ele desistiu de concorrer. Ali, o PSDB se dividiu entre apoiar a candidatura de João Paulo Papa (indicado pelo prefeito da época, Beto Mansur) ou o nome do advogado Vicente Cascione.


Um grupo de “autênticos” do partido, entre eles Christiano, se manifestou a favor de uma candidatura própria tucana ao Executivo. Raul Christiano foi escolhido. O vice poderia ser do PPS, mas havia a ideia de ampliar a coligação. Assim, cogitou-se como vice o promotor de Justiça Pablo Greco, numa tentativa de atrair o PV. Não deu certo: ele se tornou vice na chapa de Telma de Souza, do PT.


Então, membros do PPS sugeriram convidar alguém com o sobrenome Covas para a vice-prefeitura. Era Renata Covas, mãe de Bruno. Christiano telefonou para ela e ouviu como resposta que “nem pensar: o candidato da família é o Bruno”. “Como eu faço (para convencê-lo)?”, indagou o prefeiturável. “Liga pra ele”, respondeu ela.


Raul Christiano relata que ligou para Bruno Covas, que estava no Interior fazendo articulações na Juventude do PSDB. Quando atendeu, estava dirigindo, e veio o convite.


“Deixa eu parar o carro, que a perna tá tremendo. Deixa eu estacionar o carro aqui na estrada”, disse Covas, segundo Christiano. E aceitou. No dia seguinte, de volta a Santos, oficializou-se a indicação de Bruno.


“Eu fazia campanha das 6 às 20 horas. Ele acompanhava a maior parte da programação e, à noite, ia para baladas com a juventude. Ficava praticamente 24 horas por dia. Na campanha, estava sempre rindo, gargalhando”, descreve Raul Christiano.


A chapa “puro-sangue” partiu de “0,5%” de intenções e terminou a eleição em quarto lugar, com 28.012 votos, ou 11,52% do total válido (descontados nulos e em branco). O vencedor foi Papa, no segundo turno.


“(Covas) era um quadro que seria governador do Estado, candidato nosso à Presidência da República. Foi o caminho que o avô havia trilhado”, diz, em referência a Mario Covas (1930-2001) — que começou a carreira política disputando a Prefeitura de Santos em 1961, quando ficou em segundo lugar.


O vencedor foi Luiz La Scala Júnior, morto antes da posse, e o prefeito se tornou o vice eleito, José Gomes, cassado após o Golpe de 1964.


   Bruno herdou a vocação pela política, se filiou ao PSDB e, ainda adolescente, começou a militar no partido
Bruno herdou a vocação pela política, se filiou ao PSDB e, ainda adolescente, começou a militar no partido   Foto: Divulgação/Covas 45

História


Bruno Covas, neto do ex-governador de São Paulo Mário Covas, nasceu em Santos em 7 de abril de 1980. Estudou na Cidade até 1995, quando foi para Capital morar com o avô. Graduou-se em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e em Economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).


Filiou-se com 18 anos ao PSDB e, no ano seguinte, se tornou primeiro secretário da juventude do partido. Chegou a ser presidente da Juventude Tucana, entre 2007 e 2011. Antes disso, disputou a prefeitura de Santos como vice na chapa de Raul Christiano (2004) e, depois, foi assessor da liderança dos governos de Geraldo Alckmin e Cláudio Lembo na Assembleia Legislativa (Alesp).


Foi secretário estadual de Meio Ambiente, em 2011, e depois eleito vice-prefeito de São Paulo, em 2016, na chapa com o então candidato João Doria (PSDB). Sobre isso, o atual governador da Capital disse que enfrentou resistência.


“Políticos de renome do PSDB não queriam Bruno Covas como meu vice e nem queriam uma chapa pura. Mas eu insisti, mantive o Bruno e foi a melhor decisão”, afirmou Doria à GloboNews.


Quando João Doria renunciou ao cargo em 2018, para concorrer à eleição do Governo do Estado, ele assumiu a prefeitura. No ano passado, foi eleito após derrotar o candidato de esquerda Guilherme Boulos (PSOL), no segundo turno, com 59,38% dos votos.


Deputado


Pela região, antes de assumir a função e ser reeleito como prefeito de São Paulo, ele foi deputado estadual e federal. Na sua primeira eleição para a Assembleia Legislativa de São Paulo, em 2006, foi eleito com a ajuda de 11.056 votos de santistas.


Na mais recente eleição que disputou para cargos proporcionais, em 2014, foi eleito deputado federal com 13.423 votos em Santos, números que reforçam a ligação de Covas com a sua cidade natal.


Lamentaram


Autoridades da região lamentaram a morte de Covas. O prefeito de Santos, Rogério Santos (PSDB), decretou luto oficial de três dias na Cidade. “Bruno Covas nos deixa um legado de liderança, competência e coragem”. O ex-prefeito de Santos João Paulo Papa disse que todos perdem um “grande e querido amigo”. Papa também afirmou que Bruno foi um “homem justo, que sabia cultivar amizades” e “amoroso com o filho Tomás que, mesmo com a vida turbulenta de sua atividade, sempre colocou em primeiro lugar”. “Na convivência intensa que tivemos na Câmara dos Deputados, pude conhecer mais de perto o Bruno estudioso, focado e muito preocupado em se preparar para novos desafios”, disse Papa.


A ex-prefeita de Santos, Telma de Souza (PT), disse que conhecia Bruno “desde menino”, que viu seu crescimento e, “mesmo diante de posicionamentos políticos diferentes”, sempre mantiveram carinho um pelo outro. “Por vezes, o chamava de Bruninho, e ele, de ‘Baixinha’ ou de ‘minha prefeita”, lembrou Telma.


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