2ª dose e imunização nos idosos geram dúvidas na Baixada Santista

Doses de vacinas contra a Covid-19 são insuficientes para cumprir os cronogramas pré-estabelecidos pelo Estado

Por: Matheus Müller  -  29/01/21  -  16:51
Quantidade de vacinas pode atrapalhar cronograma do Governo do Estado quanto à imunização
Quantidade de vacinas pode atrapalhar cronograma do Governo do Estado quanto à imunização

A quantidade de doses disponíveis da CoronaVac e AstraZeneca é insuficiente para cumprir os cronogramas pré-estabelecidos pelo Estado. A situação gera dúvidas quanto ao uso de todo estoque dos imunizantes, pois não existe a certeza sobre a chegada da 2ª dose das vacinas, entre 14 e 28 dias, para que sejam aplicadas nos já beneficiados. A dúvida é pertinente, mas o médico infectologista, Roberto Foccacia, afirma que o imunizante não perderá o efeito caso esse prazo seja ultrapassado, pelo contrário.


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“Tem um princípio básico de imunologia em que se demonstra quanto mais tempo se demora para fazer a segunda dose, melhora a resposta (imunológica). Então, sobre esse ponto de vista, não há preocupação em retardar a segunda dose, o efeito vai ser maior, com certeza”, diz.


Ao mesmo tempo, o infectologista entende que o problema estaria nesse período de espera entre as doses, pelo fato de a pessoa não ter recebido a vacina complementar. “Quanto mais demora, melhora a resposta (dos anticorpos), só que você deixa o indivíduo mais exposto a pegar Covid-19”.


Na última quarta-feira (24), o Governo de São Paulo informou ter feito uma consulta formal ao Ministério da Saúde sobre a possibilidade de usar imediatamente todas as vacinas encaminhadas ao Estado, sem ter que fazer reserva para garantir a segunda dose. A pasta ligada à União, no entanto, ainda não se manifestou sobre a situação.


À Reportagem, exceto Praia Grande, que tem reservado do doses para garantir a segunda parte da imunização aos público-alvo, e Bertioga que não respondeu à demanda, os demais municípios têm aplicado todo estoque recebido, sob a garantia de que o Estado enviará novos lotes da CoronaVac.


“Conforme orientação do Estado, sempre que há a entrega de remessa de vacinas, a mesma quantidade de doses já é separada pelo fabricante para a realização da segunda dose”, aponta a Prefeitura de São Vicente, em nota.


Itanhaém, no entanto, faz uma ressalva: usará metade das 1.070 doses da AstraZeneca recebidas pelo município do Ministério da Saúde. Em contrapartida, vai aplicar todas as 1.400 doses da CoronaVac.


Duas doses


Foccacia informa que as vacinas CoronaVac e AstraZeneca foram testadas sempre com duas doses, que não há pesquisa que garanta sua eficácia com apenas uma aplicação, como é o caso da vacina Janssen, da Johnson & Johnson. “Os 50% de eficácia da CoronaVac são baseados nas duas doses”.


Ele explica que a primeira dose é para “sensibilizar os órgãos formadores de anticorpos”, enquanto a segunda seria um “booster” (reforço, em português) para estimular ainda mais a produção. “Não há estudos demonstrando que uma dose só seja eficaz”.


Idosos


Algumas capitais do País, como Rio de Janeiro, Pernambuco, Fortaleza e Porto Alegre já começaram a vacinar os idosos, que fazem parte do grupo considerado prioritário, mas que, pelo baixo número de vacinas haviam sido preteridos para garantir a imunização dos trabalhadores da saúde, idosos em casas de repouso, acamados e indígenas.


Na Baixada Santista, as cidades aguardam por mais doses para começar a vacinar idosos com mais de 75 anos, depois o que tiverem entre 70 e 74, e assim por diante.


Apenas São Vicente garantiu que seguirá o cronograma inicial do Governo de São Paulo, no dia 8 de fevereiro – curiosamente, quando esteve em Santos, no dia 20 de janeiro, o governador João Doria (PSDB), informou que o calendário seria impactado pela falta de imunizantes.


O infectologista destaca que os testes da CoronaVac foram realizados com pessoas até 59 anos e não se sabe ainda os efeitos imunizantes da vacina nos idosos. “O estudo está sendo feito agora, em um segundo protocolo específico para idosos”.


Ele ressalta que, de toda forma, “essas vacinas normalmente funcionam muito mal nos idosos”. “Eles perdem muito a capacidade imunológica. Então, mesmo a vacina da gripe, ela tem uma perda de 30%, 40% e 50% (de eficácia). (Se a CoronaVac), em jovens tem eficácia de 50%, em idoso deve ser bem menos”.


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