Um homem de 87 anos, morador do Macuco, em Santos, é a primeira morte por chikungunya na Baixada Santista este ano. A mulher e a filha também tiveram a doença, mas já estão recuperadas. Em menos de um mês, os casos da doença cresceram 106% na região.
O último levantamento feito por ATribuna.com.br, com base em números divulgados pela prefeituras, foi em 12 de março. Na ocasião, eram 392 doentes. Nesta terça (6), o número já havia subido para 808.
Outra doença, também causada pelo mosquito Aedes aegypti, tem preocupado as autoridades da Baixada. Os casos de dengue cresceram 99,9% nesse mesmo período, passando de 1.147 para 2.293.Peruíbe ainda confirmou a primeira morte por dengue hemorrágica, mas não divulgou detalhes a respeito do perfil do paciente, como idade e bairro.
Segundo a chefe do Departamento de Vigilância em Saúde de Santos, Ana Paula Valeiras, em apenas nove mutirões foram encontrados 855 focos do mosquito, que ainda transmite zika vírus.
“Neste momento, por conta da pandemia de coronavírus, não podemos entrar na casa das pessoas. Então, se a população não fizer a sua parte, não adianta ter mil agentes, pois não teremos resultado. Fazemos um apelo quase que chorando para que elas cuidem de suas casas”.
Ana Paula diz que, com a covid-19, as pessoas esqueceram que temos outras doenças graves. “Todos estão dentro de casa, mas não estão cuidando de seus lares. Sabemos que o maior risco está dentro das residências, na bandeja da geladeira, no vaso sanitário, no vaso de planta, no ralo”.
A chefe do Departamento de Vigilância em Saúde de Santos diz que será “o caos” se forem necessários, em plena pandemia de covid-19, leitos também para dengue e chikungunya.
“Temos uma equipe muito boa e compromissada, que veste a camisa para traçar estratégias. Mexe com o nosso emocional cada um que morre, mas temos de continuar sabendo que as pessoas dependem das nossas ações. Só que precisamos da ajuda de todos”, desabafa Ana Paula.
Preocupação
Para o infectologista Eduardo Santos, a população precisa entender que deve fazer a sua parte para poder cobrar respostas das autoridades.
“Temos visto muita reclamação com relação ao que abre e fecha, sobre a falta de vacinas, enfim. Por outro lado, nas ruas ainda andam sem máscara, se aglomeram clandestinamente e não respeitam as regras mais simples, que estão há um ano sendo repetidas exaustivamente”.
O especialista diz que é natural que a cada dois anos aconteça um aumento no número de casos de dengue, mas a situação se agrava por conta de vivermos pandemia e epidemia ao mesmo tempo.
“As crianças e os adolescentes são os mais vulneráveis, pois ainda não tiveram contato com esses vírus que já circularam e a maioria já desenvolveu imunidade”.