Baixada Santista tem ciclovias insuficientes e planejamento falho no sistema cicloviário

Ausência de interligação nas cidades é um dos vários problemas no transporte regional de bicicleta

Por: Maurício Martins  -  07/11/21  -  14:01
Atualizado em 07/11/21 - 14:40
 Santos informa que possui 57,4 quilômetros em 32 pistas -a maior é a da praia
Santos informa que possui 57,4 quilômetros em 32 pistas -a maior é a da praia   Foto: Vanessa Rodrigues/ AT

Enquanto a bicicleta ganha cada vez mais importância no deslocamento das pessoas, principalmente por causa da alta dos combustíveis e do aumento dos serviços de entrega, a região não tem um planejamento definido para ampliação da malha cicloviária regional. Responsável pela integração das cidades, a Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem), do Governo do Estado, diz ainda estar elaborando “diagnósticos”.


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Além disso, muitos municípios não sabem em quanto vão expandir as ciclovias nos próximos anos. Mais do que isso: Cubatão e São Vicente nem sequer conseguem informar o tamanho das suas malhas atualmente. Juntando as ciclovias e ciclofaixas informadas pelas outra sete cidades, o total chega a aproximadamente 300 quilômetros.


O presidente da Associação Brasileira de Ciclistas (ABC), Jessé Teixeira Felix, acredita que a Baixada Santista fica devendo quando o assunto é ciclovia. Para ele, a região deveria ter, pelo menos, mil quilômetros de ciclovias.


“E ciclovia precisa ser compartilhada, ter começo, meio e fim. Tem que ter uma continuação, mas os prefeitos que passaram pelos municípios não tiveram comprometimento de fazer ciclovias emendando uma cidade na outra. E apenas duas cidades têm um sistema inteligente: Santos e Praia Grande”, diz Felix.


Para ele, os ciclistas trabalhador e estudante são os que mais sofrem com a falta de estrutura. “Tem muito mais gente andando de bicicleta e o sistema atual está sobrecarregado. O número de ciclistas aumentou e o de ciclovias, não. E muitas cidades acham que ciclovia é só na orla da praia. Mas não é isso, precisa trazer as pessoas dos bairros”, ressalta o presidente da ABC.


Outra crítica de Felix é a falta de espaço adequado para bicicletas nas rodovias de acesso à região. “Qual o projeto para trazer ciclistas de São Paulo, no Sistema Anchieta-Imigrantes? Não houve preocupação de crescimento de malha cicloviária, não colocaram ciclovias em cidades cortadas por concessionárias, que têm pedágios”.


Cidades
Praia Grande é a com maior malha da região, são 98,9 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas, segundo a Prefeitura. Mas até 2024, a Administração Municipal diz apenas que a previsão é que “a Cidade ultrapasse pelo menos os 100 quilômetros”. “A cada novo projeto urbanístico criado, a Prefeitura estuda a possibilidade de instalação de novo trecho”, informa.


Santos informa que possui 57,4 quilômetros em 32 pistas. A maior é a da praia, com 4,9 quilômetros de extensão. A Prefeitura não respondeu o quanto vai ampliar nos próximos três anos. Disse que “a meta a longo prazo é quase dobrar a quantidade de vias cicláveis, fazendo uso de ciclovias, ciclofaixas, ciclorrotas e vias compartilhadas” e que a próxima etapa “visa ampliar a rede para as vias internas, estabelecendo novas rotas entre os bairros”.


Guarujá tem 70 quilômetros de ciclovias, distribuídas na orla das praias e nas principais avenidas. A previsão é de mais 20 quilômetros até 2024. “Estão previstas as interligações das ciclovias e ciclofaixas na Avenida Santos Dumont com a Alameda das Tulipas; Praia do Tombo com Avenida dos Caiçaras; Estrada do Pernambuco com Praia Enseada; Avenida Ademar de Barros com Avenida Dos Caiçaras”.


Bertioga diz que possui 20,4 quilômetros de ciclovias ou ciclofaixas. Segundo a Secretaria Municipal de Obras, até o fim de 2024 serão construídos outros de três quilômetros ao longo da Cidade. Já Mongaguá tem 22,1 quilômetros e pretende fazer mais 3,3 quilômetros.


Itanhaém afirma que tem 9,8 quilômetros e “encontra-se em fase de planejamento para a ampliação das ciclovias. Por sua vez, Peruíbe possui 21,1 quilômetros e estuda mais 11,8.


São Vicente, que não informou a quantidade atual, afirma que pretende “entregar a ciclovia da Avenida Antônio Emmerich e recuperar as existentes”. Cubatão nada informou.


Governo do Estado
A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Regional afirma que a Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem) assinou contrato com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) para a construção do Plano Regional de Mobilidade e Logística (PRMSL-BS).


“A elaboração está em fase de levantamento e diagnósticos setoriais para compor uma estratégia ampla. O documento contemplará uma proposta de expansão planejada da rede cicloviária integrando toda a região”, disse, em nota.


Explicou ainda que a Secretaria aumentou os recursos destinados à Baixada Santista. “Dentro do portfólio de obras de engenharia possíveis nos convênios com a pasta, as ciclovias são objetos que podem ser inseridos nesse contexto, os projetos executivos e obras são definidos pelas prefeituras”.


Já a Secretaria de Logística e Transportes informa que está em fase de análise o projeto para implantação de ciclovia na Rodovia dos Imigrantes, interligando os municípios de São Paulo e Santos, com passagem por São Bernardo do Campo e Cubatão.


E a Secretaria de Transportes Metropolitanos diz que deu início às obras da segunda etapa do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), em Santos, com “15 estações, ciclovia e paraciclos”.


Opiniões
“As ciclovias de Santos não estão boas, falta de reforma. Nos canais 1 e 2 as árvores atrapalham muito. E na Nossa Senhora de Fátima tem trecho sem ciclovia”, diz o porteiro Ricardo Santos, de 36 anos, morador de Santos.


Já o embalador Helison Aragão, de 24, também de Santos, acha que deveria ter mais opções de ciclovias em Santos. “Mas as que temos estão boas. As de Praia Grande têm muitas curvas e as de São Vicente são bem ruins”.


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