Os supermercados cresceram 6,7% em volume de vendas, entre janeiro e agosto, em comparação com o mesmo período do ano passado. Os números são da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Para o professor do setor de MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Mauro Rochlin, dois fatores contribuíram para o aumento: mudança no perfil de consumo e o auxílio emergencial do Governo Federal.
“Permanecer mais tempo em casa favoreceu os supermercados. Ficando mais em casa, hábitos mudaram. Aida ao cinema foi trocada pelo petisco”, diz o professor sobre os efeitos da pandemia no setor.
Segundo Rochlin, a injeção de dinheiro na economia foi robusta: 60milhões de pessoas com, em média, R$ 600, desde os períodos mais críticos do isolamento social.
Esta foi a sétima alta consecutiva neste ano no segmento, mesmo com uma perda no ritmo de crescimento em agosto frente o resultado de julho.
O resultado de julho frente junho deste ano foi de 9,8%, enquanto que em agosto foi de 3% em relação a julho.
O segmento foi responsável pelo terceiro maior impacto positivo na formação da taxa global do varejo. Os eletrodomésticos puxaram o crescimento: alta de 7,6% no acumulado de janeiro a agosto.
No ano, o setor de supermercados saiu de 0,5% em fevereiro e atingiu 6% em julho. No entanto, em agosto a variação foi positiva de 5,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
No acumulado dos últimos 12meses,os supermercados cresceram 3,8% em agosto, repetindo o acumulado até julho, que também foi de 3,8%.
Procurada, a Associação Paulista de Supermercados (Apas), não quis comentar o desempenho do setor.
Perdas
Segundo a pesquisa do comércio do IBGE, outros setores do varejo perderam muito durante a pandemia. Foi o caso, por exemplo, de tecidos, vestuários e calçados (queda 33,4%), livros, revistas, jornais e papelaria (-29,9%) e equipamentos de escritório (-19,5%).
Rochlin aponta, ainda, que as perdas de vários segmentos do varejo durante a pandemia não ficarão restritas ao período de isolamento social e que há o risco dos pequenos negócios não conseguirem se recuperar.
“Se olharmos para outras crises, as grandes redes saem favorecidas porque concentram os gastos dos consumidores. Os mais fracos desaparecem e a fatia de mercado fica mais restrita. É exatamente o que está acontecendo. Em termos relativos, os pequenos estão quebrando”.
Após susto e demissões, supermercado retoma alta
Programas emergenciais seguraram vendas do segmento, principalmente em bairros
Gerente da rede de supermercados Saito, de Itanhaém, há 35 anos, Anderson Albuquerque diz que sentiu o impacto da pandemia no início da quarentena em sua maior loja.
Ele afirma que fez um corte de 15% nos funcionários assim que a quarentena foi imposta, no começo de abril, pela incerteza da economia durante a pandemia. Mas o que viu nos meses seguintes o surpreendeu.
bairro tiveram um aumento acentuado nas vendas e também no fluxo de pessoas logo depois do decreto de quarentena, o que me surpreendeu bastante”, conta o gerente, que cuida de mais três lojas na Cidade.
Em setembro, o estabelecimento teve crescimento de 30%, o melhor do ano. Durante os períodos mais duros da pandemia, entre abril e julho, também houve expansão, porém menor, em torno de 5%.
Albuquerque diz que o benefício do programado Governo do Estado, Merenda em Casa, impactou diretamente no desempenho dos estabelecimentos de bairro, onde há muitas mães de baixa renda. O auxílio prevê R$ 55 para cada filho matriculado em estabelecimentos públicos de ensino.
O auxílio emergencial também contribuiu. “Mas o dinheiro da merenda é o que mais colaborou para minha rede. A partir do momento que eu comecei a aceitar, houve um crescimento maior”, diz.
Hoje, o quadro de funcionários foi restabelecido aos mesmos patamares de antes da pandemia. Na loja do centro da Cidade, ele conta que voltou a ter 63 funcionários (no começo de abril chegou a 53).
O fato de continuar aberto na quarentena contribuiu, mas com o esvaziamento das cidades, não havia fluxo de pessoas. Nos bairros, o movimento foi contrário. “Com a flexibilização, a unidade central voltou a ter movimento”.
O Grupo Pão de Açúcar e Carrefour foram procurados, mas não responderam até o fechamento desta edição.