Aprovação de vacinas não livra a Baixada Santista de cuidados contra a Covid-19

Médicos alertam para a importância do distanciamento social, além do uso de máscara e álcool gel; tire suas dúvidas sobre o tema

Por: Egle Cisterna  -  18/01/21  -  09:55
Santos registrou 11 novos casos de coronavírus neste domingo
Santos registrou 11 novos casos de coronavírus neste domingo   Foto: Matheus Tagé/AT

Mesmo com a aprovação do uso emergencial de duas vacinas contra a Covid-19, neste domingo (17), médicos infectologistas ouvidos por A Tribunareforçam que avanço da imunização não livra a sociedade de manter hábitos fundamentais para o combate ao novo coronavírus, como o uso constante de máscaras e o respeito ao distanciamento social. Nem mesmo a aplicação de duas doses dos imunizantes livrará a população dessas medidas por um tempo.


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O médico infectologista do Instituto Emílio Ribas, de São Paulo, e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Leonardo Weissmann, considera a aprovação um “momento histórico”. “A agência reguladora avaliou tecnicamente os dados apresentados pelo Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Isso demonstra que elas são eficazes e seguras, com relação entre risco e benefício favorável”.


Sem baixar a guarda


O também médico infectologista Marcos Caseiro concorda quanto à segurança das vacinas, produzidas com vírus inativado, mas alerta que a população não pode baixar a guarda em relação às medidas de segurança sanitária que são exigidas até o momento. Há um temor que um relaxamento ainda maior do que o vivido nas últimas semanas torne a covid-19 um adversário ainda mais difícil de ser combatido e vencido.


“Em primeiro lugar, é preciso tomar as duas doses da vacina. Depois de 28 dias da primeira dose é que a pessoa estará imunizada de fato contra o coronavírus. Mas não sabemos quando isso chegará à população. Santos, por exemplo, consegue vacinar seus moradores em uma semana, mas o problema é ter essa quantidade disponível de doses”.


Ele não descarta que uma situação semelhante ao que ocorre hoje no Amazonas - que vive o segundo surto da covid-19 - possa acontecer em outros estados, incluindo São Paulo. “Vacina não é bala de prata, que chega e resolve tudo. O quantitativo das doses ainda é pequeno”.


A Tribunatraz um tira-dúvidas sobre a doença e os imunizantes aprovados, com respostas de Weissmann, Caseiro e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) às perguntas mais comuns.


A análise das vacinas por parte da Anvisa acaba com a aprovação?


Não. Como a aprovação é para o uso provisório dos imunizantes, o que inclui uma restrição ao número de doses a serem aplicadas, a Anvisa continua acompanhando todo o processo, incluindo possíveis efeitos colaterais. O órgão regulador precisa também aprovar novas doses das mesmas vacinas (CoronaVac e de Oxford).


Em quanto tempo fico imune depois de tomar a vacina? Preciso tomar as duas doses?


Sim, as duas doses se fazem necessárias, com um intervalo de 15 a 20 dias entre elas. Isso é necessário para a eficiência do imunizante. Para as vacinas desenvolverem imunidade no organismo, há um prazo que gira em torno de três semanas.


Por que a equipe da Anvisa irá ao Butantan no dia 25?


Em sua apresentação, o gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, explicou que há algumas incertezas em relação à CoronaVac, como a duração de proteção da vacina, mas o quadro geral da pandemia o fez recomendar a autorização do imunizante. Para tirar as dúvidas, a equipe da Anvisa fará uma inspeção de boas práticas no Butantan na segunda-feira da semana que vem.


Quando o Governo Federal planeja iniciar a campanha nacional?


Na quarta-feira, a partir das 10 horas. Hoje, às 7 horas, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, fará uma entrega formal das doses da vacina aos governadores, no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP).


Como fica o cronograma de vacinação no Estado de São Paulo com o início de imunizações?


Seguindo o Plano Nacional de Imunização (PNI) do Governo Federal, neste primeiro momento, a vacinação será para profissionais de Saúde. A partir de hoje, serão distribuídas as doses a seis unidades de referência do estado: Hospitais das Clínicas da Capital, Ribeirão Preto, Campinas, Botucatu e Marília e Hospital de Base de São José do Rio Preto. Na sequência, serão enviadas doses da CoronaVac a polos regionais para redistribuição às prefeituras, com recomendação de prioridade para profissionais de saúde que atuam no combate à pandemia e a população indígena.De acordo com informações da Secretaria de Estado da Saúde ao jornal O Estado S. Paulo, a campanha de imunização contra a covid-19 em São Paulo será desenvolvida segundo a disponibilidade das remessas de vacinas por parte da União. O cronograma inicial será readequado dentro da disponibilidade de vacinas.


Posso deixar de usar máscara assim que tomar as duas doses?


De jeito algum. Medidas como higienizar as mãos, usar máscaras e manter o distanciamento devem ser mantidas por um tempo. Esses hábitos serão necessários, pelo menos, até que seja alcançada a imunidade coletiva, ou seja, seja formada uma barreira que proteja inclusive os não imunizados, controlando a pandemia. Poucos médicos arriscam dar prazos para isso. Ainda no ano passado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) chegou a divulgar que a vida não deverá voltar ao normal antes de 2022.


O tratamento precoce tem algum efeito contra a covid-19 e pode eliminar a necessidade de vacina?


A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) contesta a eficiência do “tratamento precoce”, um kit com alguns medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina. A entidade vê no posicionamento de ontem dos diretores da Anvisa, que aprovaram as vacinas justamente por não haver nenhum tratamento para a doença, um reforço neste posicionamento.


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